Departamento de Regulação do RS inova ao utilizar Inteligência Artificial contra o suicídio
Diretor da Regulação gaúcha, Eduardo Elsade, apresenta iniciativa pioneira em primeira mão em evento da FEHOSUL/AHRGS e SINDIHOSPA“Um sistema de saúde isento de regulação está condenado ao caos”. Assim definiu o diretor do Departamento de Regulação da Secretaria Estadual da Saúde do RS (DRE/SES), Eduardo Elsade, em palestra do Seminários de Gestão: Tendências e Inovações em Saúde, ocorrido no dia 9 de dezembro, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O palestrante abordou a evolução das regulações no sistema de saúde brasileiro, que permitiram a criação do Departamento, em 2008, a evolução do órgão estadual e a implementação de novas tecnologias do Sistema Estadual de Urgências em Saúde do RS, com a apresentação de aplicativos inovadores desenvolvidos e do programa pioneiro de Inteligência Artificial da Secretaria criado para detectar com antecedência possíveis casos de suicídio.
O evento, já tradicional na agenda da saúde gaúcha, atualmente em seu quarto ano consecutivo, é promovido pela Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), em parceria com a Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS) e o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA). Tendências e Inovações em Saúde foi o tema desta edição do Seminários de Gestão – a quinta em 2019.
O patrocínio desta edição foi do Banrisul; da empresa de tecnologia Pixeon, do laboratório farmacêutico MSD; e da operadora de planos de saúde Unimed Porto Alegre. A certificação foi concedida pela faculdade Fasaúde/IAHCS, e os apoiadores foram IAHCS Acreditação, CBEXs, CNSaúde e Naxia Digital. O veículo oficial do evento é o portal Setor Saúde.
Departamento de Regulação Estadual do Rio Grande do Sul (DRE/SES)
Elsade abordou a implementação, pela Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES), do Departamento de Regulação Estadual do RS (DRE/SES), em 2008. O palestrante abordou os processos regulatórios que foram implementados historicamente no Brasil, citando que o DRE/SES surgiu após as Portaria 2.048/2002 (que aprovou o Regulamento Técnico dos Sistemas de Urgência e Emergência) e 1.559/2008 (que implantou a Política Nacional de Regulação).
Entre as responsabilidades do Departamento está a de propor e pactuar a Política Estadual de Regulação Assistencial, considerando necessidade, demanda e serviços de saúde contratados; estabelecer normas e padrões para funcionamento das Centrais de Regulação sob gestão estadual; e manter contato permanente com complexos reguladores e centrais de regulação sob gestão municipal, com a finalidade de alinhar processos e potencializar resultados.
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Elsade explicou como estão organizadas as subdivisões de Centrais dentro do Departamento. Ele abordou a atuação da Central Estadual de Regulação Ambulatorial, Central Estadual de Transplantes e Central Estadual de Urgências (com três subdivisões: Central Estadual de Regulações do Samu, Central Estadual de Regulação Hospitalar e Central Estadual de Regulação em Saúde Mental). “Temos a maior Central de Regulação do SAMU do Brasil”, destacou Elsade.
O palestrante também salientou a importância, na gestão da saúde de emergência, da integração entre órgão de segurança pública e saúde. “Essa integração é fundamental para lidar com desastres que proporcionem múltiplas vítimas, novas doenças e epidemias que surgem ou reaparecem”, destacou. Elsade ressaltou o desafio que as redes sociais, com notícias falsas (Fake News) impõem atualmente, principalmente em relação às vacinas. “Hoje precisamos lutar contra falsas notícias, sem base científica, que trazem desinformação e nos obrigam a atuar para impedir a volta de doenças que já estavam erradicadas”. Esta situação tira recursos – cada vez mais escassos – de todo o sistema de saúde, impactando o planejamento das políticas públicas, explicou.
Ganho de tempo para salvar vidas (App Chamar 192)
O palestrante apresentou o aplicativo para celulares Chamar 192 – SAMU, o primeiro aplicativo nacional do tipo. O aplicativo facilita o acionamento do Serviço Móvel de Urgência (Samu), em casos de urgência. Ao fazer a ligação por meio dele, o médico regulador que conversar com o solicitante terá acesso antecipado a informações básicas e a localização por GPS, agilizando o processo de regulação e a chegada da ambulância.
Como foi demonstrado na palestra, o médico que atender ao telefonema saberá previamente informações básicas e localização via GPS de quem chama por socorro, diminuindo o tempo de resposta para a chegada da ambulância. “Ele [aplicativo] nos dá grandes facilidades tecnológicas. Evita a necessidade de identificação de endereço e uma série de dados iniciais, identificando imediatamente o cliente e já realizando os procedimentos. A tecnologia nos dá minutos preciosos no encaminhamento de um atendimento”, destacou o palestrante.
