O Superintendente Executivo (CEO) do Hospital Moinhos de Vento é o primeiro participante da série especial de entrevistas com executivos de hospitais, operadoras e clínicas do Brasil. Mohamed Parrini anuncia investimentos vultosos: R$ 150 milhões em novo prédio de internação, R$ 24 milhões em um moderno Centro Cirúrgico no Pontal Shopping e R$ 40 milhões em iniciativas voltadas para a Transformação Digital da instituição. Estão sendo realizados ainda aportes em uma planta fotovoltaica (geração de energia solar) e na ampliação do Instituto de Pesquisa.

O executivo aprofunda ainda as principais conquistas em 2023. Ele explica que a instituição hospitalar atua com um trabalho estruturado que tem auxiliado a enfrentar os desafios do setor hospitalar, especialmente no que tange à sustentabilidade financeira. Ações e esforços para aperfeiçoar a eficiência, mantendo a função social e a sustentabilidade econômico-financeira também são detalhados por Parrini. Entre as diretrizes ou eixos estratégicos estipulados para o ciclo 2024, o CEO do Hospital Moinhos apresenta as ações mais importantes previstas para o período. Por fim, Parrini fala sobre tendências e/ou inovações ditarão os rumos da saúde nos próximos anos e elenca gargalos e ineficiências que precisam ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde em 2024. Confira. 

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Conquistas de 2023

Conforme Parrini, a atuação do Hospital Moinhos está focada em pilares como a educação, a pesquisa, a inovação e a alta complexidade. O CEO destaca que os resultados alcançados neste ano mostram a solidez do trabalho que a organização está conduzindo.

“O Hospital Moinhos de Vento tem o firme propósito de cuidar das pessoas. Nossa visão de longo prazo está comprometida em desenvolver uma saúde mais sustentável e equânime para os brasileiros – estamos com 29 projetos em andamento a fim de avançar nos nossos pilares estratégicos.”

“Embora sejamos um hospital privado, somos uma instituição sem fins lucrativos. Todo o lucro que geramos é reinvestido em nossa instituição, e cerca de 50% é destinado para apoiar o setor público, especialmente o Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, somos o terceiro melhor hospital do Brasil, estamos entre os quatro melhores da América Latina e entre os 150 melhores hospitais do mundo, de acordo com os dados mais recentes.”

“Recentemente, o Hospital Moinhos de Vento foi reconhecido na edição 2023 do Anuário Época Negócios 360°. Somos a melhor empresa do Brasil no segmento da saúde, além de ter destaque em áreas como ESG, visão de futuro, governança corporativa, pessoas e inovação. Além disso, novamente estamos entre os melhores hospitais do ranking da Newsweek“, comemora Parrini.

Neste ano,  o Hospital Moinhos ampliou o leque de serviços: “inauguramos o Centro da Memória, o Centro da Mulher e o Centro do Homem e o Núcleo de Neurofisiologia. Além disso, entregamos a Clínica Moinhos Teresópolis (foto abaixo), fortalecendo nossa presença na Capital e na região Metropolitana”, detalha.

“Na inovação, agregamos novas tecnologias, com mais um robô Da Vinci e as tecnologias Rezum e Spy-Phi. Chegamos a mais de 200 pesquisas ativas, somando o Instituto de Pesquisa e o Proadi-SUS. Na responsabilidade socioambiental, avançamos também com ações como o Certidão da Vida (foto abaixo) e investimentos em energia renovável. Destaque ainda para o apoio essencial do Instituto Moinhos Social para a comunidade, como nas grandes enchentes que afligiram o Estado, com nossa presença in loco com atendimento de saúde, bem como doação de alimentos e vouchers para aquisição de eletrodomésticos.”

“Esse trabalho estruturado tem nos auxiliado a enfrentar os desafios do setor hospitalar, especialmente no que tange à sustentabilidade financeira. As questões de financiamento, tanto do setor público quanto dos planos de saúde, ainda estão longe de serem superadas por todas as instituições. Temos também os reflexos das instabilidades econômicas, especialmente do mercado internacional, que pressionam custos e logísticas”, analisa o executivo.

