Estatísticas e Análises | 13 de setembro de 2021

Laboratório mostra avanço da Delta em várias capitais brasileiras

Infectologista explica a vacinação heteróloga e destaca importância do reforço com novas doses para conter a variante
Laboratório mostra avanço da Delta em várias capitais brasileiras-

A variante Delta (B.1.617.2) é predominante em mais 50% das amostras avaliadas em Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro, segundo os últimos dados coletados pelo Sistema de Vigilância Genômica desenvolvido pelo Grupo Pardini, por meio de sua equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em colaboração com o Laboratório de Biologia Integrativa do ICB/UFMG. As análises de dados mostraram também que a Delta vem avançando em outras capitais como Fortaleza (33,3%), Brasília (32,4%), São Paulo (29%), Palmas (16,6%), Goiânia (14,2%), Belo Horizonte (10,5%) e Porto Velho (10%).

Desde abril deste ano, o grupo Pardini vem monitorando a dinâmica das variantes da Covid-19 nas principais capitais do Brasil através da rede nacional de laboratórios do Instituto Pardini. Para a coordenadora de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Pardini, Danielle Zauli, esse rastreamento efetivo e em tempo real das variantes contribui para avaliar o cenário da doença no país, além de orientar ações de saúde pública para conter a transmissão da doença.

No último mês de agosto de 2021 foram analisadas um total de 551 amostras distribuídas pelas seguintes capitais: Belém (33), Belo Horizonte (19), Boa Vista (12), Brasília (74), Campo Grande (3), Curitiba (30), Fortaleza (63), Goiânia (56), Macapá (13), Manaus (15), Palmas (36), Porto Alegre (69), Porto Velho (40), Rio de Janeiro (26) e São Paulo (62). As variantes de SARS-CoV-2 foram identificadas através da genotipagem por PCR em tempo real para as mutações N501Y, K417T, K417N e E484K no gene da espícula viral. Além destas, foram incluídas no estudo as mutações L452R, E484Q e P681R também encontradas no gene da espícula viral, com o objetivo de identifi­car a variante Delta. 

delta variante

As capitais da região Norte e Centro-Oeste apresentam os menores níveis da variante Delta, com predominância da variante Gama (P.1). Vale lembrar que o número de amostras investigadas nessas capitais é menor quando comparado com as demais e que esses resultados demonstram a importância do monitoramento dessas regiões para uma maior cobertura regional. 

A estratégia deste sistema de vigilância é o monitoramento constante e em tempo real da dinâmica de todas as variantes já descritas no Brasil, especialmente a variante Delta e a variante Mu. Detectada na Índia pela primeira vez, em outubro de 2020, a Delta tem uma capacidade de transmissão muito maior que outras variantes.  Segundo a infectologista da rede de laboratórios do Grupo Pardini, Melissa Valentini, “a variante Delta está avançando num momento em que mais pessoas estão vacinadas no Brasil. Mas importante observar também que em outros países a variante Delta avançou mesmo com uma população expressiva já vacinada. As vacinas evitaram os quadros graves mas não os quadros leves e assintomáticos e era necessário ter o esquema completo com duas doses para aumentar a proteção. Acredito que por isso, as autoridades brasileiras já devam estar avaliando a necessidade da antecipação da segunda dose da vacina.”

Ainda segundo Melissa Valentini, idosos e pessoas com deficiência de imunidade, têm uma menor proteção pelas vacinas e isso também acontece com as vacinas para COVID-19. “Por isso, são importantes as doses de reforço nessa população, para aumentar a imunidade novamente, depois de passado um certo tempo da primeira dose da vacina”, reforçou a médica. De acordo com ela, estudos têm mostrado a importância e necessidade dessa dose de reforço e ainda validam a vacinação heteróloga, quando é aplicada uma dose diferente da que foi administrada pela primeira vez na pessoa. “As pesquisas mostram que esse método é eficiente e proporciona produção maior de anticorpos e imunidade celular. É Importante que as pessoas que estejam nos grupos chamados para tomar a dose de reforço, compareçam à vacinação”, defende a infectologista.

Conforme nota do Pardini, o material foi elaborado pelo Grupo baseado em seus dados proprietários de processamento e análise internos. “Ele não deve ser considerado um relatório de análise para aplicação e validade estatística para uma população. As informações fornecidas neste documento não devem ser consideradas com elemento único para fins de pesquisa e estatística, benchmarking e análise de tendências de saúde ou de evolução epidemiológica”, diz trecho do documento. 

 



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