Em novembro de 2021, a Justmiine chegou ao Brasil. Com o objetivo de promover a desospitalização, a solução de gestão de cuidados integrados, que vai muito além da telemedicina convencional, opera desde 2016 no Estados Unidos e foi desenvolvida pelo médico Luciano Fochesatto, gaúcho, graduado pela UFRGS e radicado no país.

O médico cedo percebeu que o cuidado híbrido seria uma tendência de futuro, pois ao monitorar continuamente dados subjetivos e biométricos, intervindo rapidamente através de canais digitais e encaminhando o paciente, apenas quando necessário ao atendimento presencial, se pode melhorar muito o desfecho clínico, além de reduzir substancialmente os custos do sistema de saúde.

Atingindo ótimos resultados a Justmiine foi além: desenvolveu tecnologias capazes de criar protocolos clínicos, que se adaptam a todas as linhas de cuidados e inteligências artificiais que avaliam em tempo real a aderência ao plano terapêutico e a progressão do paciente. Desta forma a plataforma prioriza as intervenções para equipe assistencial, o que amplia muito a capacidade de atendimento.

Contudo o principal benefício se dá pela identificação precoce da deterioração, abrindo uma janela importante para o time clínico intervir e prevenir uma hospitalização.

Através da captação e graduação de sintoma e dados biométricos, tais como temperatura e pressão arterial, as inteligências identificam precocemente pacientes com deterioração aguda e risco de hospitalização, priorizam as necessidades de intervenção digital, auxiliando o time médico a selecionar os casos que necessitam de atendimento presencial.

Pacientes com insufiência cardíaca que estão ganhando peso muito rápido, o que pode ser um indicativo de retenção de fluído, coloca o paciente num risco muito alto de hospitalização por edema pulmonar, por exemplo. A plataforma então alerta a equipe assistencial, priorizando uma intervenção e indica ajuste do plano terapêutico, prevenindo desta forma uma hospitalização.

Outro exemplo, pode se dar no caso de pacientes diabéticos que estão apresentando uma piora do controle glicêmico, indicando que o protocolo de cuidado precisa ser ajustado ou, mais importantemente, que o paciente está com uma condição aguda que esta deteriorando o quadro do paciente, tal qual uma pneumonia ou infecção urinária.

Manejo de pacientes oncológicos

Em Porto Alegre, a solução foi acolhida, inicialmente, pela Santa Casa e está em fase de implantação nas UBS administradas pela instituição, para o manejo de pacientes oncológicos. O intuito é utilizar a digitalização e o uso da inteligência artificial para uma gestão mais eficiente da saúde populacional.

A eficiência se dá pela transição do cuidado, na qual o paciente é diagnosticado pela equipe da atenção primaria, nas UBS. Caso se confirme a necessidade de evolução do paciente para uma intervenção hospitalar, o time especializado da Santa Casa é chamado para um round digital através da Justmiine, o que resulta na aplicação de protocolos institucionais pré-determinados, fazendo com que o paciente seja navegado através da plataforma e tenha seus exames complementares agendados automaticamente pela tecnologia. A plataforma lembra o paciente das tarefas do plano terapêutico e alerta a equipe em caso de não aderência ou deterioração. Desta maneira, a hospitalização se torna uma trajetória curta e programada, com o retorno ágil do paciente para o cuidado do seu time local.

Nas UBS selecionadas para o piloto, os pacientes cadastrados na plataforma, responderão um screening digital, conforme as respostas, a tecnologia identifica o risco do desenvolvimento de neoplasia pulmonar, o que elegerá o paciente para uma tomografia de tórax. Desta maneira se espera diagnosticar precocemente pacientes, o que melhora muito o desfecho clínico e a capacidade de atendimento do sistema. Uma vez identificado um nódulo suspeito um time local coordena o cuidado com o time especializado da Santa Casa, implementando um protocolo diagnóstico para confirmação ou não de câncer pulmonar. Caso confirmado o paciente com neoplasia pulmonar passa a ser navegado pelas diferentes equipes e suas modalidades de tratamento, tais como cirúrgico, quimioterápico e radioterápico.

A tecnologia da Justmiine é comercializada com hospitais e operadoras, para que as instituições possam expandir seus serviços a mais pessoas, levando o consultório até o paciente ao mesmo tempo que se valem de um prontuário único para tomar decisões clinicas acerca dos protocolos a serem adotados. A Startup lançou, recentemente, a Justmiine Research, com recursos que permitem integrar a pesquisa clínica ao cuidado diário dos pacientes.

Para o CEO da Justmiine, Dr. Luciano Fochesatto, a solução além de trazer eficiência e reduzir custos, também humaniza os cuidados: “a nossa tecnologia humaniza a prestação de cuidados médicos na medida em que oferece uma coleta remota de dados subjetivos e biométricos constantemente, restando para o encontro presencial uma verdadeira conexão entre o profissional de saúde e o paciente”.