“Enfrentar isso passa por planejamento, disciplina e pelo investimento no conhecimento e nas pessoas, para que possamos cuidar melhor de quem nos busca. Mas cuidar das pessoas não é só do paciente, é dos nossos profissionais, é das nossas pessoas, é dos familiares, nossos alunos, nossos professores, nossos pesquisadores, em todos os níveis da vida deles. E pensando neles, buscamos ser resilientes, agregar tecnologias, mas sem jamais perder de vista a dimensão humana, que nos leva a alcançar todos esses resultados”, completa.

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Principais investimentos 

“Com investimento de R$ 150 milhões, o Hospital Moinhos de Vento está dando início às obras de um edifício destinado à internação, equipado com 33 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) específicos para pacientes pós-cirúrgicos, adultos e pediátricos. O projeto abrange aproximadamente 8 mil m² e inclui a construção de uma moderna Central de Materiais Esterilizados (CME), além de prever aumento significativo na capacidade total de leitos de UTI da instituição. Também contempla a expansão das salas de Angiografia e do Bloco Cirúrgico”, anuncia.

“Também estamos investindo cerca de R$ 24 milhões em um moderno Centro Cirúrgico no Pontal Shopping, em Porto Alegre. O espaço deve ser inaugurado em 2024 e será destinado a procedimentos de baixa e média complexidade, ocupando mais de 600 m2², com quatro salas cirúrgicas de última geração”, detalha.

“Além disso, investimos mais de R$ 2,5 milhões na ampliação do Instituto de Pesquisa, que recebeu novas salas que possibilitam aumentar o recrutamento de participantes de estudos clínicos”, completa Parrini.

“O Hospital investe constantemente na transformação digital. Os datacenters e o parque tecnológico foram atualizados e novos protocolos de segurança foram aplicados nas estações de trabalho. No programa de robotização e de Inteligência Artificial (IA), o Hospital iniciou ações em duas frentes: governança de dados e data lake.”

“Até o final de 2025, o Hospital Moinhos de Vento deve investir em torno de R$ 40 milhões em Transformação Digital, na qual o 5G é um componente central para o fluxo e a conectividade de soluções que aprimorem a segurança, a estrutura e o acesso a dados e que avancem ainda mais na digitalização da jornada do paciente e nos canais digitais da instituição”, destaca.

“No que diz respeito à sustentabilidade, o Hospital Moinhos de Vento, primeira instituição hospitalar do Sul do Brasil a ter 100% da energia consumida vinda de fontes renováveis, investirá R$ 1 milhão em uma planta fotovoltaica, que ficará sobre um dos estacionamentos do complexo de saúde. Assim, a energia de salas anexas ao Hospital, além dos anexos administrativos, será oriunda das placas solares — e não mais por meio do que é distribuído pela concessionária estadual.”

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Diversificação da receita atrelada a outros negócios

O Superintendente Executivo do Hospital Moinhos de Vento apresenta ainda os movimentos mais recentes da organização que ajudam a evidenciar os esforços para aperfeiçoar a eficiência, mantendo a função social e a sustentabilidade econômico-financeira da organização.

“A sustentabilidade econômico-financeira é uma preocupação permanente da instituição. Seguimos trabalhando intensamente na diversificação da nossa receita atrelada a outros negócios diretamente correlacionados ao core business. Esses movimentos estão em linha com nosso planejamento estratégico, dentro do qual temos objetivos como a ampliação da geração de valor, por meio de melhores desfechos e qualificação contínua da experiência do paciente, e a proteção do mercado atual e busca de novos negócios”, pontua.

“Neste sentido, destaco movimentos que temos realizado, como a inauguração de nossa nova sede da Faculdade Moinhos, em 2022, que seguimos em fortalecimento constante. Na pesquisa, ampliamos nosso Instituto de Pesquisa, que já superou a marca de 150 protocolos ativos. Associado a isso, os estudos conduzidos pelo Proadi-SUS estão transformando a saúde não apenas em nossa instituição, mas em todo o país.”

