Estatísticas e Análises | 25 de maio de 2018

Toxoplasmose: 352 casos confirmados em Santa Maria

Rio Grande do Sul enfrenta o maior surto da doença na história, ainda com origem desconhecida
Toxoplasmose 352 casos confirmados em Santa Maria

Até sexta-feira (18), já foram confirmados 352 casos de toxoplasmose em Santa Maria. A informação é da Prefeitura e da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), no Boletim de Investigação de Surto de Toxoplasmose em Santa Maria. Ainda de acordo com o documento, o Município contabiliza 1.011 casos notificados, sendo 665 suspeitos e 198 casos em investigação. É o maior surto da doença no RS, e a origem ainda é desconhecida.

Entre os casos confirmados estão 27 gestantes, com dois óbitos fetais (de 36 e 28 semanas) e um aborto (15 semanas). Dos casos em investigação, 120 são gestantes, oito de toxoplasmose congênita e um aborto. O relatório apresenta ainda 115 casos que já foram descartados para a doença (entre estes, há o registro de um aborto em gestação de 21 semanas, sem ligação com a doença).

O boletim atualizado traz ainda dados referentes ao número de óbitos fetais. Até o momento, foram registrados dois casos, em mulheres com 36 e 28 semanas de gestação. Há ainda um caso de aborto confirmado em um feto com 15 semanas e um aborto também de 15 semanas em uma gestante que estava sob investigação da doença. O relatório apresenta ainda 115 casos que já foram descartados para a doença. Entre estes, há o registro de um aborto em gestação de 21 semanas, sem ligação com a doença.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento administrativo para acompanhar o trabalho que está sendo feito pelos órgãos de saúde na cidade. A ideia é centralizar as informações e buscar em conjunto novas alternativas para identificar a origem da doença.

Ambulatório específico de atendimento

Um ambulatório específico para atendimento de casos oftalmológicos em decorrência da Toxomplasmose começou a funcionar na sexta-feira (18), na Casa de Saúde. De acordo com o coordenador da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), Roberto Schorn, os pacientes atendidos são encaminhados pela Secretaria de Saúde do Município. O local recebe pacientes nas segundas e quintas-feiras, das 7h30min às 12h30min. Nas sextas-feiras também há atendimento, no entanto, a Casa de Saúde ainda está definindo o turno em que os pacientes serão recebidos.

“Este ambulatório é específico para atender pacientes que forem encaminhados para tratar com especialistas de Oftalmologia, não é, portanto, um local de pronto atendimento para quem apresentar sintomas da doença. Estamos disponibilizando, em média, 50 fichas por dia, podendo esse número variar, de acordo com a demanda”, afirmou Schorn.

Também continuam os atendimentos no ambulatório da Casa 13 de Maio, localizada na Rua Riachuelo, nº 364. Até a sexta-feira (18), foram registrados 102 atendimentos de pacientes com Síndrome Febril no local.

A toxoplasmose

Popularmente conhecida como “doença de gato”, a toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, facilmente encontrado na natureza, que pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a doença pode ocorrer pela ingestão de oocistos – onde o parasita se desenvolve – provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminadas com fezes de gatos infectados; ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; ou por intermédio de infecção transplancentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez.

O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas, ocorre de 10 a 23 dias, quando a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias, após ingestão de oocistos de fezes de gatos. Não se transmite diretamente de uma pessoa a outra, com exceção das infecções intrauterinas.

Sintomas

  • * Febre
  • * Cansaço
  • * Mal estar
  • * Gânglios inflamados

Prevenção

  • * Não ingerir carnes cruas ou malcozidas
  • * Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente
  • * Evitar contato com fezes de gato. As gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes
  • * Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso

 Tratamento

A necessidade e o tempo de tratamento serão determinados pelas manifestações, locais de acometimento e principalmente estado imunológico da pessoa que está doente. São três as situações:

  • * Imunocompetentes com infecção aguda: somente comprometimento gânglionar, em geral não requer tratamento; infecções adquiridas por transfusão com sangue contaminado ou acidentes com materiais contaminados, em geral são quadros severos e devem ser tratados; infecção da retina (corioretinite), devem ser tratados
  • * Infecções agudas em gestantes: devem ser tratadas pois há comprovação de que assim diminui a chance de contaminação fetal; com comprovação de contaminação fetal: necessita tratamento e o regime de tratamento pode ser danoso ao feto, por isso especial vigilância deve ser mantida neste sentido
  • * Infecções em imunocomprometidos: estas pessoas sempre devem ser tratadas e alguns grupos, como os contaminados pelo vírus HIV-1, devem permanecer tomando uma dose um pouco menor da medicação que usaram para tratar a doença por tempo indeterminado. Discute-se, neste último caso a possibilidade de interromper esta manutenção do tratamento naqueles que conseguem recuperação imunológica com os chamados coquetéis contra a AIDS

 

Com informações da Secretaria Estadual da Saúde do RS e Sociedade Brasileira de Infectologia. Edição do Setor Saúde.

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