A Agência Nacional de Segurança de Medicamentos da França (ANSM) deverá liberar, após oito meses de espera, o medicamento Baclofen para combater o alcoolismo. Em junho do ano passado, o diretor da agência, Dominique Maraninchi, já havia declarado que o relaxante muscular (prescrito para o tratamento da esclerose múltipla) e que também pode diminuir o desejo de consumir bebidas alcoólicas, seria oficialmente licenciado para este fim.

Em 2008, o Baclofen (que no Brasil é produzido pelo laboratório Teuto) era apontado como uma droga milagrosa, que prometia acabar com o desejo de beber. O cardiologista Oliver Ameisen, falecido em junho, publicou o livro intitulado O Fim do meu Vício, onde contou como fez um tratamento, por conta própria, utilizando a medicação. Sentindo indiferença em relação ao álcool, o médico conseguiu superar o vício.

Já em 2012, a Sociedade Francesa de Alcoolismo estimou que 71% dos membros receberam a prescrição de Baclofen para lutar contra a doença. Porém, alguns pacientes, ao não serem curados, pediam reembolso dos seguros de saúde.

Os efeitos colaterais não devem ser desprezados.Os mais comuns são distúrbios neurológicos (33%), distúrbios psiquiátricos (21%) e distúrbios gastrintestinais (10%), segundo o Comitê de Farmacovigilância Francês. Dados de 2012 mostram 263 casos notificados, dos quais 93 graves (163 a mais do que em 2011). Este aumento deve-se principalmente à venda de Baclofen, e também pelos problemas de dosagem, já que a dose eficaz é diferente para cada paciente.

Dois ensaios clínicos estão em andamento na França para avaliar a eficácia e a segurança do Baclofen. A busca é pela dosagem ideal, além de entender melhor os riscos de seus efeitos colaterais. Esses estudos – que devem ser concluídos no final de 2014 – também fornecerão pistas, a longo prazo e de forma permanente, para os cerca de quatro milhões de franceses que sofrem com o abuso de bebidas alcoólicas.