Durante o recente Congresso da Associação Americana de Oncologia Clínica (ASCO), nos EUA, o biólogo Leroy Hood, do Seattle’s Institute for Systems Biology, apresentou o conceito de uma medicina “4P” – preditiva, personalizada, preventiva e participativa. A expectativa do especialista é que isso possa fazer parte do cotidiano em até 10 anos.

Sua apresentação, baseada em pesquisas de neurobiologia e imunologia, provocou a plateia de milhares de especialistas de como a medicina viverá uma revolução nesta década. A leitura é que uma enorme quantidade de informação – inclusive celular e molecular – será correlacionada com dados médicos e utilizadas em favor de cada indivíduo.

O projeto do Dr. Wood envolve mais de 100 mil pessoas saudáveis, que serão seguidas por três a cinco anos e analisadas diversas vezes ao longo do período, com o objetivo de identificar modificações relacionadas à transição de saúde para doença. O projeto vai durar de 20 a 25 anos e revisará aspectos como sequência de cromossomos, sensibilidade a insulina, sistema linfático, proteínas ligadas a vários órgãos, padrão de sono, atividade cardíaca e do intestino.

Para o oncologista do Sistema de Saúde Mãe de Deus, Dr. Stephen Stefani, que esteve na ASCO, a identificação do ponto de transição e os mecanismos precoces de doenças são o início da reversão deste processo da doença para saúde. O sequenciamento genético, que há pouco era muito lento e caro, passou a ser um processo rápido e com valores razoáveis, explica o oncologista.

O mais importante, conclui o Dr. Stefani, talvez seja o fato de que a pouca aplicabilidade prática em curto prazo se tornou uma ferramenta de tomada de decisão imediata em vários cenários do tratamento do câncer. Uma paciente com câncer de mama, por exemplo, pode se beneficiar de exames de análise genética que define se o seu caso é de alto ou baixo risco, evitando a utilização de remédios muito agressivos.