Gestão e Qualidade | 24 de janeiro de 2017

Novas diretrizes para a prevenção de infecções cirúrgicas

As infecções em salas de cirurgia são comuns e as mais dispendiosas
Novas diretrizes para a prevenção de infecções cirúrgicas

O cirurgião Kristen A. Ban da Loyola University Health System (EUA) é o autor das novas diretrizes para a prevenção, detecção e gerenciamento de infecções cirúrgicas, que afetam cerca de 300 mil pacientes por ano – somente nos Estados Unidos. As orientações foram publicadas no dia 19 de janeiro no Journal of the American College of Surgeons e são uma atualização das diretrizes anteriormente publicadas.

As diretrizes detalham as últimas evidências das medidas que os pacientes, cirurgiões e hospitais podem adotar para prevenir infecções.

As Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) incluem infecções:

Na área da pele onde a incisão é feita,

Infecções abaixo da incisão nos músculos e tecidos envolvendo músculos, e

Infecções em outras partes do corpo envolvidas na cirurgia.

ISC são as mais comuns e dispendiosas de todas as infecções nosocomiais, representando 20% de todas as infecções hospitalares.  Em média, uma infecção no sítio cirúrgico aumenta o tempo de permanência hospitalar em 9,7 dias, de acordo com estudos citados nas diretrizes.

Estas são algumas das recomendações:

Fumar

Independentemente do tipo de cirurgia, fumantes e ex-fumantes estão em maior risco de ISC. Cirurgiões devem aconselhar os pacientes a abster completamente de fumar por um mínimo de quatro a seis semanas antes da cirurgia eletiva.

Açúcar sanguíneo

O controle de glicemia de curto prazo (açúcar no sangue) antes, durante e após a cirurgia é mais importante do que a manutenção de açúcar no sangue a longo prazo. Há evidências confiáveis que apoiam a expansão do controle do açúcar no sangue para todos os pacientes, independentemente de ser ou não diabético.

Antibióticos tópicos e locais

Estudos de alguns procedimentos têm mostrado resultados promissores quando antibióticos tópicos e locais (como pomadas) são ministrados para reduzir infecções, mas grandes ensaios clínicos randomizados de uma gama mais ampla de procedimentos seriam necessários antes de apoiar o uso mais generalizado ou recomendações formais.

Depilação

O cabelo no local cirúrgico deve ser removido apenas se for interferir com a cirurgia. Porém o ato de “raspar” provoca cortes microscópicos e abrasões, resultando em ruptura da barreira de defesa da pele contra micro-organismos. Clippers cirúrgicos (tricotomizadores) devem ser utilizados, de maneira geral, em vez de navalhas para remover pelos e cabelo.

Suturas antibióticas 

Historicamente, as diretrizes não recomendavam o uso de suturas de antibióticos para diminuir as ISC, mas atualmente já há provas consideráveis para apoiar seu uso.

Luvas cirúrgicas 

O uso de duas (2) luvas cirúrgicas ajuda a diminuir o risco de cortes, furos e desgaste – e a possível transposição de fragmentos para as mãos. A rotina de usar dupla luva é recomendada para proteger o cirurgião e demais profissionais.

Tomando banho

Nenhum estudo até hoje mostrou uma diferença significativa de incidência das ISC entre os pacientes que tomam banho 12 horas após a cirurgia e os pacientes que o fazem após mais de 48 horas. O banho precoce não aumenta o risco de ISC e pode ser encorajado a critério do cirurgião.

Estas são as principais áreas em que há novas evidências para apoiar diretrizes novas ou diferentes:

Controle de glicose no sangue é agora recomendado para todos os pacientes, independentemente do estado diabético.

A adesão deve ser alta para todos os componentes dos pacotes de redução ISC para que haja um benefício.

Com algumas exceções, os antibióticos profiláticos devem ser interrompidos no momento do fechamento da incisão.

Ainda há áreas de controvérsia, incluindo trajes cirúrgicos, em que não há dados suficientes para apoiar diretrizes.

“As diretrizes servem como ponto de partida para a prestação de cuidados baseados em evidências, mas elas só são úteis se forem implementadas com sucesso”, escreveu o Dr. Ban e colegas em seu artigo detalhando as diretrizes. “Os hospitais devem engajar indivíduos em todos os níveis, desde os prestadores de serviços da linha de frente até a liderança.”

Acesse Surgical Site Infection Guidelines, 2016 Update (em inglês).

11 Dicas para prevenir a infecção cirúrgica

 

VEJA TAMBÉM