Estatísticas e Análises | 10 de outubro de 2016

Tratamento com quimioterapia para o câncer de mama não é sempre o mais indicado

Estudo aponta importância do teste genético na tomada de decisão
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Algumas mulheres com determinados tipos de câncer de mama podem evitar a quimioterapia após a cirurgia, de acordo com resultados de um recente estudo no The New England Journal of Medicine. A pesquisa, que é parte de um grande grupo de registros e evidências, mostra que um teste genético pode determinar o risco de não incluir quimioterapia no tratamento.

“A quimioterapia é muito eficaz no tratamento do câncer de mama. Mas não é livre de efeitos colaterais. E, em alguns casos, não é necessário”, dizem os pesquisadores. O teste, que classifica os pacientes de acordo com o risco, tem sido usado há anos, mas recentemente foi validado em um estudo com mais de 10 mil mulheres (acesse o estudo original, em inglês).

A investigação afirmou que um teste genético comum pode dizer com precisão as mulheres com certos tipos de câncer de mama que podem ser tratadas com terapia endócrina, que é mais amena do que a quimioterapia.

“Mais de uma década atrás, o National Institutes of Health, dos EUA, aconselhava a maioria das mulheres com câncer de mama a se submeterem a quimioterapia após tratamento cirúrgico. Agora os médicos estão repensando essa recomendação, particularmente para mulheres com doença de baixo risco, e dizem que elas provavelmente vão se recuperar bem após a cirurgia com terapia endócrina”, explica artigo do portal Health Essencials, desenvolvido pelo Cleveland Clinic, conceituado sistema de saúde norte-americano.

Como a quimioterapia cobra seu preço

Os médicos usam a quimioterapia para destruir as células cancerígenas. A droga citotóxica utilizada na quimioterapia fica no caminho das células em divisão e crescimento. Isso não significa necessariamente destruir as células; pode apenas interromper seu crescimento.

Se possível, os médicos projetam o tratamento para poupar as células normais. Mas a quimioterapia, muitas vezes, cobra um preço dos pacientes. Ela pode causar danos ao coração e nos nervos, osteoporose e infertilidade.

A quimioterapia também faz com que as células tumorais tornem-se mais sensíveis aos efeitos da radioterapia. Isso permite que os médicos utilizem doses menores de radiação para controlar o câncer.

O que é a terapia endócrina adjuvante?

Se uma mulher tem câncer de mama, seu oncologista pode falar sobre terapia endócrina adjuvante.

Na quimioterapia, “adjuvante” significa dizer que será usado drogas para o câncer junto, ou após, um outro tratamento. Por exemplo, podem ser utilizadas a terapia depois da cirurgia para remover um tumor. Os médicos podem realizar a cirurgia e, em seguida, usar a quimioterapia para eliminar as células cancerígenas não detectadas. Essa é a quimioterapia adjuvante.

A terapia endócrina adjuvante é muito comum no tratamento de câncer de mama, e o que torna essa técnica especialmente atraente é que tem menos efeitos colaterais e sequelas do que a quimioterapia. Os médicos usam a terapia endócrina adjuvante para pacientes que têm um baixo risco de recorrência do câncer.

Tratamento com menos efeitos colaterais

O médico irá trabalhar com exames de laboratório para decidir como evitar que o câncer tenha reincidência. Vão ser observadas certas proteínas nas células dos pacientes – os receptores de estrogênio e progesterona – que indicam se a terapia endócrina adjuvante seria uma boa alternativa.

A terapia também tem efeitos secundários, mas que são menos prejudiciais do que as da quimioterapia. O teste que pode dar a resposta definitiva é o Oncotype DX, que analisa 21 genes dos pacientes e, com base no que encontra, ajuda o oncologista a decidir qual tratamento é melhor.

Mas atenção, o teste não é para todos:

É para pacientes com câncer  da mama HER2-negativo com receptor hormonal positivo que têm um baixo risco de recorrência.

O Oncotype DX (no Brasil desde 2005) é tanto um teste prognóstico, que fornece informações sobre a possibilidade de o câncer voltar, quanto um teste preditivo, que ajuda na decisão pelo melhor tratamento.

O resultado é apresentado em um sistema de pontuação que mostra se o risco de recorrência do câncer é baixo, intermediário ou elevado, dentro de um período de dez anos após diagnosticada a doença. Se essa pontuação mostrar um risco elevado, a quimioterapia é a melhor opção de tratamento. Se o risco for considerado baixo, o tratamento mais indicado é o feito com terapia hormonal, sem necessidade de quimioterapia.

O teste é realizado com uma pequena quantidade de tecido extraído durante a cirurgia ou biópsia da mama. Não é preciso se submeter a nenhum outro procedimento para realizar o exame.

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