Estatísticas e Análises | 21 de fevereiro de 2017

Concussão no futebol: o perigo para as crianças

Recomendação para crianças com menos de 14 anos não cabecearem a bola
Concussão no futebol o perigo para as crianças

Em jogos de futebol, é comum ver um lance com bolas altas, escanteios ou cruzamentos com o intuito de dar a chance para o atacante cabecear e fazer o gol – ou o zagueiro defender um ataque adversário. O que o cobrador do escanteio não sabe é que talvez ele esteja contribuindo para que seu colega tenha problemas no sistema nervoso central. Assim como no futebol americano, o futebol (soccer) também oferece riscos aos jogadores por causa das concussões.

De acordo com o estudo realizado pelo National Institutes of Health e pela Dana Foundation, um impacto – mesmo não intencional – pode causar sintomas no sistema nervoso central e impactos consecutivos tem uma associação ainda mais forte com concussões.

“O que é novo aqui é que cabecear é uma causa de sintomas de sistema nervoso central, alguns deles provavelmente devidos a eventos concussivos”, disse um dos autores da pesquisa, Dr. Lipton.

Ele apontou que durante o estudo, cabeceadas estavam acontecendo em grande quantidade durante uma janela de duas semanas, e que a associação com sintomas foi independente de outras colisões. Os pesquisadores observaram o efeito da circunferência do pescoço, notando que a força do pescoço ajuda a estabilizá-lo, e protege das concussões.

“A ideia é: se você tem um pescoço longo e estreito, com músculos pouco desenvolvidos, e a bola acerta sua cabeça, ela será golpeada com maior amplitude, levando a maior potencial de lesão e sintomas”, explica.

De acordo com o pesquisador, em atletas mulheres, é provável que o futebol seja o esporte com maior risco de concussão. De todos os esportes praticados na escola, o futebol feminino fica atrás apenas do futebol masculino em termos de risco de concussão. “As mulheres têm menor chance de ter um evento concussivo simplesmente porque não participam tanto de atividades que têm esse tipo de risco, mas elas têm maior probabilidade de apresentar sintomas persistentes como resultado de uma concussão”, informa.

Não existem diretrizes abordando o ato de cabecear para jogadores adultos de futebol nos Estados Unidos. Órgãos que supervisionam o futebol juvenil recomendam que crianças com menos de 14 anos não devem cabecear a bola, pelo menos em competições, disse o Dr. Lipton.

Um artigo do Dr. Lipton e colaboradores que não investigou sintomas, e sim alterações cerebrais na RNM e funcionamento cognitivo, esclareceu que pode haver uma quantidade segura de cabeceadas no futebol.

“Nós descobrimos que para as pessoas que cabecearam de 800 a 1.000 vezes ao longo do último ano o risco de alterações cerebrais detectáveis era significativamente elevado, e para que a função cognitiva fosse afetada, era necessário mais de 1800 cabeceadas no último ano”, fala.

Lipton destacou que não está claro onde exatamente fica o limite, e que ele provavelmente varia entre os indivíduos. Como o estudo incluiu apenas jogadores de futebol adultos no nordeste dos Estados Unidos, os resultados não podem ser generalizados para adolescentes e crianças mais jovens, ou mesmo para jogadores de outros locais. As implicações de longo prazo das associações entre impacto craniano e sintomas no sistema nervoso central ainda não estão totalmente claras.

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