Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 8 de dezembro de 2023

Hospital Moinhos reúne o ecossistema da saúde para discutir e apresentar boas práticas de transformação digital 

Em evento lotado, Hospital reafirma a transformação digital como um dos marcos centrais do seu ciclo estratégico.
Hospital Moinhos reúne o ecossistema da saúde para discutir e apresentar boas práticas de transformação digital 

Com auditório lotado, o Hospital Moinhos de Vento promoveu nesta quinta-feira (7), o “I Simpósio de Transformação Digital na Saúde”. Durante o evento, a instituição hospitalar apresentou cases e promoveu discussões sobre transformação digital e reafirmou a mesma como um dos elementos centrais do seu mapa estratégico institucional (2022-2026). O portal Setor Saúde esteve presente e conversou com o gerente de Saúde Digital do Hospital, Felipe Cezar Cabral e com o superintendente Administrativo, Evandro Luís Moraes.

Conforme Cabral, o evento foi pensado para trazer aos colaboradores e ao setor da saúde discussões sobre ‘onde nos encontramos’ e para ‘onde queremos ir’ em relação à transformação digital do ambiente hospitalar e do ecossistema de saúde. “A programação foi dividida em palestras com assuntos mais gerais na parte inicial, como a transformação digital e a sustentabilidade do sistema. É importante que falarmos sobre o modelo do sistema que sabidamente hoje é insustentável e como podemos fomentar ele para que evolua para um cenário de sustentabilidade. Após, abordamos temas específicos como cibersegurança, também sob a ótica da computação quântica e de como podemos garantir que as novas soluções tenham maior segurança. Na sequência da programação falamos sobre dados em saúde. Para colocarmos em prática a transformação digital precisamos saber se estes dados estão estruturados, se temos uma boa governança e como organizamos estes dados para aplicarmos a inteligência artificial. Em seguida, falamos sobre a jornada do paciente e como gerar uma melhor experiência, mantendo ele no centro do cuidado. Será que conseguimos melhorar a jornada quando ele ainda é indivíduo e não paciente, mais especificamente, na atenção primária? Esta foi uma das perguntas que buscamos responder neste evento.”

felipe cabral hospital moinhos

O gerente de Saúde Digital lembra que mesmo que os hospitais tenham como norte o atendimento ao paciente, cada vez mais é preciso olhar para o indivíduo, trabalhando com ações de prevenção, qualidade de vida e bem-estar em parceria com as operadoras e o ecossistema. “Eu como hospital também preciso auxiliar a operadora a ser sustentável para que eu também me torne mais sustentável economicamente. É preciso trabalharmos juntos para empoderar a saúde dos indivíduos”, defende.

A programação ainda abordou o papel da telemedicina e da saúde digital. “Discutimos o papel da tecnologia para melhorar o cuidado à distância com uso da saúde digital, como devices e wearables, por exemplo. Apresentamos o que existe disponível hoje em termos de soluções e estrutura quem podem ajudar no autocuidado mas também no diagnóstico e no tratamento ao paciente. ”


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Atrion

Há dois anos o Hospital Moinhos de Vento lançou o Centro de Inovação Atrion com o objetivo de conectar ainda mais o Hospital ao cenário da inovação. O Centro desenvolve e valida ideias e soluções inovadoras, que atendam a demanda do consumidor do futuro na cadeia de saúde, a partir de necessidades internas e da sociedade, mapeadas pelo Hospital. “Lançamos o Atrion com a ideia de atuarmos em alguns pontos do ecossistema de inovação. Um deles é o Open Innovation, ou seja, nos colocar à disposição para conversar com startups e entender como elas podem nos ajudar a solucionar problemas e a acelerar a transformação digital. ”

Outra vertente de atuação do Atrion são os processos de seleção de startups mais bem estruturadas. São aquelas empresas que já passaram da fase de ideação e que possuem produtos que podem integrar o leque de soluções do Hospital Moinhos, se tornando parceiras para investir em inovações em demandas latentes da instituição e dos pacientes. O Centro de Inovação Atrion também promove a conexão com o ecossistema, trazendo players da indústria para integrar o hub de inovação e para desenvolver discussões como o Simpósio de Transformação Digital na Saúde.

“Além destes braços de atuação do Atrion, estamos iniciando em nosso ciclo estratégico ações com o intuito de trazer este ambiente de inovação para os nossos colaboradores, buscando trazer ideias deles para quem sabe, gerar um novo negócio em parceria. Acredito que é muito importante incentivarmos cada vez mais o fomento de ideias geradas aqui dentro”, completou.

