Mundo | 17 de junho de 2016

Medicamentos contra o câncer custam mais nos EUA

Preço médio mensal pode chegar a US$ 8.694 por paciente
Medicamentos contra o câncer custam mais nos EUA

Os norte-americanos pagam mais por cuidados de saúde e medicamentos do que muitas outras nações desenvolvidas, e um estudo recente confirma que o mesmo é verdadeiro para as drogas oncológicas.

Um levantamento no congresso anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO), realizado entre 3 e 7 de junho em Chicago, demonstrou grandes diferenças nos preços médios de varejo para 23 drogas contra o câncer em sete países diferentes. Os preços foram mais altos nos EUA e menores na África do Sul e Índia.

Em uma medição separada sobre acessibilidade, o estudo concluiu que, apesar de drogas oncológicas serem mais baratas em países de baixa renda, eram menos acessíveis aos pacientes nesses países. Foram calculadas as doses mensais de drogas de 15 genéricos e oito medicamentos patenteados, voltados para o tratamento de diversos tumores em diferentes estágios. Os países incluídos no estudo foram: Austrália, China, Índia, África do Sul, Reino Unido, Israel e os EUA.

O preço médio mensal para venda de medicamentos contra o câncer variou de US$ 1.515 (Índia) a US$ 8.694 (EUA) para um fornecimento de um mês de medicamentos patenteados. Os preços registrados nos EUA também foram os mais altos entre os genéricos, com o preço médio mensal de US$ 654. Os genéricos de preço de venda mais baixos foram os da África do Sul: entre US$ 120 e US$ 159.

Como pondera o portal Modern HealthCare, o estudo peca por ter usado apenas preços publicados em listas, sem subtrair descontos e abatimentos e não considera os diferentes sistemas de seguro de saúde dos vários países. Tais fatores podem influenciar a acessibilidade para pacientes particulares. “Por exemplo, programas de desconto das empresas fabricantes de medicamentos podem eliminar o custo para pacientes individuais”, lembra o artigo. “Programas de assistência ao paciente também podem reduzir substancialmente os custos. As operadoras de planos de saúde também podem negociar descontos”.

Entre os sete países analisados, os medicamentos contra o câncer são mais acessíveis na Austrália, e menos acessíveis na China e Índia, onde os indivíduos podem gastar de três a quatro vezes acima da sua renda, com medicamentos contra o câncer.

A pesquisa foi realizada em parceria entre investigadores de Israel, China, EUA e Reino Unido, e é considerada uma das maiores análises globais de preços dos medicamentos de câncer. Estudos anteriores foram esporádicos e com base em um número menor de drogas e em menos países ou regiões. “Este estudo fornece um cenário de preços e acessibilidade dos medicamentos contra o câncer em todo o mundo e prepara o terreno para novas pesquisas”, disse o autor do estudo, Dr. Daniel Goldstein, oncologista sênior do Rabin Medical Center, em Israel.

No Brasil, o assunto foi recentemente tratado pelo respeitado oncologista Dráuzio Varella durante o fórum O Futuro do Combate ao Câncer, evento promovido em março pelo jornal Folha de São Paulo com patrocínio dos laboratórios MSD e Bristol-Myers Squibb. Ele diz que os valores exorbitantes travam o avanço do tratamento. “Na medicina, quando aumenta o mercado para um determinado medicamento, o preço não cai. Pelo contrário, encarece. A oncologia não obedece às leis econômicas internacionais”, destacou o especialista. Esse custo gera impacto tanto no SUS quanto no sistema privado.

Um exemplo é a negociação da Anvisa com a Bristol, para determinar o preço do medicamento recentemente aprovado, o Opdivo. Nos EUA, cada aplicação da droga custa cerca de US$ 15 mil (R$ 55 mil). O tratamento combinado com outras drogas pode custar US$ 500 mil ao ano (R$ 1,8 milhão).

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