Evandro Tinoco aponta como serão os hospitais no futuro
Evento da FEHOSUL, AHRGS e SINDIHOSPA descortinou tendências do futuro na saúdeO diretor médico do Hospital Pró-Cardíaco (RJ), Dr. Evandro Tinoco, comandou uma das palestras da 5ª edição do evento Seminários de Gestão, que abordou a Saúde do Futuro. Promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS), no Hotel Continental, em Porto Alegre, a palestra do médico carioca esteve centrada no tema Hospital do Futuro. O evento contou com 200 participantes e patrocínio da MV, Seguros Unimed, Bionexo e Banrisul. A Fasaúde é a Instituição de Ensino Superior oficial do evento.
Na sua apresentação, Tinoco analisou o passado e o presente dos hospitais, para relacionar e analisar estes diferentes momentos ao futuro que se aproxima. De acordo com o diretor médico, o passado é importante e deve servir como referência, porém as instituições devem estar atentas às mudanças que já ocorreram, ter atenção ao que deu errado.
“ Lá no início, os hospitais eram vistos apenas como o local destinado às pessoas morrerem. O médico era um cowboy solitário. Com limitada tecnologia, atendia sozinho o paciente”, enfatizou. Entretanto, o diretor médico afirma que os hospitais ainda possuem um ambiente altamente regulado, com muitas normas. “Temos uma dificuldade muito grande de romper este espaço”, avaliou.
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Tinoco abordou mudanças que precisam ocorrer para se concretizar o novo cenário da saúde. Um exemplo citado na palestra foi o modelo atual de remuneração, baseado em métodos como o fee for service e centrado nos médicos, que passará por transformações. “O modelo fee for service, que nos trouxe até aqui, tem uma série de defeitos, como custo embutido e desperdícios. Cada vez mais, os médicos vão estar atrelados ao seu desempenho, aos resultados, aquilo de valor que ele gera ao paciente, como uma boa experiência”, explicou. E citou os “bundle“, uma forma estruturada de melhorar os processos e os resultados dos cuidados para o paciente, com determinações baseadas em evidência da forma de tratamento a ser empregada em certos tipos de tratamento.
Os médicos devem ser vistos como líderes, buscando construir nos hospitais um ciclo virtuoso. De acordo com Tinoco, o papel dado aos médicos deve ser maior do que apenas focar em procedimentos e atendimentos do paciente, pois estes profissionais também devem liderar um time multidisciplinar. “O médico é um líder da equipe de saúde, tem o papel central de oferecer o cuidado integrado ao paciente”, frisou.
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Tinoco apresentou eixos necessários para uma liderança médica: conhecimento técnico e do sistema de saúde, capacidade de resolução de problemas, habilidade em comunicação, compromisso com aprendizado, inteligência emocional, competência de gestão, foco em qualidade assistencial e conhecimento em Tecnologia da Informação.
O diretor médico explicou que o “Hospital do Futuro” será focado no paciente, que vai ser o grande responsável por aquilo que quer, precisa e no tempo adequado. O paciente poderá, “cada vez mais, com a tecnologia, utilizar a própria casa como parte do cuidado”, por exemplo. Tinoco se referia aos atendimentos via internet, como consultas, monitoramento das condições do paciente e outras novidades que podem ajudar, inclusive, a diminuir períodos de internação, deslocamentos desnecessários e custos.
Tinoco enfatizou que o paciente estará no futuro ainda mais munido de informações. Isto fará com que os hospitais sejam muito diferentes do que são hoje. Isto porque, de acordo com o palestrante, o hospital ainda é hostil ao paciente. “Os profissionais estarão cada vez mais capacitados para humanizar o cuidado, tecnicamente oferecer um ambiente seguro e de alto profissionalismo. A cultura da segurança está em evolução, com os hospitais se tornando centros de alta confiabilidade”, avaliou.
Ao falar sobre a melhor estratégia para os CEO´s e equipes de saúde pensarem sobre o Fututo, Tinoco defendeu quatro elementos importantes:
1 Pensar e elencar os direcionadores de mudanças.
2 Usá-los para imaginar diferentes cenários do futuro
3 Avaliar 3 cenários plausíveis e diferentes.
4 Olhar esses cenários e pensar como se preparar para eles
Alguns dos “direcionadores de saúde” citados estão pagadores insatisfeitos, transparência de dados e resultados assistenciais, além de envelhecimento da população.
A desconstrução do atual ecossistema da saúde e implementação de novas realidades para o futuro dos hospitais poderão ser auxiliadas por empreendedores. Estes profissionais ajudam avaliar cenários plausíveis e diferentes, pensando na melhor maneira de executá-los. “Eles vão promover um choque de transformação naquilo que é hoje o ecossistema da saúde. A maneira ideal para pensar sobre o futuro é imaginar diferentes ´futuros´, ou seja, diferentes cenários.”
“Os hospitais de futuro serão aqueles que conseguem sistematicamente redesenhar a experiência dos cuidados, com inovações realmente centradas no paciente”, defendeu Tinoco.
Durante o debate, Tinoco debateu com o palestrante Fábio Gandour, Flávio Borges (diretor executivo da FEHOSUL) e Alceu Alves da Silva (vice presidente da MV) e respondeu perguntas da plateia. O diretor médico enfatizou a necessidade de ter ousadia para promover transformações e apostar em mudanças. “O hospital precisa criar parcerias com outros ambientes [tecnologia, humanas, design] e enxergar que existe um mundo novo”, disse. Hoje, os hospitais representam um grupo muito especial, que já passou por várias transformações. ” A tecnologia trouxe novas oportunidades para integrar outros setores aos desafios da saúde”, assegurou.
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Sobre a educação de novas lideranças, acrescentou que os eventos devem ter foco em se aproximar geograficamente de polos de inovação, citando como exemplo cidades – como Porto Alegre e Campinas – que possuem centros de excelência com universidades e hospitais que apoiem a inovação.
” Sinergias estratégicas, educação com times multidisciplinares de excelência, modelos de risco no que tange ao pagamento/remuneração e governança são alguns dos pontos chaves para se prepara para o futuro”, pontuou.
” Formar lideranças médicas com olhar executivo é uma das demandas que este novo mercado hospitalar apresenta…aos médicos interessados na área, defendo que busquem além de um bom curso, uma boa mentoria [ou coaching] com um executivo. Isto é essencial.”
E finalizou com uma dica: ” busquem adotar 0% de arrogância em sua caminhada pessoal e profissional.”
Após o debate no final do Seminário de Gestão, o presidente do SINDIHOSPA, Henri Siegert Chazan, agradeceu aos palestrantes, o público presente e os patrocinadores que ajudaram a concretizar o evento. Chazan, encerrou o seminário ressaltando que a medicina e o setor de saúde estão em um momento de disrupção. “Esse seminário nos apresenta caminhos para renovação dos negócios, de práticas e abordagens. Serve também para reforçar a ideia de que hoje quem não se renova corre o risco de ser engolido pela história”, concluiu.
Segurança do Paciente em maio
No dia 4 de maio, ocorre a segunda edição deste ano do Seminários de Gestão, com o tema Segurança do Paciente. Em breve, as entidades de saúde do Sistema FEHOSUL, (SINDIHOSPA e 10 sindicatos do interior) e AHRGS divulgarão mais informações.
O presidente da FEHOSUL, Cláudio José Allgayer, garante a importância do próximo tópico. “ A cultura em hospitais, clínicas e demais empresas deve ter a segurança do paciente como elemento irrevogável. Somente com esforços neste sentido mudaremos comportamentos com práticas norteadoras para as decisões que tomamos em nosso trade como um todo”, informou.