Gestão e Qualidade | 22 de maio de 2020

Robson Morales e Paulo Petry debatem o papel da liderança do gestor na crise da Covid-19

Fasaúde promoveu a primeira de uma série de atividades online durante a pandemia
Robson Morales e Paulo Petry debatem o papel da liderança do gestor na crise da Covid-19

A Faculdade de Tecnologia em Saúde (Fasaúde) promoveu a Live O papel do gestor hospitalar em momentos de crise: planos de contingência na Covid-19, na quarta-feira (20). O debate foi transmitido pelo Instagram, contando com a participação do professor e doutor em epidemiologia Paulo Petry, coordenador dos cursos de extensão e pós da Fasaúde, e do professor e proprietário da Florence Hotelaria Assistida e Fellow do Colégio Brasileiro de Executivos em Saúde (CBEXs), Robson Morales. O debate contou com apoio da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), Associação dos Hospitais do RS (AHRGS), Instituto de Acreditação Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS Acreditação), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa) e Portal Setor Saúde.

Comitê de Crise

O gestor de saúde e proprietário da Florence disse que a primeira ação de enfrentamento à pandemia em uma instituição deve ser a criação de um Comitê de Crise, e a função do gestor é apontar diretrizes. “Temos de ter calma, tranquilidade e saber entender esse comitê de crise. É importante seguir aquilo que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) determinar”, disse. Além disso, a reorganização do fluxo de pacientes também deve ser estabelecida. O professor Morales tem passagem pela hospital Mãe de Deus e mais recentemente na gestão do Hospital da Unimed.

Morales também destacou que as rotinas dos Comitês de Crise em instituições foram se alterando com a evolução dos casos. Inicialmente, o Comitê de Crise fazia reuniões presenciais, que se alteraram para reuniões sem aglomeração entre os presentes ou discussões virtuais. Ele destaca que a cada semana novas compreensões da doença são assimiladas.

Liderança no governo

Petry questionou sobre o impacto, no Brasil, da falta de uma liderança efetiva no Governo e Ministério para coordenar as ações de enfrentamento. “Qualquer ambiente, seja empresarial ou família, se não houver liderança, o pessoal se perde. Precisamos de alguém que dê o caminho, com a visão do caminho a se seguir. O que acontece no Brasil é que, diferente dos outros países, em que todos estão brigando contra o vírus, aqui estão brigando contra o vírus e muitos contra si. Há muita intriga, fofoca”, analisou Morales.


As mudanças nas rotinas do hospital foram abordadas por Petry, que pediu a recomendação do convidado. De acordo com Morales, houve mudança na circulação do hospital, com redesenho de fluxo dos pacientes, com novas orientações aos profissionais. “Parar tudo e fazer com que as pessoas conheçam o fluxo, fazendo treinamento para que eles compreendam as mudanças”, disse.


O professor Morales também abordou o impacto econômico causado pela pandemia, citando a diminuição de cirurgias eletivas e nos serviços de pronto-atendimento, citando que as instituições devem se preparar para se readequar às novas realidades econômicas. Morales explicou que o pronto-atendimento é a porta de entrada de um hospital. Ela não é lucrativa, mas é nela que se encaminha para os exames, internação e outros procedimentos rentáveis para o hospital. “Com o pronto atendimento vazio, os outros setores param”, completou.

Robson_Morales_Paulo_Petry

“Estamos sob o mesmo temporal, mas com barcos completamente diferentes”

Paulo Petry analisou o avanço epidemiológico da doença, que inicialmente veio importado pelas classes mais altas vindas do exterior e que, agora, circula com mais facilidade em áreas mais pobres. “Dizem que estamos no mesmo barco. Eu digo que não estamos no mesmo barco. Estamos sob o mesmo temporal, mas com barcos completamente diferentes”, analisou, abordando as desigualdades sociais existentes. “A nossa função, como gestor, é informar sobre os hábitos de higiene que devem ser adotados, apesar das condições sanitárias de baixo nível que muitos convivem”, complementou Morales.

Sobre a Florence – que atende idosos, portanto, grupo de risco – Morales disse que houve uma ampla mudança de protocolos. “Trouxemos o vestiário dos colaboradores para a entrada. O colaborador chega, toma banho, troca de roupa, e trabalham com todos os EPIs necessários. Todos os residenciais de Porto Alegre vinculados ao Moderna Idade (grupo de 18 residenciais geriátricos vinculados ao Sindihospa) mantêm contato constante, trabalhando juntos para estabelecer protocolos”, salientou. Além disto, o grupo liderou com o Governo do RS e Secretaria da Saúde protocolos de segurança específicos para os lares de idosos neste momento de pandemia.

No final, Petry perguntou qual a principal lição da Covid-19 para os gestores. Morales respondeu em alguns conceito: resiliência, trabalho em equipe, integração e respeito às pessoas.

Próximo encontro ocorre no dia 27, com o professsor Alceu Alves da Silva

A Fasaúde irá promover mais uma edição da Fasaúde Ao Vivo, com o professor Alceu Alves da Silva, vice-presidente da MV. O encontro debaterá A PANDEMIA NO BRASIL E O IMPACTO NOS HOSPITAIS E NO SISTEMA DE SAÚDE. A atividade ocorre na quarta-feira, 27, às 19h, e será transmitida pelo instagram do professor Petry: prof._paulo_petry 

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