Com avanços significativos, o Hospital de Clínicas Ijuí (HCI) vem implementando uma gestão orientada para os resultados com o objetivo de tornar a instituição um dos principais hospitais de alta complexidade do Rio Grande do Sul. Ao portal Setor Saúde, o Presidente do Hospital, Douglas Prestes Uggeri, comemora o resultado financeiro positivo conquistado em 2024, assim como melhorias em indicadores como a taxa de permanência dos pacientes e na infraestrutura do complexo hospitalar. “Também demos continuidade ao projeto de construção do Hospital do Câncer Infantil, lançado em 2023”, destaca. Uggeri também apresenta alguns planos para 2025: novas reformas, investimentos em hemodinâmica, conclusão do Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, ampliação dos leitos de UTI e do centro cirúrgico.

Em termos de gestão, as ações passarão a estar amparadas a partir de uma iniciativa firmada com uma das mais respeitadas escolas de negócios do Brasil: “Em 2024, iniciamos um projeto em parceria com a Fundação Dom Cabral, uma das mais renomadas escolas de negócios do país, para a elaboração do planejamento estratégico que guiará nossos próximos anos”, diz o Presidente. Ele reforça que o objetivo do corpo gerencial é garantir a continuidade e eficiência dos serviços prestados, com foco na sustentabilidade financeira e operacional, e expandir a gama de serviços, especialmente nas áreas de média e alta complexidade. Ao final da entrevista, ele faz uma análise dos gargalos do setor como como altos custos, tabelas SUS e interoperabilidade. Confira a entrevista completa:

Conquistas e indicadores positivos em 2024 reafirmam bom trambalho de gestão

“No âmbito financeiro, tivemos uma operação positiva em 2024. Historicamente, a instituição tinha uma operação deficitária. De 2013 a 2020, fechamos em prejuízo. Em 2021, aconteceu o primeiro superávit. No ano seguinte, houve um retrocesso, mas, depois disso, passamos a operar no positivo, o que é uma grande conquista da nossa gestão. Também tivemos melhorias na taxa de permanência dos pacientes. Em 2022, a média de permanência era de 4,6 dias de internação. Agora, ela fica em 4,2. Isso quer dizer que com 10% de redução na média de permanência, conseguimos colocar 10% a mais de pacientes sem aumentar o número de diárias” comemora o Presidente do Hospital.

“Também demos continuidade ao projeto de construção do Hospital do Câncer Infantil, lançado em 2023. Tivemos grandes avanços nesse sentido: o aval da Secretaria Estadual da Saúde e um parecer positivo do Ministério da Saúde. Nossa luta, daqui para frente, é por recursos para viabilizar a obra, que tem valor estimado de R$ 36 milhões. Ainda sobre esse serviço, nos reunimos com o cartunista Mauricio de Sousa (foto abaixo, sentado), que acenou positivamente para que, depois de pronto, esse hospital leve seu nome.”

“Não podemos deixar de citar entregas importantes, como a reforma da Clínica Médica, área do HCI totalmente dedicada à internação de média e longa permanência de pacientes do SUS. Por meio da campanha Empresa Amiga, que conta com doações de parceiros e empresários, obtivemos recursos para reformar o local, situado em um prédio dos anos 1970.  Ao todo, são 14 quartos e 29 leitos. Desses, seis já foram finalizados e outros oito serão entregues em 2025”, destaca Uggeri.

Principais investimentos previstos para 2025

Conforme o executivo, “a expectativa é ampliar as melhorias de infraestrutura que iniciamos no ano passado. Reformaremos a área de hemodinâmica, teremos uma nova braquiterapia, um novo acelerador linear – que são equipamentos grandes e caros. Concluiremos a obra do Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e teremos um novo espaço para o Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME). Também daremos início às obras na clínica cirúrgica, além da ampliação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e reforma e ampliação do centro cirúrgico. Tudo isso terá um investimento de cerca de R$ 25 milhões.”

“Além disso tudo, faremos a captação para compra do PET-CT – super tomógrafo que vai ajudar no diagnóstico, estadiamento, tratamento e prognóstico dos nossos pacientes – por meio  do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon)”, completa.

