Gestão e Qualidade | 8 de abril de 2013

Diálogo entre auditores e administradores em saúde

Alceu Alves da Silva projeta novos papéis para os Auditores de Saúde
Diálogo entre Auditoria e Administração em Saúde

O futuro do sistema de saúde passa por uma profunda reorganização. Os caminhos ficam claros na palestra do Dr.Alceu Alves da Silva, membro titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar e Superintendente Executivo do Sistema de Saúde Mãe de Deus.

O provocativo título “ Estamos todos no mesmo Barco? O Auditor de Saúde na Construção de uma nova relação entre Hospitais e Operadoras “, constitui um perfeito resumo da exposição do tema, no encontro realizado no final de março, que reuniu em torno de 70 profissionais, durante cerimônia de posse da nova diretoria da Sociedade de Auditores Médicos do Rio Grande do Sul – SOMAERGS.

O também docente do IAHCS, Alceu Alves da Silva, iniciou suas reflexões mostrando o desalinhamento entre os agentes da cadeia de prestação de serviços de saúde. O comportamento é de quem não está no mesmo barco. Não temos uma cadeia de posições positivas no sistema, ao contrário, temos participantes que remam em sentido contrário, criando disputas internas que embaçam  a visão estratégica do setor.

Estamos diante de um novo momento e precisamos evoluir caminhando nesta nova direção.

Alceu foi incisivo e polêmico  ao analisar a conduta atual dos Auditores. Foi enfático ao afirmar que as auditorias atuais possuem o foco exclusivamente econômico e que no futuro será diferente. Mas não é em um futuro distante, ao contrário, nos cenários mais evoluídos o processo já se iniciou. Os aspectos que envolvem a qualidade e a segurança assistencial ganharão espaço nas agendas e nas atividades dos Auditores em Saúde. Os temas econômicos passarão a dividir a cena com os clientes.

O novo modelo de Auditoria em Saúde utilizará e articulará os seus recursos para obter os melhores resultados, dentro de um ambiente de equilíbrio entre a Qualidade e Segurança da Assistência e os aspectos econômicos, em um ambiente de responsabilidade social e de satisfação dos clientes.

Alceu fez uma ampla análise dos movimentos estratégicos dos mais diferentes agentes da cadeia de serviços de saúde, procurando situar nestes movimentos as tendências para o trabalho futuro dos Auditores.

Falou a respeito da ANS e seus marcos regulatórios; dos fornecedores de materiais e medicamentos; dos médicos e seus movimentos de organização e recuperação dos preços de seus serviços; das políticas do setor público;  dos prestadores, de forma especial a respeito das tendências do ambiente hospitalar; das operadoras de planos de saúde e de seus movimentos em torno da avaliação do desempenho dos médicos e dos hospitais; falou da tendências que envolvem as empresas que contratam planos de saúde para seus funcionários e a respeito do comportamento e das exigências crescentes dos clientes.

Neste contexto, Alceu mostrou que  os caminhos de atuação dos Auditores passam pelo desenvolvimento técnico de temas que contemplam novos modelos de remuneração, pagamento por performance, gerenciamento de procedimentos com preços previsíveis com base em protocolos clínicos, sistemas de controle da taxa de sinistralidade, programas de redução das médias de permanência, avaliação da qualidade e segurança da assistência prestada por médicos e hospitais; análise de suficiência  de rede; construção e implantação de programas de prevenção e promoção da saúde; estudos para incorporação da assistência farmacêutica, planos de controle e gestão de carteira de riscos, de forma especial para os pacientes idosos e com doenças crônicas.

Estes temas e o  desenvolvimento de sistemas automatizados para avaliação da qualidade de prestadores, com pagamentos diferenciados baseados no desempenho é um tema que os Auditores em Saúde precisam colocar em suas agendas.

Por fim, Alceu encerrou com um desafio para que a SOMAERGS lidere iniciativas para que estes estudos possam ser realizados.e disseminados junto aos Auditores em Saúde.

Lembrou ainda que as pesquisas relizadas pelo IBOPE mostram que os médicos representam a instituição brasileira com maior confiança da população, portanto, é bom não destruir esta imagem, ao contrário, é fundamental valorizá-la através de mecanismos que fortaleçam a qualidade da assistência.

 

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