Política | 27 de maio de 2014

Lei dos 60 dias para tratamento de câncer ainda apresenta falhas

Há um ano em vigor, medida tem problemas na estrutura do sistema
Lei dos 60 dias para tratamento de câncer ainda apresenta falhas

Implementada em maio de 2013, a Lei 12.732/12 assegura a pacientes com diagnóstico de câncer o início do tratamento em até 60 dias. Embora tenha um ano (leia mais), a medida não tem sido cumprida.

De acordo com associações e especialistas o prazo, que vale para cirurgias e sessões de quimioterapia e radioterapia conforme prescrição médica, apresenta falhas. “Os municípios, que têm o compromisso de colocar a lei em prática e oferecer os tratamentos em 60 dias, não têm apoio, verba ou uma maneira de agilizar isso”, alertou a presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, ao Capital News.

Embora a lei seja um passo adiante na luta de pacientes com câncer que buscam tratamento na rede pública, pouco ajudou na evolução do tratamento. Isso porque a demora entre se obter o diagnóstico positivo em uma biópsia e o agendamento de consulta com um especialista ainda é grande.

O rol de procedimentos do SUS ainda não incorporou novos exames e medicamentos mais sofisticados. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia, Bruno Carvalho Oliveira, “o sistema está com oito anos de defasagem”. Dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil possui 280 centros especializados em oncologia, 135 deles na região Sudeste, 64 na Sul, 51 na Nordeste, 20 na Centro-Oeste e dez na Norte.

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, Maira salientou que as portarias criadas pelo governo federal dificultam a execução da lei. Uma dela é a Portaria nº 876/13, que determina o início da contagem do prazo a partir da inscrição do diagnóstico no prontuário médico, e não após a assinatura do laudo patológico.

Outro problema é o Sistema de Informações do Câncer (Siscan), lançado pelo Ministério da Saúde em outubro de 2013. O Siscan deve receber os prontuários computadorizados enviados pelas secretarias de saúde e, só então, o prazo de 60 dias começa a valer. Atualmente, 1.546 municípios usam o Siscan.

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