Gestão e Qualidade, Mundo | 10 de agosto de 2015

Combate à superbactérias deve ser feito de forma coordenada entre hospitais e governo

Esforços estão sendo feitos de forma isolada alerta órgão norte-americano
Combate à superbactérias deve ser feito de forma coordenada entre hospitais e governo

Para conter o avanço das superbactérias resistentes a antibióticos, é preciso um trabalho conjunto de hospitais, governo e instituições de saúde. É o que sugere o relatório mensal Vital Signs, dos CDC (Centers for Disease Control and Prevention).

Nos EUA, as taxas de infecção podem aumentar cerca de 10% nos próximos cinco anos, atingindo 340 mil pessoas por ano, diz o levantamento. Parte do problema é que as superbactérias estão se espalhando conforme os pacientes infectados vão para diferentes hospitais, clínicas e também suas casas. Os esforços para detectar e prevenir estas infecções estão sendo feitos de forma isolada, o que é preocupante.

“Instituições não podem fazer isso sozinhas”, diz Dr. John Jernigan, autor sênior do trabalho da CDC, no site Healthcare Finance. “Não há muitos lugares onde um esforço coordenado está acontecendo, e acreditamos que é necessário um trabalho muito melhor”.

O estudo focou algumas das bactérias mais perigosas que surgiram em reação ao uso generalizado de antibióticos, entre eles o Staphylococcus aureus resistente à meticilina. Também foram analisados dois outros germes que têm efeitos generalizados sobre o corpo: Enterobactérias resistentes aos carbapenens (CRE), resistente a muitos antibióticos e que os médicos têm poucas formas de combater; e a Pseudomonas aeruginosa, especialmente perigosa para pacientes que precisam de aparelhos respiratórios. Além deles, o C. difficile, que age no intestino e mata baterias de proteção do organismo.

O estudo projetou o futuro da disseminação destas bactérias e duas maneiras de intervir para evitá-la. Um modelo para combater as bactérias analisou as taxas em 10 estabelecimentos de saúde, usando informações médicas sobre os pacientes. O segundo modelo analisou 28 hospitais e 74 asilos em Orange County, na Califórnia. Os dados do CDC estimam três cenários: se os esforços para conter infecções continuarem como estão; se houver aumento de casos; se as instituições trabalharem em conjunto com autoridades da saúde pública.

Segundo o estudo, a abordagem coordenada poderia evitar 619 mil infecções e prevenir 37 mil mortes em cinco anos. Isso iria economizar, para o sistema de saúde, em torno de US$ 8 bilhões. Em relação à CRE, uma ação conjunta pode ser até 74% mais eficiente do que medidas isoladas, de acordo com o modelo da Orange County. “Até o momento, mesmo quando totalmente implementado, este esforço independente não controla adequadamente a instalação e a propagação do patógeno resistente a antibióticos”, alerta o estudo.

Isso porque os pacientes – particularmente aqueles em hospitais de cuidados de longo prazo, onde os pacientes muitas vezes se recuperam durante semanas – espalham as bactérias entre as instalações, quando trocam de local de tratamento. “Se um hospital está fazendo um grande trabalho, mas outro próximo não, os pacientes saudáveis estarão em risco”, pondera o diretor do CDC, Dr. Thomas Frieden.

O CDC apontou locais onde pesquisadores adotaram abordagens eficientes, como em Dakota do Sul. O departamento de saúde pública exige que os centros de saúde notifiquem casos de CRE para que possa ser feito um acompanhamento da disseminação das bactérias e incentiva o trabalho de forma coordenada para reduzir transmissões.

Em Illinois, o departamento de saúde do estado mantém um registro de todos os pacientes infectados com bactérias resistentes aos medicamentos. Quando um hospital ou casa de repouso admite um paciente, é possível verificar no registro para ver se o paciente tem histórico de infecção e, em seguida, tomar as precauções cabíveis.

O órgão federal Centers for Medicare & Medicaid Services começou a multar os hospitais com altas taxas de infecção e outros incidentes de dano ao paciente, mas as punições são baseadas em alguns tipos de bactérias e não se aplicam a outros tipos de serviços de saúde.

“A prevenção coordenada liderada por agências de saúde pública, quando combinada com programas de prevenção nas instalações, têm o potencial de abordar de forma mais completa o surgimento e a disseminação desses organismos”, conclui o relatório.

O Portal Setor Saúde vem abordando a questão dos antibióticos e das superbactérias, saiba mais nos links abaixo:

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