Mundo | 6 de outubro de 2014

Antioxidantes mostram eficácia no tratamento de miopatia

Estudo francês traz novas esperanças para pacientes com distrofia muscular
miopatia muscular

Os resultados de uma pesquisa clínica que analisou a Distrofia Muscular, uma miopatia comum e severa, foram publicados recentemente na revista Free Radical Biology & Medicine e dão esperanças a pacientes com esta doença genética que, gradualmente, enfraquece os músculos.

Esta publicação confirma a eficácia de um tratamento com antioxidantes, desenvolvidos no Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), em um trabalho liderado pela pesquisadora Dalila Laoudj-Chenivesse. Foram realizados exames no Hospital Universitário de Montpellier. “A função muscular em pacientes que receberam suplementação melhoraram significativamente”, diz a coordenadora, em reportagem do jornal Le Figaro.

Os 53 pacientes utilizaram um coquetel de vitamina C e vitamina E, dois antioxidantes durante 17 semanas. Depois desse período de tratamento, ambos os critérios de eficiência – testes de força do quadríceps e uma caminhada de dois minutos – mostraram sinais significativos de melhora para os pacientes que tomaram antioxidantes, em comparação aos que receberam placebo.

O estudo francês envolveu uma amostra relativamente pequena, mas foi conduzido de forma duplo-cega (nem o paciente nem o médico sabem se estavam lidando com o tratamento real ou placebo) e os resultados são convincentes. O tratamento passará a ser oferecido a todos os pacientes com miopatia que buscarem atendimento no Hospital da Universidade de Montpellier.

“É um passo muito importante, que dá aos pacientes a esperança de retardar a progressão da doença até um tratamento mais completo das disfunções que causam a degradação do músculo,” destacou a professora Alexandra Belayew, da Universidade de Mons (Bélgica) e descobridora do mecanismo genético responsável pela miopatia. A doença é causada pela ativação anormal do gene DUX4, que causa uma superabundância de radicais livres, moléculas oxidantes, resultando na perda da proteína muscular. Várias equipes dos EUA e da Europa estão trabalhando em abordagens terapêuticas semelhantes, para evitar a ativação do gene DUX4.

Os radicais livres são moléculas altamente ativas capazes de reagir com um elevado número de componentes dentro das células. Assim, causam o mau funcionamento, quando a sua presença não é mais controlada por mecanismos celulares apropriadas. “Identificamos os radicais livres que causam o estresse oxidativo significativo nas células doentes, e encontramos elementos que foram capazes de contrariar esta atividade”, completa Alexandra Belayew. Ela ressalta, contudo, que “os radicais livres são importantes para o bom funcionamento das células, e, aleatoriamente, tomar o coquetel de antioxidantes pode fazer mais mal do que bem”.

 

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