Estatísticas e Análises | 13 de janeiro de 2023

Hanseníase: tratamento adequado evita transmissão da doença

Brasil é o segundo país no mundo em número de casos, atrás apenas da Índia
Hanseníase tratamento adequado evita transmissão da doença

O verão, época em que o corpo fica mais exposto, pode ser um bom momento para prestar atenção aos sinais que a pele apresenta e que nem sempre são percebidos. E se as manchas forem acompanhadas de perda ou alteração de sensibilidade para calor, dor ou tato, é preciso rapidamente procurar atendimento médico porque pode se tratar de hanseníase.

 “É uma doença infecciosa, causada por uma bactéria e, por isso, transmitida a outras pessoas pelas gotículas de saliva dos doentes e que são eliminadas ao falar, tossir ou espirrar, sendo difícil que a transmissão ocorra pela pele. Desta forma, é importante avaliar todos os contatos domiciliares de pacientes com o diagnóstico”, afirma a dermatologista da Oncoclínicas RS, Dra. Clarissa Prati.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país no mundo em números da doença, ficando atrás apenas da Índia. Entre 2016 e 2020, foram diagnosticados 155.359 casos de hanseníase no país. Desses, 86.225 ocorreram em homens, o que corresponde a 55,5% do total. Essa predominância foi observada na maioria das faixas etárias e com maior frequência nos indivíduos entre 50 e 59 anos, totalizando 29.587 pacientes nesse grupo. A boa notícia é que se trata de uma doença que tem cura.


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 A dermatologista explica que a hanseníase é tratada de acordo com seu tipo clínico, através de medicações sistêmicas que devem ser utilizadas por todo o período recomendado. Seguir corretamente as orientações auxilia na cura do paciente, evitando a transmissão e que a doença volte a surgir. A indicação é a poliquimioterapia e consiste na combinação de antibióticos que devem ser utilizados por até 18 meses, a depender da classificação da doença. Às vezes, ao longo dessa jornada, o paciente apresenta reações imunes, que exigem outras medicações e intervenções.

 “A hanseníase tem cura e o  tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde, podendo ser feito em casa, sob a supervisão de equipes de saúde pública”, destaca a especialista. Essas pessoas também devem receber apoio psicológico quando necessário, tendo em vista todo o estigma que a hanseníase ainda carrega. “As campanhas de conscientização sobre a doença têm como objetivo esclarecer e alertar para o diagnóstico precoce, mas também para a necessidade de compreender que estes pacientes tratados não transmitem mais, mesmo que apresentem incapacidades e deformidades visíveis trazidas pela doença”, frisa.

Prevenção

A melhor forma de evitar a hanseníase é identificar e tratar precocemente, fazendo rastreamento em todos os contatos domiciliares e, assim, cortando o ciclo de transmissão. A doença afeta a porção neural e, por isso, potencialmente ataca os mecanismos de defesa, como a capacidade de sentir dor, a visão, o tato e, assim, aumentam os riscos de acidentes, queimaduras e amputações. As lesões primárias da doença e as reações que ocorrem ao longo do curso dela também podem trazer deformidades físicas, impactando a qualidade de vida dos doentes.

Assim como a hanseníase, as alterações na pele sempre devem ser olhadas com atenção porque podem ser indício de outras doenças, como o câncer de pele não melanoma, que é o tipo mais frequente no País. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse tumor maligno é responsável por 31,3% do total de casos oncológicos e embora tenha baixos índices de mortalidade, se não for detectado e tratado adequadamente, pode também deixar mutilações.

 



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