“A qualificação dos nossos serviços é um trabalho permanente, para o qual dedicamos uma série de investimentos. Além de iniciativas como o Centro da Memória e o Núcleo de Neurofisiologia, inaugurados este ano, lançamos a Clínica Teresópolis e, no próximo ano, teremos nossa unidade no Pontal Shopping , consolidando um hub de atendimento de norte ao sul da capital e, também, na região metropolitana”, completa.

“Investimos na formação dos nossos profissionais e, também, na melhoria contínua da eficiência operacional, seja com a implementação de tecnologias, revisão de processos, ou mesmo com ações conectadas à responsabilidade socioambiental. Enfatizo nosso uso de energia renovável, que hoje é responsável por 100% daquilo que consumimos na sede — e que ampliamos, este ano, aos anexos administrativos. Mais uma vez, recebemos o Selo Ouro do GHG Protocol relativo às emissões de gases de efeito estufa. E contamos com nossa Central de Transformação de Resíduos (foto abaixo), projeto inovador pelo qual aproveitamos o que seria descartado para gerar produtos reciclados, como papel, sacos de lixo ou biomassa.”

“Essas iniciativas repercutem na excelência contínua para os pacientes, mas não ficamos somente neles: o Moinhos beneficia pessoas em situação de vulnerabilidade com as ações do Instituto Moinhos Social, que ganhou ainda mais força neste ano. Foram muitas ações e novas parcerias firmadas, com promoção de saúde, esporte, cidadania e assistência para quem mais necessita. Destaco especialmente nosso atendimento às pessoas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul (foto abaixo), a quem levamos serviços de saúde, alimentos, vestuário e vouchers para aquisição de eletrodomésticos”, complementa.

“Tudo isso forma um ciclo virtuoso que traz melhoria da eficiência, reforça nossa função social e atua em favor da sustentabilidade econômico-financeira do Hospital Moinhos.”

Eixos estratégicos estipulados para o ciclo 2024

Parrini reforça que o foco do Hospital para 2024 está em três grandes pilares: educação, pesquisa e inovação; e alta complexidade, diretrizes do planejamento estratégico 2022-2026.

“Abriremos muito em breve novos cursos de pós-graduação e um programa de mestrado e doutorado, ampliando nosso escopo na disseminação do conhecimento e formação de profissionais de excelência. Na pesquisa, já estamos entre os três maiores do Brasil em ensaios clínicos, vendo um crescimento expressivo em protocolos, pacientes e receita. Já o Atrion, nosso centro de inovação, que hoje está conectado a mais de 400 startups no país, terá avanços em seu programa de incubação. E na alta complexidade, estamos investindo para entregar novos leitos de terapia intensiva e novas salas cirúrgicas, além de seguir com olhos atentos para as novidades nos diversos centros mundiais, buscando incorporar ainda mais inovações ao cuidado médico-assistencial”, detalha Parrini.

Tendências e/ou inovações que ditarão os rumos da saúde 

“Antigamente, as inovações na medicina levavam décadas, às vezes séculos para surgirem. Agora, todo dia temos alguma novidade que muda a forma como tratamos doenças, como prevenimos quadros de saúde, como fazemos procedimentos.”

“Veja-se o caso das cirurgias: se hoje temos robôs operando pacientes, logo teremos médicos conduzindo os procedimentos de qualquer parte do mundo, graças ao desenvolvimento do 5G e do 6G”, analisa o CEO do Hospital Moinhos.

“Temos também a telemedicina, que já se tornou algo corriqueiro em muitas instituições. Há também os chamados wearables, que podem transmitir à distância para os médicos dados como frequência cardíaca, pressão, oxigenação do sangue, entre outros, permitindo uma avaliação em tempo real.”

“Estamos passando para uma medicina cada vez mais personalizada e preditiva, com as nossas ações direcionadas a prever quando uma doença pode surgir. Aí entram mapeamentos genéticos, medidas de manejo e tratamentos para impedir ou abreviar o surgimento de uma enfermidade”, entende Parrini.