Controle das informações por meio das novas tecnologias
Elsade também apresentou o aplicativo destinado para aos gestores da regulação. O palestrante abriu ao vivo a tela do aplicativo para que o público pudesse ver as funcionalidades.
O aplicativo de gestão SAPH (Solução de Atendimento Pré-Hospitalar), é utilizado pelas equipes de emergência. “Ele permite que os gestores das regiões do Rio Grande do Sul visualizem as suas situações de emergência e urgência”, explicou.
O aplicativo permite o acompanhamento de despachos, em tempo real, das ambulâncias do Rio Grande do Sul. “Temos a possibilidade de acompanhar todo o deslocamento e todos os atendimentos das ambulâncias do Rio Grande do Sul, em tempo real, pelo aplicativo. Essa é uma ferramenta inédita, desenvolvida aqui no nosso estado”, enfatizou.
“Consigo enxergar todos os atendentes da regulação estadual. Todos os médicos que estão logados no Sistema em atendimento neste momento e os casos reais. A tecnologia me mostra ainda onde estão todas as ambulâncias, em um mapa, quem é o motorista, se estão na base ou em deslocamento, e os profissionais que o acompanham. Consigo por exemplo, abrir o aplicativo e informar para o comandante da Brigada Militar, para onde o paciente está sendo deslocado e sua situação atual durante o atendimento”, explicou Elsade. O palestrante ainda explicou que o Departamento está em tratativa para disponibilizar um aplicativo semelhante para a Secretaria de Segurança Pública do RS, que permitirá atendimentos integrados e de maneira mais ágil.
No mesmo aplicativo, o gestor consegue fazer uma pesquisa por data ou nome/dados do paciente atendido, quem atendeu, o percurso e o tempo percorrido, e outas informações.
Inteligência Artificial contra o suicídio: ferramenta ajudou a salvar vida
Elsade apresentou o protótipo do programa de Inteligência Artificial lançado em primeira mão no evento Seminários de Gestão “É a primeira vez que está sendo apresentado publicamente, como deferência aos parceiros presente neste evento”, enfatizou.
O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional de casos de suicídio no Brasil, com taxas acima da média mundial. Diante de dados alarmantes, o governo do RS desenvolveu um programa que utilizar o método de análise de dados e a automatização de modelos analíticos. Com o uso do machine learning (aprendizado de máquina), uma espécie de robô faz mineração de dados em redes sociais, localizando casos de interesse para a saúde pública, como diminuir as taxas de suicídio, podendo ser utilizado também para outras situações.
A atuação inicialmente está sendo feita pelo Twitter, mas o palestrante apontou que o mapeamento será expandido para outras redes sociais (facebook, instagram, etc), fóruns e sites. Elsade explicou que foi montado um grupo de especialistas que criaram um perfil, por meio do histórico nas mídias sociais e dos atendimentos da Saph e do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) é alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças e, com o tratamento dos dados, dos tipos de postagens que levam à situação de suicídio. “Eu posso contar que, no tratamento dessas situações, identificamos uma situação assustadora: só nesse início de atuação, o robô já identificou possíveis 39 grupos de indução ao suicídio atuando no Rio Grande do Sul”, revelou.
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A ferramenta, mesmo que em testes, já foi utilizada com sucesso. “Tivemos um alerta de uma adolescente que estava tentando se suicidar, eu uma live (transmissão ao vivo) na internet. O Corpo de Bombeiros foi acionado e impediu o suicídio”, relatou o palestrante, que explicou que o machine learning permite a geração de um relatório de notificações, gerado pelo robô, apontando aos gestores os resultados da varredura.
O projeto teve como etapas anteriores históricos de mídias sociais e de atendimentos, para então ser criado uma nuvem de palavras que interessem ao robô, como ‘vontade de sumir’, ‘cometer suicídio’, ‘inútil’, dentre outas. Elsade explicou um pouco do processo: “O robô nos dá um score, como frases e palavras, e nos fornece uma página de alerta, para então, analisarmos e tomarmos uma decisão”, como foi no caso da menina que foi socorrida pelos Bombeiros.
Elsade diz que a Inteligência Artificial da Secretaria da Saúde irá atuar em três focos (somente o primeiro já está tendo atuação pelo Programa):
1) Situações de alerta de suicídio, automutilação, agressão a crianças, idosos e mulheres;
2) Denúncias de atendimentos de saúde em emergências e Samu; e
3) Rastreamento de ações anti-vacina.
Leias as matérias das palestras anteriores
O poder das soluções de BI para lidar com indicadores hospitalares
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