Mundo | 17 de janeiro de 2017

Nutella acusada de ser cancerígeno

Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos alerta para o risco no consumo de óleo de palma
Nutella acusada de ser cancerígeno

Um estudo realizado pela Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) faz um alerta para o óleo de palma – no Brasil, mais conhecido como azeite de dendê. Com isso, o principal componente do famoso creme de chocolate e avelã Nutella, poderia ser cancerígeno.

O Nutella é o produto mais conhecido – e apreciado no mundo inteiro – da empresa italiana Ferrero. Em maio, a EFSA colocou o chocolate em sua lista de alimentos potencialmente cancerígenos. Para defender o chocolate, que representa um quinto das vendas, o grupo italiano Ferrero respondeu as acusações com o lançamento de uma campanha de comunicação em que denuncia “difamação injusta em relação ao óleo de palma”.

O contaminante é conhecido como GE (glycidyl fatty acid esters). Segundo a EFSA, existem evidências para determinar que a substância é tóxica e cancerígena, apesar de não terem sido determinados limites seguros para o seu consumo. A agência não tem poder para criar regulações, mas a questão está sendo debatida pela Comissão Europeia, que deve emitir uma orientação até o fim deste ano.

O jornal francês Le Figaro revelou que “na Península, as vendas de Nutella caíram 3% em relação à temporada que terminou no final de agosto, antes de subir 4% durante os últimos quatro meses de 2016. A Ferrero havia explicado que essa queda ocorrera porque seus concorrentes estavam promovendo agressivamente os produtos mais seguros, sem óleo de palma. Globalmente, as vendas da pasta de chocolate não foram afetadas pelo relatório da AESA, e mostram um crescimento anual de 5-6%.

O anúncio, filmado na fábrica da empresa em Alba (Itália), garante que “o óleo de palma usado pela Ferrero é seguro porque é fresco e é tratado com temperatura controlada”. De acordo com a EFSA, elementos cancerígenos aparecem quando o óleo de palma é aquecido a 200 ºC, algo que a Ferrero nega fazer. 

Não há recomendações para os consumidores

O grupo também tenta relativizar o seu peso na cadeia do óleo de palma, o que representa US$ 44 bilhões. “Nós só compramos 0,3% da produção mundial”, defende-se. Segundo a Reuters, a Ferrero usa 185.000 toneladas de óleo de palma por ano na produção de Nutella. Substituir este ingrediente pode custar entre US$ 8 e US$ 22 milhões por ano.

A Ferrero se recusou a comentar sobre esses cálculos e certificou que o óleo de palma é insubstituível na receita de Nutella. O óleo de palma é usado para conferir textura e aumentar a validade do produto e eventuais substitutos, como o óleo de girassol, provocariam mudanças em sua características.

A EFSA não recomenda, neste momento, proibir o uso ou consumo de óleo de palma. A autoridade pede mais pesquisa sobre o assunto antes de adotar uma decisão final. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura também alertam para o risco potencial de câncer – mas não aconselha os consumidores a pararem de usar o óleo de palma.

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