A transformação digital e o ciclo estratégico do Moinhos

“Nós definimos que a transformação digital estará no centro do nosso mapa estratégico, passando a ser um dos marcos da nossa sustentação, tanto dentro do processo hospitalar como fora”, adicionou Cabral.

Segundo o gerente de Saúde Digital, algumas ações importantes são o novo aplicativo (Mais Moinhos) e novos totens de atendimento para check in. Iniciativas serão ampliadas neste ciclo, entre elas levar a medicina para dentro da casa do paciente e das empresas. Em relação ao setor empresarial, a gestão do cuidado digital com foco na diminuição da sinistralidade dos planos de saúde e o incentivo à prevenção e manutenção da saúde e qualidade de vida dos colaboradores terão cada vez mais atenção.

Evendro Moraes

Conforme o superintendente Administrativo, Evandro Moraes, a ideia do evento e da definição em relação ao mapa estratégico é fruto de uma inquietude do Hospital Moinhos de Vento e das práticas de transformação digital que a instituição vem adotando. 

“Em relação ao evento, queríamos compartilhar com o mercado e parceiros o que estamos fazendo. Enxergamos que o processo de tecnologia é algo sem volta no segmento hospitalar e da saúde. ‘Brigamos’ por muito tempo para termos a área de tecnologia no centro do mapa estratégico do Hospital Moinhos de Vento. E no ano passado quando nós revisitamos nosso ciclo estratégico que está em vigor desde 2022, a gente conseguiu colocar a transformação digital como um dos pilares core do negócio. O Vitor [Ferreira – gerente de TI do Hospital Moinhos de Vento] até comentou na participação dele que para nós a tecnologia não é meio, é fim. Assim como a área médica assistencial, a de ensino e a de pesquisa”, destacou Moraes.

Vitor Ferreira Hospital Moinhos

Ao falar sobre sustentabilidade econômico-financeira do ecossistema de saúde e o papel da transformação digital, Moraes destacou que vivemos hoje um momento de colapso. “O ecossistema de saúde suplementar vive um momento de colapso. A lógica fee for service tem impactado as operadoras e de sobremaneira os resultados dos hospitais. A indústria se sente impactada também, visto que tem o repasse de custos e preços. O modelo como está estruturado está “quebrado” e falido. Precisamos buscar alguma maneira para mudar o rumo disto. Eu penso que a transformação digital tem papel fundamental, seja na otimização de processos como na experiência do paciente. Tivemos nas apresentações de André Cripa e do Ricardo Cappra, uma análise do que pode ser impactado positivamente no dia a dia do paciente, saindo de uma lógica hospitalocêntrica para a lógica de prevenção da saúde. Cada vez mais teremos uma população mais idosa que precisará de assistência hospitalar, onerando as operadoras de saúde de forma crescente. Teremos que pensar em uma lógica ao contrário e trabalhar na prevenção. O papel da transformação digital e incorporação de novas tecnologias dentro de uma lógica de sustentabilidade econômica e de sobrevivência das instituições é fundamental”.

Ricardo Cappra e André Cripa

A transformação precisa vir de dentro do setor da saúde

A transformação de mercado feita por um player de fora foi um dos alertas apresentados por Ricardo Cappra (fundador Cappra Institute for Data Science) na mesa denominada “Dados em Saúde: O Poder do Big Data e da Inteligência Artificial”.

Cappra provocou: “todos vocês acompanharam transformações de mercados que não partiram do mercado [originário]. A mídia saiu da mídia e foi para a TI, assim como tantos outros setores se moveram para dentro da TI ou a TI criou novos mercados a partir disto. Vocês acham que isto não vai acontecer com a saúde? Não é sobre TI, é sobre informação, é sobre perguntas. Estou fazendo esta provocação porque se a transformação digital não vier de dentro do setor de saúde para os seus pacientes, ela vai vir como um movimento de uma empresa de tecnologia de fora que dominará o mercado. Não estou querendo ser alarmista, mas é o que estamos vendo em todos os outros mercados. ”

Ele cita exemplos como o mercado de transportes (Uber e outros) e no varejo com a Amazon dominando diferentes segmentos do varejo em todo o mundo. “É óbvio que na saúde não vai ser diferente. Uma empresa de TI vai tomar grande parte do mercado da saúde. Não estou falando do mercado de laboratórios ou medicamentos, onde isto já está acontecendo, muito mais rápido, inclusive. Falo especificamente do atendimento ao paciente, no momento em que o paciente passa a se sentir mais confortável com o atendimento quando ele dialoga com uma inteligência artificial”, completou.

