As iniciativas de inovação na área de saúde, as startups que trouxeram novidades ao setor e a formação de uma cultura de empreendedorismo aos profissionais da saúde foram alguns dos temas abordados pelo coordenador do BioHub da PUC-RS, Carlos Klein, atração da Live Ecossistemas de inovação em saúde.O evento foi apresentado no Instagram do coordenador de pós-graduação da Faculdade de Tecnologia em Saúde (Fasaúde/IAHCS), doutor em Epidemiologia, professor Paulo Petry.

Klein explicou inicialmente que o BioHub é uma iniciativa da PUC-RS, que aposta em uma política de expansão da área de pesquisa da Universidade. O coordenador destacou a pesquisa da PUC-RS ganhou enorme projeção, e que várias iniciativas são da área da saúde.

“Grande parte da pesquisa na PUC é na área da saúde. Hoje a PUC tem mais de 100 grupos de cadastrados no CNPQ na área da saúde e ciências da vida. Temos um conjunto de esforços importante, e o BioHub surgiu como um esforço de conexão dessas estruturas de pesquisa. Eu estou ligado ao Tecnopuc e ao Hospital São Lucas. A ideia do BioHub é conectar talentos e conhecimentos para geração de negócios inovadores nas ciências da vida. Esse é o nosso desafio, que sejam criados novos empreendimentos”, explicou.

Ecossistemas de inovação

Klein explicou que houve uma mudança de paradigma em relação às inovações – antes fechada, agora aberto. “Eu acredito que a inovação aberta vem da abundância de conhecimento”, disse. “Hoje, o conhecimento está abundante. E isso impactou na maneira como realizamos a inovação. E isso ocorre atualmente através de um ecossistema, onde cada um conecta as suas contribuições, para promover os avanços a um custo menor e numa velocidade maior”, completou.

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No BioHub, Klein afirmou que “a ideia é dinamizar esse ecossistema de inovação” existente em Porto Alegre. Ele destacou que a capital gaúcha é, na sua visão, o segundo maior polo de saúde do Brasil. “Dada a importância das nossas escolas, temos 130 cursos superiores só na área da saúde na cidade e aproximadamente 30 mil alunos na área. E temos outro componente importante: mais de 25 hospitais e mais de 7.500 leitos, então temos um conjunto de ofertas de serviços de saúde invejável. E esses são dois elementos muito importantes para que as pessoas se conectem. Por isso, falamos em ecossistema da saúde”, ponderou.

Petry reforçou a necessidade de inovação na área da saúde. “Hoje sentimos falta, nessa área de alta complexidade, de insumos e tecnologias que sejam nossas. E aí acredito que entra fortemente o papel da inovação”, analisou.

Pesquisa e startups

Para Klein, está ocorrendo uma segunda leva de startups na área da saúde.

“Tivemos uma primeira leva de startups da área da saúde, que eu classificaria com uma densidade tecnológica baixa, mais baseadas em usar as ferramentas digitais disponíveis e digitalizar alguns processos na área da saúde. E agora começamos a ver uma segunda onda. Agora, começo a enxergar a aplicação de tecnologias para resolver problemas de saúde, não atendimentos ao paciente”, explicou.

Como exemplo, Klein citou um startup que ele observou recentemente que desenvolveu uma tecnologia em que se pode enxergar as veias de um paciente, facilitando o processo de punção.

Klein pontuou que o desafio no BioHub é conectar e transformar as pesquisas em negócio. “Fazer a conexão do mundo da pesquisa com o mundo do empreendedorismo, para termos novos empreendimentos na área da saúde, e que possamos trazer mais prosperidade para todos”, disse.

Cultura do empreendedorismo na formação dos profissionais

Petry questionou a Klein como implementar a cultura do empreendorismo na formação dos profissionais da área da saúde. Para Klein, o empreendedorismo na área da saúde é um grande desafio e que merece muita atenção.

