Mundo | 10 de dezembro de 2013

Consumo de antidepressivos dispara pelo mundo

Uso dobrou na última década, gerando preocupação entre especialistas
Consumo de antidepressivos dispara pelo mundo

Com a propagação dos diagnósticos de depressão e prescrições de medicamentos, o uso de antidepressivos disparou pelo mundo, dobrando a quantidade de usuários na última década. De acordo com o levantamento da Organisation for Economic Cooperation and Development (OCDE), em alguns países, um em cada 10 adultos é aconselhado a tomar antidepressivos, sendo Islândia, Austrália, Canadá e países nórdicos europeus líderes no assunto. A forma e a frequência com a qual os comprimidos estão sendo administrado tem gerado preocupação entre os médicos.

Muitos psiquiatras concordam que os antidepressivos são indicados para doenças graves. Porém, aconselhamentos e terapias (como a terapia cognitivo-comportamental – TCC), são igualmente eficazes a longo prazo, mas são pouco usados em muitos países. Mais de quatro mil europeus participaram de uma pesquisa feita por cinco importantes veículos de comunicação da Europa (The GuardianLe MondeLa StampaGazeta Wyborcza e Süddeutsche Zeitung).

Os dados da OCDE mostram a Islândia com a maior taxa de prescrição, com 105,8 doses diárias para cada mil habitantes em 2011, contra 70,9 em 2000 e 14,9 em 1989. A Austrália chegou à marca de 80 em 2011, contra 45,4 em 2000; o Canadá, 85,9 em 2011 contra 75 em 2007. No Reino Unido, as taxas quase dobraram na última década, alcançando 70,7 para cada mil pessoas. A menor taxa foi a do Chile, com 12,8 doses diárias em 2011.

O relatório de saúde da OCDE revela que o aumento do consumo pode ser explicado pela prescrição de antidepressivos para casos mais leves. Enquanto o uso aumenta vertiginosamente, as taxas de diagnósticos não aumentam na mesma proporção. Nos EUA, mais de 10% dos adultos consomem o medicamento. Já na China, esse mercado cresceu cerca de 20% nos últimos três anos. Em Portugal e na Espanha, a taxa de 20% no aumento do consumo ocorreu nos últimos cinco anos.

Desde 2008, a venda de antidepressivos no Brasil subiu 48%. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os próximos 20 anos são preocupantes. Segundo levantamento da instituição, em 2020 a depressão será a segunda doença mais prevalente do mundo, atrás somente do infarto agudo do miocárdio. Além disso, estima-se que em 2030 o transtorno psiquiátrico já ocupará a primeira colocação de enfermidades, à frente inclusive do câncer e da AIDS.

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