Estatísticas e Análises | 20 de abril de 2023

Tire as suas dúvidas sobre a vacina bivalente contra a Covid-19

Médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, Paulo Ernesto Gewehr Filho, elucida as principais questões sobre a vacina bivalente
Tire as suas dúvidas sobre a vacina bivalente contra a Covid-19

A vacinação bivalente contra a Covid-19 foi iniciada no Brasil em fevereiro deste ano, mas os níveis de adesão seguem em baixa. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), pouco mais de 13% do público-alvo tomou o imunizante no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, o número sobe para 18% – ainda bem inferior ao esperado. A desaceleração do contágio por Covid-19 e a nova nomenclatura da vacina podem estar entre os principais motivos da baixa adesão.

Para esclarecer dúvidas recorrentes da população, que também podem ser um fator relevante para a pouca aderência, o médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, Paulo Ernesto Gewehr Filho, elucida as principais questões sobre a vacina bivalente.


PUBLICIDADE

NAXIA-DIGITAL


1. Qual é a diferença da vacina bivalente para as que estavam sendo aplicadas anteriormente?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – A bivalente é a versão mais atualizada da vacina que nós temos utilizado no Brasil. Enquanto as primeiras vacinas continham apenas a cepa original, a bivalente acrescenta as cepas variantes BA.4 e BA.5, sublinhagens da variante Ômicron, que circulam no Brasil há 3 anos. Assim, essa atualização visa aumentar a eficácia da vacina, principalmente em relação aos desfechos mais importantes, que são a internação e a morte.

2. A população pode confiar nestas novas vacinas?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – Essa vacina foi testada em estudos multicêntricos com populações de diferentes regiões do mundo, obedecendo a rigorosos critérios de segurança e qualidade de diversas organizações regulatórias internacionais na área da saúde. É importante lembrar que, apesar da diminuição importante do impacto da pandemia, nós ainda temos mortes em decorrência da Covid-19, sendo necessário continuar a vacinação.


PUBLICIDADE

oncologia-tratamento-cancer


3. Quais são as reações mais comuns das vacinas bivalentes?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – Até o momento, os dados mostram que a bivalente apresenta o mesmo perfil de reações de outras vacinas que já conhecemos. Em ampla maioria, são reações locais que podem acontecer, como dor, inchaço ou vermelhidão no local da aplicação, e dor de cabeça, mialgia, calafrios e febre. No geral, são reações autolimitadas e fugazes, que desaparecem em questões de horas e não impactam de forma importante as atividades diárias dos indivíduos.

4. Quem pode tomar a vacina bivalente?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – A vacina está licenciada para uso no Brasil a partir dos doze anos de idade. O Ministério da Saúde organizou a distribuição prioritária neste momento para grupos específicos por entender que eles estão sob maior risco de internações e morte. Primeiro, está sendo chamada a população de idosos, que vivem em instituições de longa permanência, imunocomprometidos e, na sequência, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, gestantes e puérperas, trabalhadores da área da saúde, pessoas com deficiência permanente e populações privadas de liberdade e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.

5. E quem não se vacinou até agora, pode tomar direto a bivalente?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – Neste momento, nós temos as vacinas monovalente disponíveis em toda a rede de saúde. Elas são eficazes e seguras. Dessa forma, a indicação para quem ainda não se vacinou é que procure os postos de vacinação e faça a primeira e a segunda dose com essas vacinas. Na sequência, o reforço vai ser com a bivalente, conforme a programação do Ministério da Saúde. O importante é lembrar que os imunodeprimidos, que pertencem a um grupo especial, têm um esquema primário de três doses. Estes, que já tomaram uma ou duas doses, devem fazer a próxima dose com a bivalente.


PUBLICIDADE

ZG SOLUCOES GLOSAS SS 600


6. Como o senhor prevê que a pandemia vai se comportar daqui para a frente?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – Conforme analisamos os dados da pandemia, percebemos o sucesso no resultado das campanhas de vacinação, apoiadas com outras medidas de prevenção. Isso se reflete na diminuição da mortalidade, de internações hospitalares e de ocupação dos recursos do serviço de saúde. Neste sentido, com a constante evolução do vírus para novas variantes, vamos precisar de vacinas atualizadas e de reforços vacinais periódicos, principalmente para os grupos de maior risco.

7. Qual será o futuro da Covid no mundo?

Paulo Ernesto Gewehr Filho – A Covid-19 está migrando em direção a uma infecção respiratória endêmica de menor impacto na população e com possibilidade de apresentar mais casos nos meses frios, assim como a gripe. Mas ainda precisamos acompanhar a rápida evolução deste vírus e as maneiras que ele tenta escapar da proteção do nosso sistema imunológico e da proteção vacinal. Podemos ter mudanças importantes nos próximos meses, sendo indicada a vacinação sazonal para os grupos de maior risco associada à campanha de vacinação da gripe, assim como alguns cuidados adicionais de prevenção.

Crédito da foto: Divulgação Hospital Moinhos de Vento

 



VEJA TAMBÉM