Azeite de oliva e oleaginosas, a base da dieta mediterrânea, não causam ganho de peso
Estudo diz que não se deve ter medo de ganhar peso por consumir estes alimentosA dieta mediterrânea, com alto teor de gordura de azeite de oliva e oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas, etc), não faz com que as pessoas ganhem peso, afirma um recente estudo espanhol.
As gorduras saudáveis não engordam. Esta afirmação categórica é a conclusão derivada dos novos resultados que segue o estudo Predimed (prevenção com dieta mediterrânea ), um dos maiores trabalhos clínicos já feitos em matéria de nutrição em todo o mundo.
Este macroestudo desenvolvido por vários grupos de pesquisa do Centro de Investigación Biomédica en Red – Fisiopatología de la Obesidad y la Nutrición (CIBEROBN), descobriu que a dieta mediterrânea, acompanhada por azeite extra-virgem e/ou nozes reduz a incidência de problemas graves cardiovasculares, como AVCs ou infartos em até 30%.
“Seu efeito é muito poderoso, similar aos medicamentos e sem efeitos colaterais”, destacou Ramón Estruch, principal autor, em uma reportagem do periódico espanhol El Mundo.
No entanto, uma dúvida permanecia. “Até agora, o primeiro conselho em relação a sobrepeso e obesidade era para reduzir a ingestão de gordura. Por 40 anos, recomendamos regimes com pouca gordura”. Uma vez que a dieta mediterrânea inclui gorduras saudáveis, presentes no azeite e oleaginosas, era necessário ver o impacto que esse consumo tinha no peso dos indivíduos.
A investigação acompanhou um total de 7.447 participantes de diferentes regiões da Espanha, durante cerca de cinco anos. Dos participantes, 90% estavam acima do peso ou obesos, e foram divididos aleatoriamente em três grupos. A cada um deles, foi recomendada uma disciplina alimentar: dieta convencional, recomendada para a prevenção cardiovascular, baixa em todo tipo de gorduras; dieta mediterrânea suplementada com cinco colheres de sopa de azeite de oliva extra-virgem (50 ml/dia); e dieta mediterrânea com oleaginosas (30 gr/dia de avelãs, nozes e amêndoas).
Depois de cinco anos de acompanhamento, os participantes da dieta mediterrânea com azeite foram os que registraram a maior redução de peso (média de 0,88 kg), à frente daqueles que seguiram a dieta com pouca gordura (0,60 kg) e o grupo de oleaginosas (0,40 kg). “Este último grupo apresentou um menor aumento na circunferência da cintura em comparação àqueles que controlavam todas as gorduras”, salientou Estruch.
Resumidamente, o pesquisador afirma que “pode-se fazer a dieta mediterrânea com azeite de oliva e nozes sem medo de ganhar peso”. Segundo ele, “havia a ideia de que quanto maior o consumo de gorduras, mais conteúdo de energia, mais calorias e mais riscos de engordar. Mas este estudo demonstra que nem todas as gorduras são iguais”, diz o pesquisador.
Como ilustrou Emilio Ros, co-autor da pesquisa e coordenador da intervenção nutricional do trabalho, “Há uma série de evidências de estudos epidemiológicos e clínicos sobre o efeito do consumo de oleaginosas em geral, e de nozes em particular, que pode ajudar a perder peso se forem adicionados a dietas hipocalóricas (regime que baseia a sua aplicação na restrição calórica diária, ou na redução da ingestão de alimentos) em pacientes com sobrepeso e obesidade”.
Uma das razões que poderiam explicar os resultados seria o efeito de saciedade produzida por frutos secos, já que pequenas porções seriam equivalentes a uma maior quantidade de outros alimentos. Especialistas também apontam para uma “menor biodisponibilidade da energia (gordura) das oleaginosas, por ser a gordura contida nas membranas celulares de digestão parcial no intestino humano” diz Emilio Ros. “Uma terceira explicação pode ser o aumento da oxidação de gorduras insaturadas nesses alimentos, o que produz energia em vez de armazená-la”.
Em resumo, os resultados desta pesquisa mostram que não se deve ter medo de ganhar peso por consumir azeite de oliva e nozes, dentro de uma dieta mediterrânea, com quantidades e orientações adequadas. “Convém que o azeite seja consumido puro e que as oleaginosas sejam consumidos com a comida, através da interação com outros alimentos nos intestinos e pelas sinergias produzidas pela ação da fibra na digestão”, conclui Ramon Estruch.
Leia mais:
Dieta mediterrânea é aliada do cérebro
Dieta mediterrânea ajuda a prevenir o declínio cognitivo relacionado a idade
Pesquisa desmitifica o consumo de gordura
Alimentos que fazem parte de uma dieta saudável
15 dicas para reduzir o colesterol
5 alimentos que combatem o colesterol