Estatísticas e Análises | 26 de julho de 2017

Médicos não estariam higienizando seus estetoscópios como deveriam

Estudo afirma que nível de higiene dos estetoscópios favorece infecções
Médicos não estariam higienizando seus estetoscópios como deveriam

Praticamente um símbolo médico, os estetoscópios são ferramentas que não podem ser esquecidas. Estes objetos ficam ao redor dos profissionais de saúde durante, praticamente, todo o tempo, porém raramente são limpos. Isso é mostrado no estudo realizado por uma equipe de pesquisadores americanos publicado na revista American Journal of Infection Control.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram a higienização das mãos e dos estetoscópios de 170 médicos por uma semana antes e depois das consultas. Enquanto os profissionais lavaram as mãos 58% das vezes antes e 63% depois das consultas, os pesquisadores não observaram eles limparem seus estetoscópios nenhuma vez. “Nós tínhamos antecipado um baixo nível de higiene dos estetoscópios, mas ficamos surpresos que nenhum dos participantes limpou a ferramenta”, explicam os autores do estudo, realizado em hospital da cidade de Connecticut (EUA).

Uma equipe suíça já havia realizado um estudo, publicado em 2014, sobre ferramentas médicas. Os investigadores analisaram algumas bactérias, incluindo a Staphylococcus aureus, que estava presente em várias áreas das mãos e estetoscópios, após as consultas dos pacientes. Os resultados mostraram que o nível de contaminação encontrado na ferramenta foi maior do que nas mãos dos profissionais. “Com estes resultados, nós mostramos que o estetoscópio é como se fosse a continuação da mão do médico”, diz Didier Pittet, chefe médico de prevenção de serviços e controle de infecção do Hospital da Universidade de Genebra.

Patrice Bouree, professor do Instituto Alfred Fournier, localizado em Paris, contrapõe dizendo que as condições de limpeza do dispositivo médico dependem do serviço realizado. “Eu tive a oportunidade de trabalhar na área de doenças infecciosas, onde as regras de higiene eram muito rígidas. Havia jalecos e estetoscópios reservados para cada quarto com uma bandeja para lavar as mãos ao entrar e sair”, conta.

Bouree enfatiza que as mãos ainda são o principal fator de infecção porque são superfícies quentes e, às vezes, molhadas – e algumas vezes, possuem ferimentos pequenos. No entanto, as contaminações relacionadas aos estetoscópios são pouco conhecidas. Porém, segundo o professor, este não é um motivo para negligenciá-las.

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