Estatísticas e Análises | 30 de março de 2016

Hospital de Clínicas de Porto Alegre avaliará eficácia de drogômetros

Etapa final prevê testes com ações nas ruas, como o Balada Segura
Hospital de Clínicas avaliará eficácia de drogômetros

Um projeto de pesquisa do Centro Colaborador em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) dará início a testes com equipamentos que identificam o uso de drogas em motoristas a partir da saliva, popularmente chamados de drogômetros. Os trabalhos deverão ter início em abril e serão executados com apoio do Detran/RS e da Polícia Rodoviária Federal.

Em coletiva realizada no HCPA, na manhã de 30 de março, o coordenador do projeto e chefe do Serviço de Psiquiatria de Adição do HCPA e do Centro Colaborador em Álcool e Drogas HCPA/Senad, médico Flávio Pechansky (foto), destacou que este projeto-piloto é inspirado em pesquisas que ocorrem em diversos países. “Já foram feitos testes informais, mas com um método cuidadoso, para ver a performance técnica dos aparelhos, é o primeiro do Brasil”.

O estudo é dividido em três fases, sendo que duas estão concluídas. Primeiramente, foram avaliadas as tecnologias disponíveis e utilizadas por autoridades de diversos países, para a detecção de substâncias psicoativas utilizadas por condutores. “Existem vários dispositivos, fizemos uma leitura do que há de melhor no mundo”, explica o Dr. Pechansky. Cinco drogômetros (das fabricantes Ultimed, Alere Nacional e Internacional, Drager e America Biomedica) foram escolhidos para uso nos testes. Na segunda etapa, os resultados foram apresentados e debatido entre gestores, para analisar a possibilidade de implementação.

Por fim, a terceira etapa, projetada para iniciar em abril, prevê o estudo-piloto. Semelhante ao bafômetro, os drogômetros serão usados por uma equipe de pesquisadores que acompanhará agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Detran-RS em ações nas ruas, como o Balada Segura. “Quando o policial identificar um condutor em condição imprópria para dirigir, informará aos coletadores. Eles são treinados para abordar a pessoa e fazer um convite para participar. A pessoa pode se negar a fazer”, enfatiza o Dr. Pechansky. O estudo não tem caráter punitivo ou para apreender. “Nosso objetivo é identificar a performance dos aparelhos. O direito à privacidade estará garantido”.

Serão duas variantes de dados: cerca de 250 condutores voluntários darão uma amostra de saliva (1ml) que permite a leitura das substâncias em torno de 7 minutos, e posteriormente o exame será feito no HCPA para confirmação, ou não, do resultado. Por outro lado, 50 agentes de trânsito também serão entrevistados, para saber se o aparelho é prático, funciona bem, é fácil de manusear, entre outros detalhes técnicos.

“Nossa perspectiva é apresentar os resultados durante o Congresso Internacional de Álcool, Drogas e Segurança no Trânsito, que ocorre em outubro em Gramado”, prevê o especialista.

Drogômetro

Os drogômetros podem detectar de cinco a oito classes de substâncias psicoativas, como cocaínicos, canabinoides, metanfetaminas, opioides e benzodiazepínicos. Os aparelhos que serão testados não estão homologados, ou seja, não podem ser usados para punição apenas para coleta de dados.

Coletiva_HCPA

Coletiva de imprensa realizada no Hospital de Clínicas, dia 30

 

VEJA TAMBÉM