Gestão e Qualidade | 17 de dezembro de 2020

Grupo Hospitalar Conceição projeta manutenção de leitos e verba para a conclusão do Centro de Oncologia

Diretor-presidente Cláudio Oliveira participa de série especial do Setor Saúde
Grupo Hospitalar Conceição projeta manutenção de leitos e verba para a conclusão do Centro de Oncologia

A pandemia da Covid-19 impôs o grande desafio do século para a saúde mundial. Após os primeiros casos relatados entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 na China, em março o Brasil passou a registrar aumento significativo de casos. Com o avanço da doença em praticamente todos os países do mundo simultaneamente, surgiram grandes desafios à saúde: expansão de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e contratação de novos profissionais, aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), insumos e ventiladores pulmonares.

No Rio Grande do Sul, o Hospital Nossa Senhora da Conceição, que pertence ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), foi definido como uma das instituições de referência de atendimentos de Covid-19 no estado pelo Ministério da Saúde. Na primeira entrevista ao Setor Saúde, da série especial de entrevistas com executivos da saúde do Rio Grande do Sul, o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, detalha como o Hospital Conceição se adequou para atender um número crescente de pacientes, e como as demais instituições do GHC, em colaboração, possibilitaram o aumento de atendimentos no Hospital Conceição. O diretor-presidente revela o desejo de tornar permanente os 16 novos leitos de UTI no Hospital Conceição.

Ainda, Oliveira explica que, apesar do desafio imposto, a instituição conseguiu garantir EPIs e medicamentos durante todo o ano de 2020. Ele ressalta que a obra do Centro de Hematologia e Oncologia, iniciada em 2018, está 54% concluída e teve o prazo de entrega adiado, com um valor pendente para a concretização da obra: R$ 35 milhões, que o GHC está buscando viabilizar por meio de emenda vinda da bancada gaúcha da Câmara dos Deputados. Confira a entrevista.

Resposta do SUS à pandemia

Oliveira salienta que a pandemia trouxe mudanças ao setor que poderão ser permanentes. “Muita coisa vai mudar com essa pandemia. Talvez não tenhamos a normalidade que estávamos acostumados”, diz.

Ao mesmo tempo, enfatiza a resposta dada pelo setor de saúde brasileiro, especialmente o Sistema Único de Saúde (SUS), ao desafio do ano (e do século): a adequação dos hospitais para atenderem pacientes com Covid-19 de forma adequada, sem colapso do SUS. No Rio Grande do Sul, até o momento, não ocorreram situações graves como a falta de leitos para paciente SUS.


“O setor de saúde deu a resposta na hora certa e não tivemos o colapso do Sistema Único de Saúde, como muitos pensavam. O que fica é que devemos prever o aumento de leitos de UTI, qualificar nossos serviços e investir em biologia molecular”, afirma.


Mesmo em ano atípico, Oliveira avalia resultados como positivos

Oliveira avalia que a pandemia travou as conquistas projetadas para 2020 para o GHC, mas, mesmo assim, foi um ano de saldo positivo.


“No GHC, estávamos planejando um ano de muitas conquistas, esta gestão iniciou em 2019, tivemos a entrega do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, uma demanda antiga do GHC. Diminuímos o quantitativo de horas extras, economizando cerca de R$ 2 milhões”, afirma.

O diretor-presidente salienta que a meta é seguir reduzindo custos quando possível, mas sem deixar de implementar modernizações do atendimento. “Em 2020, adquirimos novos equipamentos, muitos destes auxiliarão nos procedimentos cirúrgicos. Compramos ventiladores pulmonares, os conhecidos respiradores. Iniciamos a testar nas áreas assistenciais um programa de escalas através de um software. Isso será uma grande inovação. Está em fase de testes”, revela.

Por outro lado, o GHC precisou gastar mais em virtude da pandemia. “O GHC é um grupo hospitalar do governo federal. Somos orçamentados. Sentimos o aumento dos produtos e esperamos que o mercado volte a estabilizar em 2021, mas gastamos mais 11,64% em comparação ao ano passado”, diz.


