Gestão e Qualidade, Política | 25 de março de 2021

Hospitais gaúchos possuem estoque de medicamentos para um período de 36 horas a 15 dias

Instituições buscam alternativas como a importação de itens do Kit Intubação
Hospitais gaúchos possuem estoque de medicamentos para um período de 36 horas a 15 dias

O portal Setor Saúde buscou informações sobre o estoque de medicamentos do Kit Intubação junto aos hospitais gaúchos. De acordo com as respostas, foi observado que há estoque para um período de 36 horas a 15 dias, dependendo da instituição. Além disso, algumas das instituições contatadas relataram que planejam importar medicamentos.

Em matéria recente, o Setor Saúde identificou que, além da situação do abastecimento, outra questão crítica é o aumento expressivo dos preços dos medicamentos. Os detalhes sobre o tema podem ser conferidos em: Hospitais relatam aumento de preços de mais de 1.500% em itens do Kit Intubação.

A situação difere bastante de hospital para hospital. Alguns apresentam situação mais crítica, enquanto outros possuem uma maior tranquilidade em relação aos estoques. Confira a situação dos hospitais consultados:

Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo

Estoque para 36h: “O Hospital São Vicente de Paulo tem a medicação conhecida como Kit intubação para mais 36h. Diante da situação, medicações substitutas já estão sendo utilizadas, ainda, a equipe está em contato com fornecedores e buscando a possibilidade de importação das medicações. Quanto à compra de medicações, a instituição está seguindo as recomendações da Anvisa. Além disso, estamos com dificuldade na compra do Kit”, informa.

Hospital Ernesto Dornelles

Estoque para 72h: De acordo com o Hospital Ernesto Dornelles, há estoque disponível para 72h.

O Ernesto Dornelles explica que está buscando, juntamente com o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) e Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a importação de neurobloqueadores.

Hospital Virvi Ramos

De acordo com o Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul, a duração do estoque dos medicamentos pertencentes ao kit intubação varia de 4 a 25 dias.

Caso o estoque esteja baixo, a estratégia da instituição é a substituição dos medicamentos de acordo com a disponibilidade de estoque.

Hospital de Caridade de Erechim 

“As iniciativas que o Hospital de Caridade de Erechim tem adotado, além da formação do Comitê Especial do HC para Enfrentamento da Covid-19 com participação da Administração; Direção Técnica e Gerências, refere-se a: monitoramento diário dos estoques e consumo destes e de diversos medicamentos utilizados na instituição e nas unidades Covid; cotações semanais junto a fornecedores (indústria farmacêutica e distribuidoras de medicamentos; Indicação antecipada pela Direção Técnica HC junto ao corpo clínico, caso seja necessária utilização de alternativas; além da utilização racional de acordo com necessidade dos pacientes”.

O Hospital de Erechim destaca que, apesar de não faltarem medicamentos, há uma situação mais crítica para os da classe dos BCN (Bloqueadores Neuro Musculares).

Grupo Hospitalar Conceição (GHC) 

O diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, explica que não há falta de medicamentos, mas há um monitoramento diário da situação.

Estoque para 15 dias; entrega fracionada: Oliveira explica que o GHC faz atas de atas de registro de preços e de uso dos medicamentos de 12 meses. Ele afirma que o GHC está encontrando dificuldades com algumas indústrias, mas garante que há estoque para 15 dias.

O diretor-presidente salienta que há estratégia de entrega fracionada dos medicamentos. “Pois se pedíssemos a entrega de uma vez só, poderia ser inviabilizada a entrega, porque todos os hospitais precisam desses medicamentos”, diz.

Importação da Argentina e Uruguai – “Estamos com alguns medicamentos em negociação com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, mas cada um com sua parte, ou seja, não é uma ação unificada, com fornecedores da Argentina e do Uruguai. Além disso, protocolamos com o Ministério da Saúde, vim a Brasília para isso, demonstrando a nossa necessidade, visto que, no Rio Grande do Sul, temos um grande número de pacientes que precisam dos medicamentos do Kit Intubação”, afirma.

Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)

Estoque para 15 dias – “Os estoques estão sendo monitorados diariamente através de um dashbord de controle, onde evidenciamos o consumo dia a dia dos medicamentos, bem como os níveis de estoque. É difícil precisar quanto tempo duram os estoques em função da grande variabilidade, mas preconizamos um estoque de segurança de, no mínimo, 15 dias”, diz o HCPA.