Sobre este tema, Moraes também entende que a transformação digital precisa vir do ecossistema de saúde. “Os players do setor da saúde devem ser mais empáticos e colaborativos. Hospitais, operadoras, indústrias, o próprio paciente. É preciso uma maior conexão entre todos estes participantes para que realmente a solução venha de dentro. ”

A transformação digital no Hospital Moinhos: interoperabilidade, governança de dados, experiência do paciente, telemedicina e cibersegurança

Moraes citou exemplos da atuação do Moinhos com projetos de interoperabilidade, governança de dados, experiência do paciente, telemedicina e cibersegurança. 

 “Nós temos vários projetos que estão se tornando referência para o mercado. No mês passado nós participamos do Global Summit em São Paulo, onde apresentamos alguns cases praticados aqui. Nós fomos citados como referência em transformação digital, o que gerou solicitações de benchmarking de hospitais de São Paulo. Temos um projeto muito bacana de interoperabilidade de dados que está em andamento. O objetivo dele é conectar internamente os mais de 40 softwares que orbitam o nosso ERP, que atualmente não se conversam da forma que gostaríamos. Quando falamos em interoperabilidade com outras instituições, primeiro devemos nos conectar internamente para após se conectar e se comunicar com outros da Cidade, Estado ou até mesmo de fora do país”, explicou Moraes.

“Temos um projeto também de governança de dados para entender a maturidade da nossa alta gestão, do nosso grupo executivo quanto a governança de dados, ou seja, de quanto ele [executivo/a] conhece e domina isto.”

equipe de gestao hospital moinhos de vento-

“Estão sendo desenvolvidos ainda projetos de experiência do paciente envolvendo automação de atendimentos em recepções e unidades de atendimento. No próprio APP do nosso paciente [APP Mais Moinhos] implementamos cada vez mais novidades e funcionalidades embarcadas para que o nosso cliente faça tudo que ele precisa de uma forma rápida e simples. Tudo para que ele não precisa fazer uma ligação ou ficar na frente de um balcão, para que ele possa agendar tudo de casa, vir aqui, ver seu médico, fazer seu exame, tudo de uma maneira muito rápida, conectada e digital”, explicou Moraes. 

“Em termos de saúde digital evoluímos bastante também por conta também da pandemia. Podemos dizer que foram 20 anos de evolução em 2 anos, por uma necessidade que a humanidade teve. E na saída do período pandêmico identificamos a telemedicina como um grande business para o Hospital também. Hoje atuamos no Brasil inteiro, com clientes em praticamente todo o país. Eles são atendidos por médicos do Hospital Moinhos de Vento, com protocolos nossos.”

“Fechamos uma parceria com a maior bandeira de cartões de crédito do Brasil, a Mastercard. Estamos dentro do programa de benefícios da bandeira [programa Mastercard Surpreenda] como a única plataforma de telemedicina para os clientes dela, com um potencial de 5 milhões de usuários que a Mastercard tem no Brasil. Em nossas prospecções comerciais da telemedicina ressaltamos que nós fugimos da “uberização” da medicina. Não queremos um médico que na sua folga em casa ou do plantão entre no aplicativo e se habilite a ser um médico para atender os clientes do Moinhos. A gente quer um médico do nosso corpo clínico que atue aqui dentro do nosso Hospital, em uma sala específica e destinada para a telemedicina. Queremos gerar identidade e valor, como geramos aqui no atendimento físico. ”

Por fim, Moraes ressaltou a importância dos investimentos em cibersegurança para garantir a segurança de dados e a manutenção das operações assistenciais e de gestão dos hospitais. “Somos muito preocupados com a cibersegurança. Tivemos hoje uma palestra com dois parceiros que nós temos dentro da cibersegurança. Hoje temos três empresas externas que nos ajudam em camadas diferentes de proteção para nos blindar contra ataques que são diários. Há dados alarmantes de hackers tentando acessar a rede dos hospitais pelas mais variadas portas. Sem dúvidas esta é uma pauta muito importante. Buscamos cada vez mais elevar as nossas barreiras de proteção para que não tenhamos risco de paradas em nossas operações.”, finalizou. 

moinhos transformacao digital 2

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FOTOS: Leonardo Lenskij

 

 



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