Estatísticas e Análises | 4 de fevereiro de 2020

Inca estima que Brasil poderá ter 625 mil novos casos de câncer em 2020

No dia Mundial do Câncer, entidades lançam estudos
Inca estima que Brasil poderá ter 625 mil novos casos de câncer em 2020

Segundo projeções do INCA, o Brasil poderá ter 625 mil novos casos de câncer em 2020. A maior parte dos casos acometerão os homens, 50,3%, enquanto as mulheres podem alcançar 49,7%. As informações foram divulgadas em material publicado pelo Instituto, que é ligado ao Ministério da Saúde.

O lançamento do Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil coincide com o Dia Mundial do Câncer (4 de fevereiro). Segundo o INCA, a data torna-se ainda mais relevante para a conscientização em todo o mundo porque a epidemia global de câncer tende a aumentar nos próximos anos.

Atualmente, 7,6 milhões de pessoas no planeta morrem em decorrência da doença a cada ano. Dessas, 4 milhões têm entre 30 e 69 anos. A menos que sejam tomadas medidas urgentes para aumentar a conscientização sobre a doença e desenvolver estratégias práticas para lidar com o câncer, a previsão para 2025 é de 6 milhões de mortes prematuras por ano, conforme projeção do Instituto.

Estima-se que 1,5 milhão de mortes anuais por câncer poderiam ser evitadas com medidas adequadas. A Organização Mundial da Saúde tem como meta reduzir em 25% os óbitos por doenças não transmissíveis até 2025.

Estimativa 2020 traz a projeção do INCA para os casos novos de câncer para cada ano calculados a partir das informações coletadas pelos 27 Registros de Base Populacional existentes no País, que, por sua, vez, integram os dados dos 321 Registros Hospitalares de Câncer. De acordo com a publicação, os cânceres mais incidentes no País no período serão os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago. Os números são apresentados por tipo de câncer (19 localizações no total), sexo, regiões do País, estados e capitais.

O câncer de mama nas mulheres, por exemplo, corresponde a 29,7 % dos casos previstos para 2020. O de próstata atinge o índice de 29,2 no publico masculino.

Acesse Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil.

Câncer aumentará em países pobres e de baixa renda, estima OMS

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende a necessidade de melhorar os serviços relacionados ao câncer em países de baixa e média renda. A OMS alerta que, se a tendência atual continuar, o número de casos de câncer aumentará 60% nos próximos vinte anos. O maior aumento no número desses novos casos (estimados em 81%) ocorrerá em países de baixa e média renda, onde as taxas de sobrevivência são atualmente as mais baixas.

Isso se deve em grande parte ao fato de que esses países tiveram que dedicar os limitados recursos de saúde disponíveis a eles para combater doenças infecciosas e melhorar a saúde materno-infantil, de modo que os serviços de saúde não estejam equipados para prevenção, a realização de testes de diagnóstico e o correto tratamento do câncer. Em 2019, mais de 90% dos países de alta renda demonstraram ter amplos serviços para tratar o câncer em seus sistemas públicos de saúde, em comparação com menos de 15% dos países de baixa renda.

Desigualdades econômicas

“Este é um alerta para que todos lutem contra desigualdades inaceitáveis entre entre os países ricos e pobres”, diz o Dr. Ren Minghui, vice-diretor geral de cobertura universal de saúde e doenças transmissíveis e não transmissíveis, Organização Mundial da Saúde.

“Quando as pessoas têm acesso aos sistemas de atendimento primário e de referência, é possível detectar o câncer a tempo, tratá-lo adequadamente e curar o paciente. O câncer não deve ser uma sentença de morte para ninguém, em nenhum lugar do mundo. Apesar dessas desigualdades, não é impossível avançar nos países mais pobres…”.

Ren Minghui (OMS)

Ren Minghui (OMS)

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Segundo Ren Minghui, dois relatórios (em inglês) lançados pela OMS podem contribuir para minimizar as consequências do câncer:

WHO report on cancer: setting priorities, investing wisely and providing care for all

World Cancer Report: Cancer Research for Cancer Prevention

A OMS destaca ainda a existência de uma ampla gama de medidas já comprovadas para evitar a ocorrência de novos casos de câncer. Entre elas:

– Controlar o consumo de tabaco (responsável por 25% das mortes por câncer),

– Vacinação contra o HPV (em função da relação direta com o câncer de colo do útero),

– Realização de testes para diagnóstico e tratamentos adequados,

– Aplicação de medidas gestão da doença e uso de recursos adequados, e

–  Tornar os cuidados paliativos mais acessíveis, incluindo o tratamento da dor.

“Nos últimos 50 anos, testemunhamos avanços impressionantes na pesquisa sobre prevenção e tratamento do câncer”, diz Elisabete Weiderpass, diretora do CIIC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer). “O número de mortes devido a esta doença foi reduzido. Os países de alta renda adotaram programas de prevenção, diagnóstico precoce e triagem que, juntamente com os tratamentos adequados, ajudaram a reduzir a mortalidade prematura em 20% entre 2000 e 2015, segundo cálculos. Pelo contrário, em países de baixa renda, a mortalidade prematura foi reduzida em apenas 5%. Todos devem se beneficiar igualmente desses avanços. A dificuldade estará na limitação de alguns países para tratamentos com base em vários critérios, como custo, viabilidade e eficácia”, explica.

 

 

 

 

 

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