Entregas em dia – “Mantemos uma programação de entregas com o fornecedor onde os prazos e quantitativos são diariamente monitorados. Até o momento, essa agenda está sendo cumprida pelos fornecedores na sua integralidade”.

Alternativas caso faltem medicamentos – “Primeiramente, pensa-se em protocolos alternativos para as terapias de sedação, bloqueio muscular e analgesia. Alguns hospitais buscam por importação e outros recebem repasse de fármacos conforme criticidade de seus estoques. Também se realiza empréstimo entre hospitais, entretanto essa estratégia é limitada e oferece riscos, pois não há garantias da indústria do fornecimento em tempo”.

Hospital Regional Santa Lúcia, de Cruz Alta

Estoque para 7 dias – De acordo com o Hospital Regional Santa Lúcia, de Cruz Alta, o item com menor estoque é suficiente para atender a demanda dos próximos 7 dias.

Alternativas podem incluir fornecimento de outros países – “Foram introduzidos outros medicamentos para redução do consumo do kit intubação, e o Hospital Regional Santa Lucia mantém-se em constante pesquisa com fornecedores até de outros países”.

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

“Com relação aos seus estoques de insumos e medicamentos, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre informa que, assim como todos os hospitais, está atenta à questão e neste momento dispõe de uma condição mínima necessária destes recursos, a fim de garantir o atendimento adequado aos seus pacientes”, informa a Santa Casa de Porto Alegre.

Alerta da FEHOSUL

 A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL) alertou na quarta-feira (17), que hospitais do RS começaram a relatar preocupação com os estoques baixos do chamado Kit Intubação. Consultada, a entidade reafirmou hoje (25), que os hospitais gaúchos seguem com os seus estoques em estado crítico, o que tem gerado apreensão nas equipes assistenciais.

“Em contato com o Ministério da Saúde, obtivemos a informação de que, a partir da requisição administrativa efetuada pelo Ministério, junto aos três principais laboratórios fornecedores de itens do Kit Intubação (como sedativos, bloqueadores neuromusculares e anestésicos), um volume apreciável passará a ser encaminhado para as secretarias estaduais de saúde, a começar pela data de hoje (24). Com este movimento, os órgãos estaduais deverão iniciar o devido encaminhamento aos hospitais contratualizados com o SUS. É preciso ressaltar que a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul tem auxiliado na aquisição de medicamentos para os hospitais com UTI Covid que integram o sistema público de saúde”, diz o presidente da FEHOSUL, Cláudio Allgayer.

Allgayer ressalta que a questão também se repete em hospitais privados que atendem planos de saúde e IPE Saúde. “Estes hospitais, que igualmente estão com estoques baixos, estão aguardando a chegada dos pedidos efetuados junto à indústria nacional. Porém, os atrasos na entrega são recorrentes. Diante deste cenário, algumas instituições hospitalares estão buscando importar medicamentos para suprir a demanda. A FEHOSUL segue monitorando a situação dos hospitais associados para tratar deste problema e de outros que estão afetando a prestação de serviços aos pacientes do IPE Saúde, da saúde suplementar e do SUS. A entidade mantém um Grupo de Trabalho para colher demandas e encaminhar soluções junto ao Ministério da Saúde, Governo do RS, Anvisa, Agência Nacional de Saúde Suplementar, parlamentares, indústrias de medicamentos e demais entidades representativas” finaliza Allgayer.

Secretaria da Saúde

Nesta terça-feira (23), a Secretaria Estadual da Saúde do RS (SES/RS), com auxílio logístico do Exército Brasileiro, realizou a entrega de cerca de 16,5 mil frascos de medicamentos utilizados em pacientes graves de Covid-19 em UTIs, para 24 instituições hospitalares de municípios do interior.

Adquiridos pela secretaria, por meio de ata de registro de preço nacional, estão sendo distribuídos Dexmedetomidina, Etomidato, Morfina, Propofol e Fentanila.

A SES/RS informa que, em março, já foram entregues a hospitais de todas as regiões do RS mais de 60 mil frascos de medicamentos com essa finalidade. De acordo com a pasta, está programada para quinta-feira (25) a distribuição de remessa de 45.820 ampolas de Morfina, doadas pelo Ministério da Saúde.

 

 



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