Klein destacou que, nas universidades, há um desafio de conectar pesquisadores com o empreendedorismo, por se tratar de perfis de atuação diferentes. Ele ainda afirmou que outro desafio é que as universidades possam fomentar, desde o início, a formação de empreendedorismo aos alunos. “Destaco que, na PUC, isso já está bem desenvolvido, o que é bem surpreendente. Já temos diversas disciplinas, então o empreendedorismo já está bem consolidado nos currículos. Também há diversas iniciativas paralelas que incentivam”, explicou.

 Impactos da inovação na saúde

Questionado sobre os impactos da inovação na área da saúde, Klein colocou três exemplos (segundo ele, fazem parte da “primeira leva” das inovações, como explicado anteriormente):

– na Santa Casa de Porto Alegre, um projeto realizado com uma startup presente na Escola de Informática da UFRGS, em 2016, em que se desenvolveu um sistema de higienização de leitos. “Era um carrinho com um tablet embarcado que ajudava na comunicação do status de higienização dos leitos para os profissionais de limpeza”. Klein explica que a iniciativa teve impacto na diminuição do tempo da troca de leitos.

– no Tecnopuc, uma startup que realiza escalas para profissionais de Enfermagem por meio de Inteligência Artificial, otimizando o tempo de organização mensal das escalas. De acordo com o coordenador, é um aplicativo em que os profissionais informam as datas pretendidas para folga. “Com esse aplicativo que utiliza Inteligência Artificial, passa de 30 para 70% de entrega de folgas desejáveis, aumentando a satisfação dos trabalhadores”. Além disso, otimiza o tempo de organização do calendário de folgas para o gestor.

– a startup WebMed, que faz conciliação financeira do profissional da saúde com o hospital, dando transparência. “O médico consegue acompanhar os procedimentos que ele já fez, o que já foi pago, o que foi glosado. Isso diminui perdas”.

 Financiamento

O financiamento das iniciativas de inovação na saúde, de acordo com o coordenador do BioHub da PUC-RS, provém de editais públicos, de aceleradoras de startups.

Inovação aberta em saúde: necessidade de maior colaboração

Klein explicou que há um grande desafio para realizar inovação em aberta em saúde, que exige maior colaboração e mudança de mindset. “Temos um grande desafio, porque para fazer inovação aberta, precisamos aprender a cooperar e isso exige um grande esforço de mudança de mindset. E a área da saúde é muito competitiva, e temos que migrar para um modelo mais colaborativo. Precisamos unir competidores e investimentos em prol de um objetivo comum”, disse.

O coordenador do BioHub citou a criação, junto com a aceleradora de startups Grow Plus, do Health Plus Inovation Center, um centro de inovação voltado para startups da área da saúde, inaugurado em outubro de 2019. “Já temos duas empresas âncora e sete startups que estão ocupando o espaço. Uma das empresas âncora é o Hospital Ernesto Dornelles, que tem convênio com a PUC e com o Hospital São Lucas para o desenvolvimento de inovação conjunta na área da saúde”, citou.

Assim, poderá ser desenvolvida uma agenda comum de inovação entre as instituições para desenvolvimento de projetos. “Com a pandemia, veio o desafio das teleconsultas. Montamos um time multidisciplinar entre os dois hospitais, trabalhamos nos requisitos necessários para fazer a avaliação e, em duas semanas, conseguimos avaliar oito ferramentas de teleconsulta, para saber qual delas as instituições iria utilizar. Esse é um pequeno exemplo, de algo simples, que pode ser feito por colaboração e está dentro do escopo da inovação aberta. Ou seja, vamos trabalhar juntos, vamos compartilhar experiências”, enfatizou.

Fasaúde Ao Vivo

Esta foi a 11ª edição da Fasaúde Ao Vivo. Todos os eventos são transmitidos pelo Instagram do professor Paulo Petry: @prof_paulo_petry

Os debates têm o apoio da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA), Associação dos Hospitais do RS (AHRGS), Instituto de Acreditação Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS Acreditação) e Portal Setor Saúde.

Leia as matérias com a cobertura das lives já realizadas, com a participação de Robson Morales, Milton Berger, Salvador Gullo, Alex Mello, Fernando Torelly, José Carlos Calich, Jorge Bajerski, Cristiano Englert, Patrícia Prolla e Rogério Tovar.