Gestão e Qualidade | 8 de fevereiro de 2021

Primeira paciente a receber transplante de coração na Santa Casa em 2021 tem alta após nove meses internada 

Cirurgia levou cerca de oito horas para ser concluída
Primeira paciente a receber transplante de coração na Santa Casa em 2021 tem alta após nove meses internada

Teve alta nesta segunda-feira (08/02), na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, a paciente que recebeu o primeiro transplante de coração realizado em 2021 na instituição hospitalar gaúcha. Elaine Terezinha Costa Vaz, de 69 anos, sofria de miocardiopatia dilatada de causa valvular, condição que a fazia se sentir muito cansada e debilitada, sem forças para realizar as atividades mais comuns do cotidiano. E, devido à gravidade do seu estado de saúde, a paciente precisou aguardar pelo órgão internada no hospital. Foram oito meses – em plena pandemia – de expectativa e esperança vividos no confinamento em um dos quartos do Hospital São Francisco da Santa Casa. Agora, dona Elaine sonha em planejar e viver tudo aquilo que não pôde usufruir nos últimos 40 anos, devido a sua saúde: “Quando a pandemia passar, vou poder curtir a minha vida como nunca pude, sair para passear e viajar são as coisas que eu mais espero poder fazer. Agora, tenho saúde para poder aproveitar a vida”, planeja a paciente.

Enquanto o órgão compatível não era disponibilizado, a médica Fernanda Barth, integrante da equipe da cardiologia clínica coordenada pelo médico Paulo Leães, tentou, por diversas vezes, tirar a medicação da paciente – de uso exclusivo no ambiente hospitalar – para que ela pudesse ir para a casa aguardar pela cirurgia, devido ao risco de contrair Covid no hospital. “Mas ela evoluía muito mal e todas as vezes tive que retornar com o remédio, que ajudava o coração a funcionar um pouco melhor”, explica Fernanda.

Primeira paciente a receber transplante de coração na Santa Casa em 2021 tem alta após nove meses internada_

Durante os nove meses de internação, dona Elaine fez alguns quadros de infecção, coletou cinco vezes PCR para Covid e nunca se infectou, mesmo tento dito contato próximo com pessoa infectada. A médica, com quem a paciente manteve uma relação de muita proximidade e carinho durante os longos e isolados meses de internação, descreve dona Elaine como uma “pessoa positiva, resiliente, com muita fé e muita vontade de viver. E ela sempre disse que tudo daria certo, mesmo sabendo de todos os riscos de um insucesso”. Fernanda diz ter aprendido muito com esta paciente, que, para ela, foi o caso mais bonito que ela já vivenciou na sua história como médica: “Ela nos ensinou muito sobre acreditar, ter fé e não desistir. Sua vontade de viver é tão grande, que muitas vezes ela que me motivou a continuar”.

Para minimizar os efeitos do isolamento, a médica chegou a levar diversos livros – como Pollyana e O Pequeno Príncipe – e jogos de caça-palavras para que os dias até o tão esperado transplante passassem mais rápido. Neste período, dona Elaine fez dois quadros infecciosos muito graves, sendo que em um deles ela precisou ficar no ventilador mecânico e com balão intra-aortico, dispositivo utilizado para aumentar um pouco o débito cardíaco do seu já tão fraco coração. A médica relembra que, nos oito meses que antecederam ao transplante, muitas foram as vezes em que a paciente quase não resistiu: “Quando ela estava quase perdendo a chance de transplantar pois suas pressões pulmonares já estavam ficando elevadas, na pior semana dela, chegou o coração. Foi incrível! O coração chegou aos 45 minutos do segundo tempo, quando ela estava quase nos deixando”, recorda-se.

Primeira paciente a receber transplante de coração na Santa Casa em 2021 tem alta após nove meses internada__

Após um ato de extrema generosidade de uma família que recém havia perdido seu ente querido, a cirurgia de transplante de dona Elaine teve início às 22h do dia 13 e foi finalizada na manhã do dia 14, levando em torno de oito horas para ser concluída. Esteve à frente do procedimento, que, para dona Elaine foi “a maior alegria” da sua vida, o cirurgião cardíaco Estevan Letti, da equipe do médico Fernando Lucchese.



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