Mundo | 1 de setembro de 2015

França elege uso do Avastin para grave doença ocular degenerativa

Aplicação do medicamento para DMRI será reembolsada pelo Ministério da Saúde
França elege uso do Avastin para grave doença ocular degenerativa

O Avastin é um medicamento que reduz o crescimento de novos vasos sanguíneos. Ele é comumente usado para tratar diferentes tipos de câncer, além do tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI). No Brasil e em diversos outros países, a droga permanece indicada para o tratamento de câncer de mama, mas nos EUA, por exemplo, a substância deixou de ser usada, permanecendo aprovada para outros tumores, como colorretal. Segundo a FDA, não havia evidência de que o Avastin aumentasse ou melhorasse a qualidade de vida das pacientes com câncer mamário. Além disso, efeitos colaterais como pressão alta e hemorragias ainda eram comuns nas pacientes.

Na França, o Ministério da Saúde autorizou por decreto,  em vigor desde de 1º de setembro, o reembolso de Avastin, da Roche, no tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma doença que costuma surgir ao envelhecer (http://setorsaude.com.br/as-doencas-de-olhos-que-surgem-ao-envelhecer/). A Agência Nacional de Drogas e Produtos de Saúde (ANSM, sigla em francês), havia dado aval específico para o Avastin, para o tratamento de DMRI em ambiente hospitalar. A ministra da saúde francesa Marisol Touraine pretende, agora, promover o uso de Avastin em substituição ao Lucentis, da Novartis, para o mesmo tratamento.

Enquanto uma aplicação de Lucentis custa € 900, em média, o Avastin vai custar, de acordo com o ministério francês, cerca de € 30. O tratamento da DMRI, custou, ao país europeu, cerca de € 428 milhões em 2013. A prescrição do Avastin permitirá, portanto, economias substanciais “respeitando a segurança do paciente”, diz a ministra Marisol Touraine.

“Não haverá relutância por parte dos médicos se as drogas têm efeitos, tanto eficazes quanto colaterais, idênticos”, disse Patrick Gasser, presidente da União Nacional dos Médicos Especialistas da França.

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença que atinge 30 milhões de pessoas em todo o mundo – quase 3 milhões no Brasil –, pode comprometer a qualidade de vida, mas não leva a cegueira. O glaucoma, por sua vez, atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (cerca de 1 milhão de pessoas). O risco de desenvolver a doença chega a triplicar após os 70 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados 2,4 milhões de novos casos anualmente – 60 milhões de pessoas acometidas em todo o mundo.

O Avastin e Lucentis foram ambos desenvolvidos pelo Genentech, laboratório americano que firmou acordo de comercialização com a Novartis válido em todo o mundo, excluindo os EUA – onde o Genentech mantém a patente exclusiva –. Mas o laboratório foi adquirido pela Roche em 2009 e, sendo assim, quando a Novartis vende Lucentis, paga uma parte das suas receitas a Genentech, uma subsidiária da Roche. O Lucentis, também utilizado para o tratamento da degeneração macular causada pela idade, desde 2012 consta no rol da ANS.

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