Gestão e Qualidade, Mundo | 28 de setembro de 2015

Como os hospitalistas inovaram o sistema de saúde norte-americano

Artigo analisa a importância do médico que se dedica exclusivamente aos cuidados de pacientes hospitalizados
Como os hospitalistas inovaram o sistema de saúde norte-americano

Na década de 1990, um novo modelo de atendimento hospitalar começou a surgir nos EUA, sendo definido pela primeira vez em 1996, pelo Professor Robert Wachter, médico e chefe do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia, São Francisco: a medicina hospitalista. O termo – publicado pela primeira vez no New England Journal of Medicine, descreve o modelo onde o médico com formação clínica assume a liderança assistencial, garantindo o cuidado de todos os pacientes internados, independentemente do acompanhamento de um especialista. Os profissionais trabalham em equipe, de forma colaborativa. A diferença entre o médico tradicional, na prática, é que este costuma atender no consultório, visitando seus pacientes no hospital, enquanto o hospitalista assume uma maior disponibilidade, ajudando a esclarecer ao paciente detalhes do tratamento, desempenhando suas funções dentro da rotina do hospital.

No último dia 27 de setembro, Dr. Watcher escreveu um artigo para o The Wall Street Journal, destacando o importante papel do hospitalista na inovação da prestação de serviços.

“O modelo tradicional para os cuidados hospitalares nos EUA era aquele em que o clínico geral recebe o paciente, que fica sob seus cuidados no hospital. Embora este modelo pareça ser muito recomendado – afinal, todos querem ser cuidados pelo seu médico de confiança – na realidade, não funcionou muito bem. Os médicos no atendimento básico são extremamente ocupados. Assim, quando os pacientes adoecem, ou são tratados a esmo por vários especialistas, não há ninguém para servir como o maestro da orquestra”, avaliou o Dr. Watcher. Na sua visão, ” como os cuidados hospitalares tornaram-se mais rápidos e mais caros, as desvantagens do modelo tradicional ficaram cada vez mais evidentes”.

Em resumo, o hospitalista assume o papel de gestão hospitalar de um paciente. É um médico que, logo após a residência, se dedica exclusivamente aos cuidados de pacientes hospitalizados.

“A função surgiu, inicialmente, em mercados com intensa pressão de custos, ou em estabelecimentos com líderes com visão de futuro. Dados demonstram substancialmente menores custos e internações mais curtas, sem efeitos adversos sobre os resultados ou satisfação dos pacientes”. As melhorias são evidentes e estimulam a mudança. “A American Hospital Association estima que existam cerca de 50 mil hospitalistas nos EUA, sendo o mais rápido crescimento na história da especialidade médica”.

“Esta nova especialidade surgiu em uma época em que os sistemas de saúde começaram a se concentrar mais na melhoria da qualidade, na eficiência e na segurança do paciente. Naturalmente, hospitalistas assumiram essas metas com um zelo incomparável às especialidades tradicionais”.

Com a solidificação da especialidade, hospitais e clínicas procuraram esses profissionais para qualificar seus serviços. “Na Universidade da Califórnia, quase metade dos médicos-líderes são hospitalistas”, revelou Robert Watcher.

O especialista diz que, embora os sistemas de saúdes não evoluam tão rapidamente quanto necessário, “a história do hospitalista oferece esperança, demonstrando a capacidade do sistema de se submeter à mudança, mesmo que perturbadora. As chaves são articular uma visão a respeito do porquê a mudança pode levar a melhores resultados e mais eficiência; conduzir pesquisas que demonstrem que as vantagens teóricas do novo modelo são, de fato, reais; e, por fim, a navegar nas complicadas águas financeiras, políticas e regulatórias”. Conclui, o articulista “Isso não é fácil, mas isso pode ser feito”.

 

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