Gestão e Qualidade | 24 de agosto de 2016

Como os pacientes internados podem ajudar na diminuição de erros

3 dicas para que a estadia hospitalar seja mais segura 
Como os pacientes internados podem ajudar na segurança assistencial

Pacientes e prestadores de serviços devem tomar medidas para reduzir a probabilidade de erros relativos à prática assistencial, algo que infelizmente ocorre, mas muitas vezes, pode ser evitado.

Erros médicos – ou de qualquer outro profissional de saúde – já foram apontados como a terceira maior causa de morte nos EUA segundo pesquisadores da Johns Hopkins University School of Medicine, que constataram que, no país, mais de 250 mil mortes por ano são atribuídas a erros médicos. Os números, no entanto, são contestados.

Para comparar, no mesmo período o CDC (sigla em inglês para Centros de Controle e Prevenção de Doenças) registrou 150 mil óbitos por problemas respiratórios. O CDC não contabiliza essas mortes causadas por fatores humanos nas estatísticas oficiais nacionais. A equipe da Johns Hopkins alerta que o método utilizado pelo CDC falha ao não incluir erros médicos das certidões de óbito.

Ao jornal British Medical Journal, Martin Makary, pesquisador do Johns Hopkins Hospital, afirmou que “os índices de mortes diretamente atribuídas aos erros médicos não são considerados por nenhum método padronizado nas estatísticas nacionais”.

Como salienta artigo do portal Future of Health Care News, “alguns hospitais são mais seguros do que outros, os pacientes devem avaliar classificações hospitalares como a pontuação na segurança hospitalar, comparar instituições e relatórios de consumidores para encontrar um local mais seguro para si e suas famílias. Mas é importante lembrar que nenhum hospital é perfeitamente seguro, e até mesmo nos melhores, erros ainda acontecem”.

Os profissionais – médicos, enfermeiros e outros prestadores – se dedicam diariamente para evitar essas falhas, adotando medidas como a lavagem das mãos para evitar infecções e o uso da tecnologia para impedir erros de medicação, e ainda, cuidando e ajudando o paciente com dificuldades de se movimentar ou o movimentando para evitar escaras (lesão na pele e no tecido subjacente causada por pressão prolongada na pele, comum em pacientes imobilizados).

Os hospitais que conquistam certificações como as acreditações ONA e Joint Commission, por exemplo, demonstram maior interesse em serem orientados e avaliados por entes externos, com foco em processos que contribuem para níveis mais elevados de segurança do paciente.

“Apesar disso, é extremamente importante que os pacientes também sejam pró-ativos para se protegerem no hospital. Há três etapas principais que todos os pacientes devem tomar”, afirma o artigo. São eles:

1. Trazer um membro da família ou um amigo

Isso vale tanto para a entrada quanto na saída do hospital. Os pacientes devem pedir para que um parente ou alguém próximo faça visitas todos os dias. Desta forma, mesmo quando o paciente não está se sentindo bem, esta pessoa pode estar alerta, fazer perguntas, fornecer informações importantes e intervir se houver algum problema. Mais importante, busque saber se esta pessoa que irá acompanhar você se encontra na melhor condição de saúde possível, que não esteja resfriada por exemplo. O acompanhante também deve lavar sempre as mãos quando se aproximar de você ou for entrar no quarto. Os móveis do quarto devem ser sempre limpos, pois podem conter agentes patogênicos (como bactérias, fungos e vírus) trazidos de outras pessoas, podendo desencadear infecções.

2. Estar alerta e falar

Durante a internação, o paciente (ou seu ente querido) deve tomar notas para acompanhar o que está acontecendo. Por exemplo, deve verificar se cada profissional lava as mãos antes de realizar um atendimento. Uma maneira de abordar esta questão é perguntar: “Posso não ter visto, mas você lavou suas mãos?”.

3. Conheça os seus medicamentos

Isso inclui o quanto o paciente deveria estar tomando o medicamento e por que ele está sendo administrado. Os pacientes devem levar uma lista de todos os medicamentos para o hospital para que o médico possa ter certeza de que não haverá uma interação prejudicial com algo novo que pode ser prescrito. Se uma pílula ou quantidade de medicamento parece diferente um dia, o paciente deve falar e perguntar o motivo, para se certificar de que não está sendo administrado algo por engano.

Quando os prestadores de serviços de saúde trabalham juntos para evitar erros, é mais fácil perceber potenciais erros antes que eles causem danos. Da mesma forma, “os pacientes são uma parte importante da equipe de cuidados de saúde, e ficar vigilante durante uma internação hospitalar pode reduzir muito a probabilidade de um resultado não esperado”.

Todos os pacientes podem deixar o hospital mais saudável do que quando chegaram. Mais do que receber o atendimento correto, “ao falar para seus prestadores que ficar seguro também é importante para eles, e é um trabalho de duas vias, pacientes e responsáveis pelos cuidados assistenciais podem garantir que um hospital esteja livre de danos e erros”, conclui o artigo.

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