Política | 25 de agosto de 2021

Ministério da Saúde prevê início da aplicação da terceira dose em 15 de setembro

A dose de reforço da vacina contra a Covid-19 é indicada para os idosos e imunossuprimidos que completaram o esquema vacinal
Ministério da Saúde prevê início da aplicação da terceira dose em 15 de setembro

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (25) a aplicação da terceira dose ou dose de reforço da vacina contra a Covid-19. O início da aplicação está previsto para 15 de setembro. A dose de reforço é indicada para os idosos que completaram o esquema vacinal há mais de seis meses. No caso dos imunossuprimidos, eles devem esperar 28 dias após a segunda dose. O ministério informou que a imunização deverá ser feita, preferencialmente, com uma dose da Pfizer, ou de maneira alternativa, com a vacina de vetor viral da Janssen ou da AstraZeneca.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que estudos apontam a eficácia da terceira dose entre seis a oito meses após a segunda dose. Ela estima que em torno de 35 milhões de pessoas poderiam ser atendidas. Rosana disse que uma decisão nesse sentido deve ser anunciada nesta semana. “Com o quantitativo contratado de vacinas, 600 milhões de doses, conseguiríamos vacinar os idosos e profissionais de saúde que se vacinaram no início do ano”, informou.

Segundo ela, o aumento de 4% na última semana na transmissão acendeu o alerta de que não é o momento de “baixar a guarda” nos cuidados. Já foram computados 1.370 casos da variante Delta, com aumento nas últimas três semanas, especialmente no Rio de Janeiro (505 casos), no Rio Grande do Sul (156 casos) e no Distrito Federal (125) casos.

Relatora, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) manifestou preocupação com a situação do Rio de Janeiro e cobrou posicionamento do governo sobre a terceira dose da vacina. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou ainda a indicação de especialistas que alertam para a “explosão da Delta” entre setembro e outubro.

Rosana Leite de Melo afirmou que, se for decidida a vacinação nos idosos, a maioria vai completar seis meses de vacinação agora em setembro e outubro. “Então, temos tempo para fazer essa nova vacinação”, apontou.

A representante do Ministério da Saúde também alertou para importância de outras medidas fundamentais, como manter o distanciamento social para interromper a cadeia de transmissão.

“Embora tenhamos a sensação de que a pandemia está arrefecendo, nós paramos em um patamar muito alto de casos. Não podemos baixar a guarda e precisamos incentivar medidas restritivas não farmacológicas. Só com isso vamos frear as cadeias de transmissão e esse ambiente favorável ao vírus e suas mutações”, ressaltou.

Apesar da redução de 10% nos óbitos até 23 de agosto, o País já soma 574.848 mortes e 20.583.994 de casos notificados. “Estamos em um momento um pouco mais confortável em relação a janeiro deste ano, porém em um patamar muito alto de casos, e qualquer aumento pode ter repercussões graves no sistema de saúde”, reconheceu Rosana.

Vacinas

Especialistas ouvidos na audiência comemoraram os resultados das vacinas aprovadas no Brasil. “Mesmo após a primeira dose, temos eficácia considerável”, declarou Rosana. O Ministério da Saúde, segundo ela, já avalia o impacto dos imunizantes na variante Delta: a Pfizer apresentou efetividade de 88%, e a Astrazeneca, de 67%. Para a Coronavac, ainda não há dados disponíveis.

Ela informou também que 80% das doses enviadas já foram aplicadas: 223.670.688, sendo 123.979.590 com primeira dose e 55.748.292 com a segunda dose.

Delta x vacinas

Nos EUA, a variante delta foi responsável pela diminuição dos indicadores de eficácia das vacinas, que caiu cerca de 25% entre trabalhadores da saúde, desde que a variante se tornou a cepa dominante naquele país. Um estudo publicado no dia 24 de agosto do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), descobriu que a eficácia das vacinas contra infecções por COVID-19 diminuiu de 91% – antes do surgimento da variante delta – para 66% após o aumento da variante delta. Há cidades, inclusive, em que há falta de leitos, diante do aumento de internações, principalmente de pessoas não vacinadas, assim como idosos e pacientes com comorbidades.

Internações

Assessor técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Fernando Campos afirmou que as secretarias estão atentas ao aumento do número de casos, mas que a ocupação de leitos está “relativamente controlada”.

“Não queremos que o aumento de casos se reflita nas internações. Ainda não sabemos a força que a variante Delta vai ter ou o impacto dela na nossa rede de atenção ou nas pessoas já vacinadas”, destacou.

Ele também reforçou que não é hora de relaxar com as medidas não farmacológicas. “Até porque, mesmo com o avanço da vacinação, a vacina não tem efeito grande sobre a transmissão”, ponderou.

O posicionamento do Conass, de acordo com Campos, é pela necessidade da terceira dose, mas falta definir quais grupos serão contemplados e a necessidade de intercambiar vacinas.

Variantes

O vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fundação Oswaldo Cruz, Felipe Gomes, apresentou dados que mostram que a Delta entrou no País em 14 estados simultaneamente. “Tínhamos 27 introduções independentes, de maneiras variadas, por pacientes diferentes”, informou.

Ele lembrou que a variante Gama, surgida em Manaus, ainda é a predominante no País, porém ela já tem cinco novas variáveis. “Não é mais a original. O processo evolutivo delas continua em ampla expansão. É algo que temos de acompanhar com bastante atenção”, afirmou.

Com informações da Agência Câmara de Notícias e CDC (EUA). Edição SS.

 



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