Estatísticas e Análises | 13 de abril de 2017

Por que tantas pessoas estão tomando vitamina D?

Suplementos ganham cada dia mais adeptos
Por que tantas pessoas estão tomando vitamina D

Não havia razão para os pacientes realizarem testes de vitamina D. Não tinham osteoporose e nenhum de seus ossos estava quebrando por falta de nutrientes. Porém, em uma amostra de 800 mil pacientes no estado de Maine, nos Estados Unidos, quase um em cada cinco havia realizado pelo menos um teste relacionado aos níveis sanguíneos da vitamina nos últimos três anos. Mais de um terço teve dois ou mais testes, muitas vezes para avaliar queixas mal definidas como mal-estar ou fadiga. Os dados foram recolhidos pelos pesquisadores Dr. Kathleen Fairfield e Kim Murray do hospital Maine Medical Center. As informações são do The New York Times.

Milhões de americanos estão utilizando suplementos acreditando que a vitamina D pode ser uma opção milagrosa contra a depressão, fadiga, fraqueza muscular, até mesmo doença cardíaca ou câncer. Mesmo nunca havendo evidência amplamente aceita de que a vitamina D seja útil na prevenção ou tratamento de qualquer uma dessas condições.

A crença é tão grande na vitamina D, que mesmo pessoas sem nenhum problema de saúde estão utilizando suplementos relacionados à vitamina. O número de exames de sangue para saber os níveis de vitamina D entre os beneficiários do Medicare (plano de saúde destinado aos idosos), nos Estados Unidos, aumentou 83 vezes de 2000 a 2010, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Entre os pacientes com plano de saúde, as taxas de teste aumentaram 2,5 vezes entre 2009 e 2014.

Alguns laboratórios que realizam esses testes estão relatando níveis perfeitamente normais de vitamina D – 20 a 30 nanogramas por mililitro de sangue, porém, colocam no resultado como “insuficientes”. Como consequência, milhões de pessoas saudáveis acham que têm uma deficiência e alguns estão tomando doses suplementares tão altas que podem ser perigosas. Ingerir vitamina D em um nível muito elevado pode causar falta de apetite, náuseas, vômitos, fraqueza e problemas renais.

Muitos clínicos estão agindo como se houvesse uma pandemia de deficiência de vitamina D, de acordo com a Dra. Joann E. Manson, pesquisadora de medicina preventiva do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que ajudou a escrever o relatório do Institute of Medicine sobre a vitamina D.

O comitê do instituto, no qual a Dra. Manson atuou, concluiu, em 2010, que pouquíssimas pessoas eram deficientes em vitamina D e observou que não havia benefício na ingestão de altos níveis da vitamina.

As organizações médicas também alertaram que não há razão para aumentar os níveis de vitamina D em adultos saudáveis e, recentemente, dois estudos tentaram, mas não conseguiram, provar que altas doses da vitamina protegem contra doenças cardíacas ou câncer.

Um estudo com 5.108 participantes, publicado no JAMA Cardiology, descobriu que a vitamina D não consegue prevenir ataques cardíacos. Outro estudo, incluiu 2.303 mulheres saudáveis pós-menopausa aleatoriamente designadas para tomar vitamina D e suplementos de cálcio ou um placebo. Segundo os pesquisadores, os suplementos não protegeram as mulheres contra o câncer.

Luz do sol

A vitamina D é um nutriente lipossolúvel necessário para absorver o cálcio e o fósforo, importante para fortificar os ossos. As pessoas não conseguem produzi-la sozinhas, necessitando da luz solar para sintetizar a vitamina D. A vitamina também é encontrada em peixes e em alguns outros alimentos, incluindo o leite.

Muitas pessoas têm pouca exposição à luz solar, especialmente aquelas que trabalham em lugares fechados, por isso, alguns investigadores se preocuparam, há mais de uma década atrás, que grande parte da população não estava recebendo vitamina D suficiente, o que parece ter sido a razão do problema.

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