Gestão e Qualidade | 13 de agosto de 2013

Os estabelecimentos de saúde estão preparados para enfrentar catástrofes?

Dov Smaletz do Hospital Albert Einstein levantou a questão em evento desenvolvido pela FEHOSUL
seminario prevenção de incendio 1

Nesta segunda, dia 12, mais de uma centena de profissionais ligados aos diferentes tipos de estabelecimentos de saúde estiveram presentes ao I Seminário Prevenção de Incêndio em Hospitais, Clínicas e Laboratórios, promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL). Dov Smaletz, Gestor de Segurança Patrimonial do hospital Albert Einstein, de São Paulo, apresentou exemplos  de como a instituição trabalha a questão da segurança e prevenção de incêndios e catástrofes, sendo apresentado o vídeo que mostra o primeiro simulado contra catástrofe realizado em um hospital em pleno funcionamento, ocorrido na unidade Morumbi, em 2012.

Na segunda parte do encontro, foi apresentado o painel “Anteprojeto de norma específica para incêndio em hospitais – (ABNT / CB 24 – 301.03)” que está sendo elaborado por diversas entidades, entre elas a FEHOSUL.

Hospitais e Simulados de Catástrofe – lições aprendidas

Uma das principais dificuldades para os grandes estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), é sem dúvida, conseguir engajar gestores, segundo Smaletz. Muitas vezes, conseguir a dispensa do funcionário para participar de dois dias de atividades de treinamento é bastante complicado. No caso do Albert Einstein, a solução foi realizar algumas atividades presenciais e outras à distância, em ambiente virtual. Todos os novos funcionários recebem treinamento. “Além de trabalharmos com banco de horas para estas atividades, diminuímos  de dois dias para um dia o treinamento presencial, e trabalhamos fortemente a questão do engajamento dos gestores e chefes de equipes”, exemplificou Smaletz.

O palestrante destacou que “catástrofe para o Albert Einstein é todo evento que ocasiona colapso, sinistro, e que afeta a capacidade de atendimento”. O vídeo apresentado por Smaletz mostrou algumas situações ocorridas no dia do simulado. “Estes eventos servem para identificarmos não quem fez errado, mas sim o que podemos fazer para melhorar”.  Em parceria com o Corpo de Bombeiros, cerca de 100 profissionais participaram do inédito Plano de Catástrofe, que fechou por algumas horas o décimo andar do Hospital, num abandono vertical elevado (entre andares).

Smaletz ressaltou que a identificação e definição das áreas críticas, como uma maternidade, por exemplo, é fator determinante e que deve estar contido em um plano de Análise de Riscos, importante instrumento para mitigar erros e promover a prevenção. Os Planos de Catástrofes, com vários setores envolvidos e os Simulados Setoriais – em apenas um setor – dependem destes elementos. Algumas das importantes observações do palestrante:

– Definir áreas críticas do Hospital, áreas de escape, conhecer os riscos;

– Conhecer Planos de Emergência e de Abandono, e desenvolver de acordo com a sua instituição;

– Estar pronto para uma resposta imediata, ou seja, realizar simulados (o Einstein estipulou como meta desenvolver de 50 a 60 simulados por ano);

– Para onde levar os pacientes removidos em uma crise? Fazer parcerias com outros hospitais é essencial;

– Ter contato e motivar a participação do Corpo de Bombeiros em simulados, fazendo com que conheçam a estrutura da instituição;

– O comitê executivo e o setor de relações públicas: quem vai falar com a imprensa, e com os familiares, como falar? Estas questões devem estar definidas e prontas para serem postas em prática, anteriormente testadas em simulados;

– A diretoria tem que estar presente na hora da catástrofe, tem que ser treinada e capacitada;

– Após qualquer simulado, sempre realizar um briefing, para conversar e verificar erros e melhorias.

Para Smaletz, os hospitais podem ser considerados ambientes seguros, desde que promovam esforços neste sentido. Ao final da palestra, o Gestor destacou que a segurança de um hospital, de um supermercado, de qualquer estabelecimento passa também por um esforço cultural e de aprendizado para conscientizar a população sobre situações de risco, como falta de saídas de emergência, de hidrantes, de sinalização, principalmente em locais com aglomeração de pessoas. “As escolas deveriam realizar simulados, motivar os alunos a reclamarem quando encontram situações de risco, somente assim teremos uma cultura de preocupação de todos com a segurança em qualquer ambiente”.

Anteprojeto de norma específica para incêndio em hospitais – (ABNT/CB24 – 301.03)

Na segunda parte do Seminário foi apresentado pelos engenheiros Cláudio Hanssen, João Aloísio F. Silva (BDS Engenharia, Santa Maria) e Sérgio Maciel (HCPA) o trabalho que está sendo desenvolvido pela Comissão de Estudo Contra Incêndio em Hospitais, vinculada à CB 24, da ABNT. O anteprojeto desenvolve estudos e pesquisas, com o intuito de criar normas para prevenção e combate à incêndio em EAS.

Os profissionais falaram de aspectos da estrutura como equipamentos exigidos, números de saídas de emergência e acesso a veículos de bombeiros, dentre outros elementos, que servirão para determinar os requisitos para a construção dos hospitais do futuro, e a adequação dos atuais.

Participantes destacam pontos positivos

Para Jair Ferraz de Souza, da Fundação Hospital Centenário, “ foi um evento interessante, principalmente na parte em que foi abordada a coordenação de simulados, a forma como eles fazem no Albert Einstein. Também destacaria a nova norma de prevenção, que é algo muito importante. Ainda estamos engatinhando nessa questão, mas é uma questão das autoridades, da burocracia”.

Já Jairo Everson Soares de Carvalho, bombeiro civil do Hospital Moinhos de Vento, da capital, destacou a palestra de Smaletz: “Gosto muito dessa área de prevenção de incêndio e procuro ir a todos os eventos. O Dov deu uma palestra muito boa. Vi os simulados que são feitos no Albert Einstein e tudo somou bastante. Depois, o debate sobre a nova legislação trouxe informações diferentes, como o incêndio criminoso, o treinamento de evacuação e a gasoterapia”.

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