Gestão e Qualidade | 29 de dezembro de 2016

Os 10 maiores perigos em Tecnologia de Saúde para 2017

Lista aponta riscos que merecem maior atenção de profissionais e instituições de saúde
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Anualmente, o Grupo de Dispositivos de Saúde da organização sem fins lucrativos ECRI Institute (ECRI’s Health Devices Group), dos EUA, elabora uma lista que identifica possíveis fontes de perigo que merecem maior atenção para o próximo ano. A lista é acompanhada por estratégias práticas que hospitais e prestadores de saúde podem adotar para reduzir os riscos.

Os erros potencialmente mortais que podem ocorrer com grandes volumes infundidos por bombas de infusão, constituem o principal risco para a saúde que os hospitais e médicos devem focar em 2017, de acordo com o ECRI. A lista anual de “armadilhas tecnológicas” elaborada pela instituição de pesquisa também inclui riscos de infecção com instrumentos reutilizáveis e dispositivos heater-cooler (aquecedores-refrigeradores), bem como supervisão de softwares de gerenciamento e desafios de monitoramento de opióides.

O diretor-executivo do Health Devices Group da ECRI, David T. Jamison, disse ao portal Medscape Medical News que “a segurança tecnológica pode, muitas vezes, ser ignorada quando os líderes hospitalares lidam com tantos outros problemas”.

“Como um laboratório de testes de dispositivos médicos independente e uma instituição investigadora de incidentes relacionados à tecnologia, sabemos o que pode dar errado e quais os passos que os hospitais podem tomar para reduzir os danos ao paciente relacionados a tecnologias e processos específicos”, acrescentou Jamison.

Os erros de infusão estão em 1º lugar entre os riscos de tecnologia para o próximo ano.

“Pode ser mortal se simples passos de segurança são ignorados”, observa o grupo. Embora as modernas bombas de infusão de grande volume incorporem características que reduzam o risco de erros de infusão, esses mecanismos de segurança não podem eliminar completamente todas as potenciais falhas, e os próprios mecanismos podem falhar, indicam os especialistas.

“O ECRI continua recebendo relatórios e investigando incidentes de fluxo descontrolado de medicamentos para o doente – uma circunstância potencialmente fatal conhecida como ‘fluxo livre’ – e outros erros de infusão. Felizmente, como o ECRI aponta no seu guia de orientação, algumas simples etapas podem ajudar a encontrar erros de uso e falhas antes de o paciente ser afetado”, diz o artigo.

O instituto revela que, em muitos dos relatórios de incidentes, danos poderiam ter sido evitados se a equipe tivesse notado sinais de danos físicos causados por componentes da bomba de infusão; se os grampos na tubulação intravenosa fossem usados apropriadamente; e se fosse checada a câmara de gotejamento para detectar um fluxo inesperado da medicação.

Em 2º lugar entre os perigos está a limpeza inadequada de instrumentos reutilizáveis complexos

– incluindo duodenoscópios. Este item está no topo da lista, segundo o grupo de especialistas, “em parte devido à gravidade dos riscos de infecção e persistência do problema. O ECRI Institute “vê regularmente relatos de instrumentos médicos contaminados sendo apresentados para uso em um paciente”.

Muitas vezes, a falta de atenção nas etapas de limpeza dentro do protocolo de reprocessamento é um fator que contribui para os riscos. “Os estabelecimentos de saúde devem verificar se instruções de reprocessamento compreensíveis estão disponíveis para o pessoal, e se todos os passos são consistentemente seguidos, incluindo uma limpeza prévia do dispositivo no local de uso. O Medscape Medical News lembra que incidentes com  duodenoscópios contaminados foram muito relatados em 2015.

No número 3 da lista estão as falhas de alerta de ventilação mecânica.

“Os dispositivos fornecem terapia de manutenção da vida, e um alarme perdido pode ser mortal”, observa o grupo. As principais preocupações incluem a “fadiga do alarme”, situação na qual a equipe está sobrecarregada, distraída ou desensibilizada com o número de avisos que se ativam e as “falhas de notificação de alarme”, nos quais os alarmes não são comunicados efetivamente ao pessoal.

O número 4 na lista dos principais perigos deste ano é a “depressão respiratória induzida por opiáceos não detectada”.

O grupo diz que “verificações pontuais a cada poucas horas de oxigenação e ventilação do paciente são inadequadas”. Eles recomendam que as unidades de saúde implementem medidas para monitorar continuamente a adequação da ventilação desses pacientes.

O risco de infecção com dispositivos heater-cooler usados em cirurgia cardiotorácica estão em 5º lugar.

Os aparelhos são muitas vezes necessários durante cirurgias para aquecer ou esfriar pacientes como parte de seus cuidados. São ferramentas especialmente importantes para cirurgias que envolvem o coração, pulmões, esôfago e outros órgãos do tórax. Esses sistemas foram identificados como uma fonte potencial de infecções por micobactérias não tuberculosas em cirurgia cardíaca.

“A probabilidade de infecção durante a cirurgia não é totalmente compreendida. No entanto, estas infecções podem ser fatais e resultarem em mortes de pacientes”.

Em outubro de 2015, a agência reguladora norte-americana, Food and Drug Administration (FDA) publicou recomendações para todos os dispositivos heater-cooler para ajudar a prevenir e gerenciar os riscos de contaminação e minimizar a exposição do paciente ao ar expelido pelo aparelho, que pode estar contaminado.

Completando os dez maiores riscos tecnológicos que o ECRI Institute apontados para o próximo ano são:

6. As falhas em softwares de gestão que colocam doentes e os dados dos doentes em risco

7. Riscos de radiações ocupacionais em salas de operação híbridas

8. A distribuição automatizada de armário de armazenamento de medicamentos e erros de uso que podem causar problemas de administração de drogas

9. Uso incorreto e mau funcionamento do grampeador cirúrgico

10. Falhas de dispositivos causadas por produtos e práticas de limpeza

O guia pode ser baixado gratuitamente (em inglês) através do site do ECRI.

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