Mundo | 28 de agosto de 2014

Infância humana é longa devido ao consumo de energia do cérebro

Nos primeiros anos de vida, 66% da energia disponível no corpo é consumida pelo cérebro
Infância humana é longa devido ao consumo de energia do cérebro

O alto consumo de energia que o cérebro exige nos primeiros anos de vida é a razão pela qual a infância dos humanos é tão prolongada em comparação com a de outros mamíferos. Esse motivo, que torna o nosso desenvolvimento físico mais lento foi apontado em um artigo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Cientistas de várias universidades, liderados por Christopher Kuzawa, professor do Departamento de Antropologia da Universidade Northwestern, Illinois, participaram do estudo, que tenta explicar por que as crianças crescem em um ritmo lento, semelhante aos répteis. “Nossas conclusões indicam que nossos corpos não podem se dar ao luxo de crescer mais rápido durante a infância devido à enorme quantidade de recursos que são necessários para sustentar o desenvolvimento do cérebro humano”, afirmou o coordenador do estudo.

Trata-se da primeira pesquisa que combina dados de tomografias por emissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês), que analisa a absorção de glicose, e imagens de ressonância magnética, que medem o volume cerebral. Os dados serviram para comprovar que as idades em que o cérebro consome a maior parte dos recursos correspondem ao tempo em que o corpo se desenvolve em ritmo menor.

O elevado custo energético do desenvolvimento do cérebro humano poderia explicar alguns aspectos típicos dos humanos, entre eles o crescimento lento nos anos que precedem a idade adulta. Os cientistas também mostraram que, apesar de ser amplamente aceito o fato das necessidades metabólicas do desenvolvimento do cérebro humano restringem a velocidade da evolução, esses requisitos não eram conhecidos.

Hipóteses anteriores consideravam que, em relação ao restante do corpo, o consumo de recursos por parte do cérebro era mais intenso logo após o nascimento, quando o tamanho do cérebro é maior em proporção.

O auge desse consumo acontece por volta dos quatro anos. Nessa fase, o cérebro usa o equivalente a 66% de energia que é utilizada pelo resto do corpo. A diminuição tem início aos cinco anos, quando o cérebro utiliza o máximo de glicose. Nesse período, o cérebro gera o seu máximo de conexões nervosas (sinapses dos neurônios), quando os humanos absorvem muitas informações que serão necessárias para a sobrevivência.

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