Estatísticas e Análises | 24 de março de 2017

Vegetarianos vivem mais?

Pesquisa analisa os reais ganhos associados ao vegetarianismo
Vegetarianos vivem mais

Nos últimos anos, você pode ter notado que mais pessoas ao seu redor estão se afastando do consumo de carne. O vegetarianismo (não se alimenta de carnes mas consome alimentos de origem animal) e o veganismo (não se alimenta de carne nem de alimentos de origem animal, como queijos) estão se tornando cada vez mais populares.

De acordo com a empresa de pesquisas Roy Morgan Research, quase 2,1 milhões de adultos australianos dizem que sua dieta é completamente ou quase toda vegetariana, o que representa 10% do total. Em outubro de 2012, uma pesquisa do IBOPE apontou que cerca de 8% da população brasileira era adepta do vegetarianismo, algo como 15 milhões de pessoas na época.

Os motivos são variados. As razões incluem o ambiente, respeito ao bem-estar animal e preocupações éticas, crenças religiosas e considerações de saúde. É exatamente o fator saúde que foi investigado na pesquisa da Roy Morgan.

Existem vários estudos existentes sobre o impacto do vegetarianismo na saúde, mas os resultados são difusos e pouco amplos. Um estudo de 2013, que acompanhou mais de 95 mil homens e mulheres nos Estados Unidos de 2002 a 2009, notou que os vegetarianos tinham um risco 12% menor de morte do que os não-vegetarianos. Esses resultados geraram muita repercussão e os defensores do vegetarianismo saudaram o resultado do estudo.

A Austrália, no entanto, realizou outro estudo para confirmar ou não esse resultado. Foi seguido um total de 267.180 homens e mulheres durante uma média de seis anos. Durante o período de acompanhamento, 16.836 participantes morreram. Quando comparado o risco de morte precoce entre vegetarianos e não-vegetarianos, ao mesmo tempo em que foi analisada uma série de outros fatores, não foi encontrado nenhuma diferença estatística relevante, nesta pesquisa.

Essa falta de “vantagem de sobrevivência” entre os vegetarianos não é uma surpresa completa. Em 2015, um estudo no Reino Unido concluiu que os vegetarianos tinham um risco semelhante de morte por todas as causas quando comparados com os não-vegetarianos. Ao contrário dos resultados dos estudos baseados nos EUA.

Mais saudáveis

Isso significa que todos devem deixar de ser vegetarianos e começar a comer carnes? Não necessariamente. É importante reconhecer que na maioria dos estudos os vegetarianos tendem a ser as pessoas com padrões de estilo de vida mais saudáveis do que a normal. Por exemplo, entre os participantes, os vegetarianos eram menos propensos que os não vegetarianos a declarar o uso de cigarro e consumo excessivo de bebidas alcóolicas, não realizar atividade física e estar com sobrepeso/obesidade. Eles também foram menos propensos a problemas de coração, doenças metabólicas ou câncer.

Na maioria dos estudos anteriores, vegetarianos tiveram menor risco de morte precoce de todas as causas na análise não ajustada. No entanto, após o controle de outros fatores de estilo de vida, como os listados acima, a redução do risco, muitas vezes diminuiu significativamente.

Isso sugere que outras características além da abstinência da carne podem contribuir para uma melhor saúde entre os vegetarianos. Comportamentos mais saudáveis geralmente vêm acompanhado ao estilo de vida de um vegetariano, como não fumar, manter um peso saudável, se exercitar regularmente, o que ajuda a explicar a razão de os vegetarianos terem melhores resultados no quesito saúde do que os não-vegetarianos.

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