Objetivo: expandir leitos de UTI

Oliveira revela que, quando assumiu a presidência do GHC, fez um pedido para a área assistencial e engenharia: mais leitos de UTI. No Hospital Nossa Senhora da Conceição, referência no RS para tratamento de Covid-19, aumentou de 59 para 75 leitos de UTI. O diretor-presidente salienta que o objetivo atual é consolidar esses 16 novos leitos, até então provisórios, como legado permanente.


“Estamos projetando como deixar esses novos leitos no mesmo padrão dos 59 que já estavam habilitados há mais tempo. Já pedimos habilitação para o Ministério da Saúde para manter esses 16 leitos a mais na nossa UTI”, diz.

O GHC projeta, para 2021, uma expansão de oferta de leitos de UTI no Hospital Fêmina – não relacionada à Covid-19. “Temos um projeto, para 2021, de aumento de 4 leitos de UTI no Hospital Fêmina, que passaria assim de 6 para 10 leitos”, afirma.


Grupo Hospitalar Conceição projeta manutenção de leitos em 2021 e verba para a conclusão do Centro de Oncologia_

Colaboração entre instituições

Para possibilitar maior número de atendimentos para Covid-19 no Hospital Nossa Senhora da Conceição, foi feita uma readequação na área de neurocirurgia do Hospital Cristo Redentor.


“No Hospital Cristo Redentor, temos uma área destinada aos pacientes da neurocirurgia, e transformamos essa unidade numa UTI de retaguarda não Covid. Ela tinha estrutura para 18 leitos, mas utilizamos 10 leitos. Estamos trabalhando para colocar novamente em funcionamento, para liberar pacientes não Covid do Hospital Nossa Senhora da Conceição para o Cristo Redentor, e, assim, podemos adequar mais pacientes com Covid-19 no Hospital Conceição”, explica.


R$ 35 milhões para conclusão do Centro de Hematologia e Oncologia em 2021

Um dos principais objetivos do GHC para 2021 é a conclusão das obras do Centro de Hematologia e Oncologia. De acordo com o diretor-presidente, faltam R$ 35 milhões, valor que será buscado via emenda com a bancada gaúcha da Câmara dos Deputados. Oliveira ressalta que apesar da previsão inicial de finalização das obras acontecer em 2020 não ter sido cumprido, as obras não foram suspensas em nenhum momento, mas tiveram diminuição do ritmo.


“Para 2021, esperamos finalizar o Centro de Hematologia e Oncologia, estamos aguardando a bancada gaúcha definir os recursos. O Centro de Oncologia está 54% concluído, e faltam 35 milhões de reais, que estamos buscando com a bancada gaúcha [da Câmara de Deputados] uma emenda para obter o valor. A obra iniciou em 2018 justamente a partir de uma iniciativa da bancada gaúcha, que criou uma Frente Parlamentar em 2017. Julgamos que seja importante termos as verbas do início ao fim da obra oriundas da bancada gaúcha. Neste ano de 2020, não tivemos problemas financeiros, pagamos em dia, mas o ritmo, em virtude da pandemia, das obras foi mais lento. Porém, em nenhum momento as obras foram paralisadas”, avalia.


Centro Oncologia GHC

Centro Oncologia GHC

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O Centro de Hematologia e Oncologia prevê sete pavimentos, em área projetada total de 14.380,70m². O centro irá reunir no mesmo local unidades de diagnóstico (ambulatório e recursos de imagem) e tratamento (radioterapia e internações) necessárias para atendimento de pacientes com câncer. Além de ampliar o atendimento destes casos pelo SUS, realizará transplantes de medula. A unidade, que contará com 94 leitos, está alinhada com as diretrizes de humanização dos cuidados, explicitada pela Política Nacional de Humanização (PNH).

Hospital pós pandemia terá protocolos de segurança mais rígidos

Na visão de Oliveira, os protocolos de segurança reforçados a partir da pandemia persistirão e serão rotina nos hospitais daqui pra frente. “Não seremos mais os mesmos, teremos que adotar protocolos de segurança para os pacientes e profissionais de saúde que antes não se tinham preocupação.”

