Mundo | 3 de setembro de 2012

Cresce o número de médicos que deixam a Espanha

Profissionais estão deixando o país em busca de melhores condições de trabalho. Segundo dados do governo, em 2025 faltará 25 mil profissionais de saúde na Espanha
Exodo de médicos e enfermeiras aumenta na Espanha

A instabilidade no trabalho, incertezas sobre os próximos acontecimentos financeiros e as escassas possibilidades de crescimento profissional diante de um sistema econômico e de saúde que passa por crises e reformas, são os principais argumentos de muitos médicos e enfermeiros que estão deixando a Espanha em busca de melhores condições de trabalho em outros lugares.

As mudanças no sistema de saúde espanhol está expulsando do país profissionais altamente qualificados, tanto médicos quanto enfermeiros. Os países escolhidos ficam na própria Europa, como Suécia, Alemanha, Reino Unido, França e Portugal, os três últimos são os destinos preferidos da maioria.

Segundo dados da Organização Médica Colegial da Espanha, entidade que agrupa todos os colegiados médicos do país, já foram emitidos, só nos primeiros seis meses de 2012, 948 certificados de idoneidade. O documento é necessário para que os médicos possam trabalhar em outro país da União Europeia. Em 2011 foram expedidos 1.435 certificados durante todo o ano e em 2010 foram 1.248. Porém, esse tipo de documento é uma obrigatoriedade apenas nos países da Europa. Fora do continente, o certificado não é obrigatório, o que pode elevar, e muito, o número de médicos que estão deixando a Espanha em busca de trabalhos melhores.

 

FORMAÇÃO

Em 2009, o Ministério da Saúde fez um levantamento e constatou que, diante da situação atual, até 2025 o país teria um déficit de 25 mil profissionais da área da saúde. Na época, o governo espanhol chegou a cogitar aumentar o número de universidades e agilizar as validações dos diplomas de estrangeiros para que esses números nunca fossem concretizados. Porém, três anos depois da divulgação dos dados, nenhuma medida foi adotada e os números do êxodo desses profissionais crescem diariamente.

As entidades médicas espanholas nunca concordaram com o levantamento. Para elas, mais do que faltar profissionais, o principal problema do país é a má distribuição dos médicos nas variadas especialidades, o que poderia estar causando um número distorcido. Para formar um médico especialista na Espanha custa, em média 200 mil euros, que muitas vezes é pago pelo governo. Anualmente saem das universidades espanholas sete mil médicos que, nos dias de hoje, enfrentam sérias dificuldades para encontrar uma colocação no mercado de trabalho.

 

ENFERMEIROS

O Conselho Geral de Colégios de Enfermeiros afirma que é lamentável que outros países estejam levando embora os enfermeiros formados na Espanha, enquanto o país precisa desses profissionais. Segundo dados do conselho, atualmente há na Espanha 541 enfermeiros para cada 100 mil habitantes. Um número bem abaixo dos 797 profissionais, em média, que atuam em outros países da União Europeia.

Para os conselhos de profissionais há duas opções claras para ajudar os enfermeiros em busca de uma colocação no mercado de trabalho: ou esses profissionais buscam uma oportunidade por conta própria ou dependem do auxílio de uma agência especializada em recolocação – tendência que cresce cada vez mais. Normalmente elas recrutam enfermeiros espanhóis para atuarem em outros países e oferecem um tipo de ajuda diferenciada, como conseguir um lugar para o profissional morar, pagar o primeiro mês de aluguel, além de assegurar um valor mínimo, por semana, de remuneração, horários flexíveis e outras vantagens trabalhistas.

O destino desses profissionais que estão deixando a Espanha nos dias de hoje daqui há alguns anos ainda é incerto. Muitos afirmam que gostariam de voltar para seu país, porém, com melhores condições de trabalho, salários mais altos mais oportunidades de colocação no mercado de trabalho.

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