Esforços para aperfeiçoar a eficiência, mantendo a sua função social e a sustentabilidade econômico-financeira

“Em 2024, iniciamos um projeto em parceria com a Fundação Dom Cabral, uma das mais renomadas escolas de negócios do país, para a elaboração do planejamento estratégico que guiará nossos próximos anos. Nesse mesmo período, promovemos uma mudança significativa na governança da instituição, incluindo a qualificação da direção estatutária, com o objetivo de profissionalizar os papéis desempenhados pelos seus integrantes. Além disso, realizamos importantes alterações no estatuto da entidade, garantindo que o hospital permaneça como uma instituição filantrópica. Essa medida assegura benefícios fiscais e sociais, permitindo à instituição firmar convênios e parcerias estratégicas com o Poder Público.”

“Todos esses esforços têm como meta consolidar uma gestão cada vez mais transparente e qualificada, capacitada para enfrentar os desafios diários da nossa operação. Os frutos do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos se refletem no equilíbrio financeiro alcançado e no reconhecimento de nossa instituição como uma das principais referências no interior do Rio Grande do Sul. Também estamos trabalhando para conquistar a acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA)”, informa Uggeri.

“Há pouco realizamos uma importante transformação ao mudar o nome e o posicionamento (imagem abaixo) do nosso hospital, com o objetivo de romper antigos paradigmas e fortalecer parcerias estratégicas com governos, entidades e empresas, ampliando nossas fontes de captação de recursos” diz o Presidente do HCI.

“O ano de 2024 foi marcado por grandes esforços voltados à obtenção de melhorias estruturais, como a captação de recursos para a construção do Hospital do Câncer Infantil. Este novo empreendimento contará com uma UTI Pediátrica, que atenderá uma grande demanda da região.”

Em termos de melhorias no Parque Tecnológico, novos equipamentos chegaram. “Adicionalmente, conquistamos equipamentos de alta tecnologia que irão qualificar ainda mais nosso parque tecnológico, incluindo um novo Angiógrafo, um Acelerador Linear, um sistema de Braquiterapia, e outros. Também realizamos reformas significativas que impactarão positivamente o atendimento aos nossos pacientes, como melhorias no Centro Cirúrgico, no Cacon e na UTI.”

“Vamos qualificar ainda mais nossos serviços a partir da Residência Multiprofissional, destinada a profissionais das áreas de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Odontologia e Psicologia. No começo deste ano, o Ministério da Saúde, por meio do programa Pró-Residência, aprovou 45 bolsas multiprofissionais para a instituição em 2025, totalizando um investimento de R$ 2,2 milhões.”

Eixos estratégicos estipulados para o ciclo 2025

“Um dos aspectos que almejamos é sermos reconhecidos como um dos principais hospitais de alta complexidade do Estado. Já estamos caminhando nesse sentido e acredito que estamos obtendo bons resultados na trajetória. Para isso, lançamos mão de pesquisas para avaliar a qualidade dos nossos serviços e buscamos certificações e acreditações nacionais e internacionais”, detalha.

“Outro ponto que temos no radar é o aumento da nossa capacidade de atendimento e produção de serviços de saúde de alta complexidade, como, procedimentos cirúrgicos especializados e tratamento oncológicos e neurológicos. Nesse sentido, estamos trabalhando para reforçar a triagem, além de fomentarmos capacitações para as equipes médica e de enfermagem.”

“Também temos como objetivos garantir a  continuidade e eficiência dos serviços prestados, com foco na sustentabilidade financeira e operacional, e expandir a gama de serviços, especialmente nas áreas de média e alta complexidade. Para atingir essas duas metas, melhoramos a gestão dos recursos materiais e humanos, criamos protocolos para evitar o desperdício e desenvolvemos políticas de gestão de fluxo de caixa”, completa Uggeri.

Gargalos que devem ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde em 2025

“Gerir instituições de saúde é sempre desafiador. Neste ano, não será diferente, pois temos muitos temas a avançar. Um deles é, sem dúvida, os altos custos do setor. Testemunhamos a elevação dos valores dos tratamentos, medicamentos e tecnologias ocorrendo muito rapidamente. Por outro lado,  os reajustes nas tabelas do Sistema Único de Saúde e planos não acompanham essa alta na mesma velocidade” entende o Presidente do HCI.

“Também precisamos otimizar o fluxo de atendimento nos hospitais, reservando esses locais para casos de média e alta complexidade. Logo, é preciso reforçar a rede primária, garantindo que ela consiga absorver os casos de baixa complexidade, reduzindo filas e superlotação nas instituições.”

“Por fim, um tema que há muito vem sendo falado e debatido no setor é a interoperabilidade. A partir do compartilhamento de dados, esperamos garantir a eficiência no atendimento e na gestão”, finaliza Uggeri.