O diretor-presidente avalia que o foco do setor de saúde brasileiro em 2021 estará na vacina, na prevenção e no cuidado com uma possível nova onda. “Temos que torcer que a vacina chegue o quanto antes e se comece a imunização”, diz.

Parceria público-privada do Hospital Fêmina

Em julho, foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o decreto 10.423/20, que dá segurança jurídica para a venda do prédio e da área onde está localizado o Hospital Fêmina, em Porto Alegre. O decreto presidencial confere prioridade nacional ao projeto, em formato de parceria público-privada.

O decreto possibilitará a venda do Fêmina para um grupo privado em troca da construção de uma nova estrutura de saúde junto ao Hospital Conceição, na zona norte da capital gaúcha. O objetivo é ampliar o atendimento e a prestação de serviços para a população prioritária do Grupo Hospitalar Conceição, os pacientes SUS.


De acordo com o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, “o intuito do projeto é qualificar e modernizar o atendimento à população, e todas as possibilidades de parceria estão sendo avaliadas juntamente com o Conselho de Administração”. Oliveira avalia que o projeto deve ser desenvolvido em 2021, e o próximo passo será a contratação do BNDES para buscar a modelagem adequada para o projeto.


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Telessaúde e LGPD

Oliveira afirma que o GHC está desenvolvendo um projeto-piloto de telessaúde, que poderá ser operacionalizado em 2021. “Estamos com um piloto no ambulatório da mastologia, não temos condições operacionais ainda para todo grupo, pode ser um projeto para 2021, sempre discutindo com as equipes envolvidas. É um projeto que vejo com bons olhos”, diz.

Sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei 13.709, de 2018 – que entrou em vigor no dia 18 de setembro, Oliveira revela que o GHC esperava que o prazo para entrar em vigor fosse prorrogado para agosto de 2021 (a lei estava prevista para entrar em vigor em agosto, e houve perspectiva de que fosse adiada para 2021), mas ressalta que há um grupo de trabalho elaborando um relatório para o GHC, e que a instituição irá contratar uma empresa externa para auxiliar nas novas implementações.

 Lições da pandemia

“A pandemia mudou as vidas de todos, temos uma rotina diferente, sem os churrascos com amigos, com a família, aumentar os cuidados com a higiene, uso de máscaras, evitar aglomerações. Mas como gestor, foi um aprendizado constante, temos que mudar muitas rotinas e planejar mais e mais. Não tivemos maiores problemas, conseguimos suportar as pressões que foram impostas pela pandemia”, avalia.

Agradecimento especial aos profissionais de saúde e torcida por uma vacina em 2021

Oliveira enfatiza a importância dos profissionais de saúde, que tiveram suas demandas aumentadas em virtude do enfrentamento da pandemia. Também ressalta a torcida por uma vacina segura e eficaz, que possa fazer com que o ano de 2021 seja mais tranquilo.


“Desejo que todos tenham um feliz 2021, que o próximo ano possamos voltar ao normal possível. E agradeço aos profissionais de saúde, foram verdadeiros guerreiros. Dos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, auxiliares de higienização, nutricionistas, todos os profissionais que desempenham suas funções e demonstraram toda dedicação e empenho em vencer essa pandemia. Que possamos, com uma vacina contra a Covid-19, ter um 2021 mais tranquilo”, finaliza.


Cláudio Oliveira

Administrador, 37 anos, MBA em Administração Pública, acadêmico de Direito, ex-secretário de Saúde em Turuçu/RS (2009-2010), ex-diretor do Porto de Pelotas (2015/2019), ex-diretor Administrativo e Financeiro do GHC (2019-2020) e atual diretor-presidente do GHC. Em 2020, recebeu o Prêmio Mérito em Administração do CRA-RS no Setor Público.

Grupo Hospitalar Conceição projeta manutenção de leitos em 2021 e verba para a conclusão do Centro de Oncologia__

 



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