Gestão e Qualidade | 25 de dezembro de 2012

Gestores avaliam novo modelo para remuneração de hospitais

Medida anunciada pela ANS altera o formato de fee-for-service para um modelo mais ágil e com menos burocracia
Gestores avaliam novo modelo para remuneração de Hospitais1

No início de dezembro a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou um acordo para a adoção de novos modelos de remuneração dos atendimentos feitos aos usuários dos planos de saúde. O documento é resultado de muita discussão entre representantes dos hospitais – entre eles a Confederação Nacional de Saúde (CNS), a qual a FEHOSUL é filiada – a agência reguladora e as operadoras de planos de saúde.

A proposta busca a mudança do atual modelo de remuneração, o conhecido “conta aberta por unidade de serviço” (fee-for-service), para um formato no qual o peso administrativo é menor, já que os itens frequentes em uma internação passam a ser cobrados de forma agrupada. O objetivo é diminuir os trâmites burocráticos, estabelecer que prestadores de serviços ofereçam produtos completos aos planos de saúde e, com isso, otimizar o atendimento aos pacientes.

Para o diretor financeiro do Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, em Porto Alegre, Ricardo Minotto, a proposta da ANS é positiva, pois vai diminuir a burocracia e focar no paciente. “Esse novo modelo tem como base a simplificação do processo administrativo, o registro e a apresentação da conta hospitalar. Isso faz com que a equipe assistencial se dedique a atender o paciente que deverá ser a prioridade dos profissionais”, argumentou.

Com o novo modelo proposto, os hospitais deverão trabalhar com previsibilidade de eventos hospitalares, simplificando o processo com modelos globalizados e não mais individuais, como no fee-for-service. Atendimentos eletivos, que tem planejamento e previsibilidade, mesmo que a condição clínica possa causar alguma imprevisibilidade, está contemplado no novo formato.

“É uma evolução do que vivemos atualmente para um formato diferenciado. Já para os eventos de baixa previsibilidade, vamos manter o formato de contas abertas, o que eu entendo como um avanço também”, acredita Minotto. O diretor financeiro do Hospital São Lucas vai além. Para ele, os atendimentos de urgência e emergência tem uma dificuldade maior para evoluir para esse cenário proposto. Por isso, Minotto sugere a adoção de modelos de segmentação, outra alternativa a ser avaliada.

O superintendente do Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre, Fernando Torelly, também vê com bons olhos o anúncio da ANS. “É uma evolução construir um novo modelo e reunir todos os agentes – ANS, prestadores e operadoras de saúde na mesma discussão. É uma ação singular no Brasil e deve ser elogiada”, comentou Torelly.

Para o superintendente do HMV, este movimento é o início de uma pauta que deverá seguir para outras mudanças. Mas Torelly destaca que a proposta da ANS não envolve questões de atendimento do paciente, mas sim a simplificação da conta, a redução da burocracia e uma maior previsibilidade para as operadoras. “Só poderemos falar na questão do atendimento quando incluirmos na discussão a remuneração por performance”, alertou.

Já para o superintendente do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, Armando Piletti, o novo formato de remuneração vai obrigar os hospitais a se organizarem melhor para gerenciar as contas. “O bom dessa norma é que os hospitais poderão aderir gradualmente e por etapas, promovendo as mudanças no momento que entenderem ser o mais apropriado”, afirmou.

Segundo a ANS, para a adoção do novo modelo, hospitais e operadoras deverão qualificar os seus processos e modelos de gestão, focando na melhoria da assistência aos clientes de planos de saúde. Inicialmente, a adesão deverá ser voluntária, mas a agência já estuda maneiras de induzir que hospitais e operadoras incorporem o modelo o mais rápido possível.

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