Na visão de Parrini, as instituições precisam estar preparadas para lidar com essas realidades. “E o Hospital Moinhos de Vento acompanha isso de perto, procurando incorporar novas tecnologias ao nosso dia a dia. Temos hoje um dos parques robóticos mais diversificados da América Latina, já passando dos 3 mil procedimentos. Novos espaços como o Laboratório de Patologia, Genética e Biologia Molecular e o Centro da Memória, por exemplo, são mostras do nosso compromisso com o futuro.”

“Também procuramos levar isso para nossa Faculdade Moinhos, que conta com salas de aula inovadoras, ambientes de simulação realística, realidade virtual, robôs e outras tecnologias, proporcionando que o aluno seja capacitado no que há de mais moderno na saúde.”

Gargalos e ineficiências que precisam ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde em 2024

“Os desafios da saúde não são poucos e, também, não são simples de serem resolvidos. Exigem esforços e atitudes de todos os atores para que cheguemos a soluções que, ao final, ofereçam caminhos para a sustentabilidade do setor e, sobretudo, garantam a dignidade e qualidade no atendimento das pessoas.”

“No nosso caso, como instituição que opera na rede suplementar, a relação com as operadoras é sempre algo sensível — um levantamento de setembro divulgado pela Anahp mostra um total de R$ 2,3 bilhões a receber pelos hospitais, considerando apenas 48 estabelecimentos. Não vamos superar isso sem que haja um debate franco, que veja cada engrenagem como essencial para a máquina seguir funcionando”, afirma Parrini.

“Temos ainda a interoperabilidade, que segue como um desafio do setor. Essa desconexão faz com que os planos de saúde precisem de informações cruciais dos pacientes, atrasando a colaboração médica. Temos de usar as inovações tecnológicas para avançar numa integração que coloque o paciente no centro”, adiciona.

“Em termos macroeconômicos, é preciso estar atento aos movimentos nacionais e internacionais. Por aqui, temos questões como a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, que podem trazer reflexos no dia a dia. Externamente, há sempre uma preocupação principalmente com a logística de insumos, por conta dos conflitos como da Ucrânia e, agora, as possíveis instabilidades entre Venezuela e Guiana, ao nosso lado.”

“A qualificação da atenção primária e dos hospitais públicos seguirá como nosso foco, dentro do Proadi-SUS. Completamos 15 anos como parte dessa iniciativa, que vem transformando para melhor os serviços das instituições de todo o país. Investimos, nesse período, mais de R$ 700 milhões em projetos que lideramos ou participamos, com impacto direto na vida das pessoas, em áreas como segurança do paciente, emergências e prevenção e manejo de doenças como sífilis, HPV, HIV, AVC e asma”, informa Parrini.

Papel da transformação digital e da inovação

No final da entrevista, Parrini aprofunda o papel da transformação digital e da inovação no planejamento estratégico da instituição. “Destaco as conquistas significativas para o Atrion, que reforçou ainda mais as contribuições para a inovação em saúde no Brasil. Realizamos o programa de incubação, que contou com mais de 50 startups inscritas, das quais seis foram selecionadas para desenvolver e ampliar suas soluções nos próximos 24 meses.”

“Tivemos também as Chamadas de Inovação Aberta, promovendo projetos com startups, e 11 edições do Atrion Meetings, que reuniram mais de 300 participantes para palestras e apresentação de cases. Criamos este ano a Rede de Mentores do Atrion, que selecionou 109 profissionais, demonstrando o engajamento da comunidade para contribuir com nossas iniciativas.”

“Marcamos ainda presença em eventos como o South Summit Brazil (foto acima), como serviço oficial de saúde, e no Gramado Summit, como curadores, reforçando nossa presença e conexão com o ecossistema de inovação. Com essas ações, reforçamos o compromisso em impulsionar soluções disruptivas em saúde, solidificando nossa posição como referência no cenário nacional”, finaliza Parrini.

 Fotos do CEO: Karine Viana.