Mundo | 2 de julho de 2020

Vacina da Pfizer e BioNTech avança mas depende de estudos mais amplos

Pacientes que receberam a vacina produziram níveis mais altos de anticorpos
Vacina da Pfizer e BioNTech avança mas depende de estudos mais amplos

A vacina para a Covid-19, desenvolvida pela gigante farmacêutica Pfizer e pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech, teve os primeiros resultados divulgados de forma preliminar. Os dados demonstram que a vacina tem potencial para ser usada como proteção ao novo coronavírus. As empresas alegam que vacina conseguiu gerar anticorpos contra o SARS-CoV-2 – vírus causador da Covid-19. Alguns desses anticorpos neutralizaram o vírus. Os primeiros dados clínicos da vacina foram divulgados na quarta-feira (01/07) em um artigo divulgado no medRXiv, repositório onde são publicados artigos que antecipam a publicação em uma periódico científico – o que significa dizer que ele ainda não foi revisado por outros especialistas.

Objetivo mínimo para qualquer vacina: 50% de eficácia

Para provar a eficácia, a Pfizer/BioNTech precisará realizar grandes estudos para atestar que as pessoas que receberam a vacina terão pelo menos 50% de chances de eficácia na prevenção da doença – padrão mínimo adotado pelo FDA (agência reguladora dos EUA) para aprovar uma vacina.

Esses estudos devem começar em breve, a maior parte com voluntários dos Estados Unidos. A Pfizer e a BioNTech estão testando quatro versões diferentes da vacina, mas apenas uma avançará para estudos maiores.

Estudo

O estudo designou aleatoriamente 45 pacientes para receber uma das três doses da vacina ou placebo. Doze receberam uma dose de 10 micrograma (0,001 miligramas), 12 uma dose de 30 microgramas (0,03 miligramas), 12 uma dose de 100 microgramas (0,1 miligramas) e nove um placebo. A farmacêutica anunciou que pacientes que receberam a vacina (chamada BNT162b1) produziram níveis mais altos de anticorpos para Covid-19, após 28 dias.

Efeitos colaterais leves

Nenhum dos efeitos colaterais identificados foram considerados graves: não resultaram em hospitalização ou incapacidade, tão pouco apresentaram risco de levar a óbito. Segundo a Pfizer, a vacina tem capacidade de provocar uma resposta imune e demonstra ser segura mesmo em diferentes doses.


“Ainda temos um caminho a percorrer e também estamos testando outros candidatos”, disse Philip Dormitzer, diretor científico de vacinas virais dos laboratórios de pesquisa da Pfizer. “No entanto, o que podemos dizer neste momento é que há um candidato viável com base em dados de segurança de imunogenicidade e tolerabilidade precoce.”


Uma aplicação de reforço se mostrou necessária para possibilitar imunidade. Os pacientes que receberam a dose única (de 100 microgramas) apresentaram níveis mais baixos de anticorpos do que aqueles que receberam duas doses mais baixas, segundo o site Stat.

Vacinas começam a entrar na fase mais importante

Após mais de seis meses do aparecimento do primeiro caso, ao todo 14 vacinas estão na fase de ensaios clínicos (última fase de 3, a dos ensaios clínicos, em humanos), de acordo com o Instituto Milken. Nesta lista estão as apostas de laboratórios como Inovio, Cansino, AstraZeneca e Moderna. Em breve, são esperados mais candidatos de empresas como Merck, Johnson & Johnson e Sanofi. No total, 178 vacinas estão em diferentes estágios de desenvolvimento.

A vacina da Pfizer/BioNTech, assim como a vacina da Moderna, é baseada em uma tecnologia chamada RNA mensageiro (RNAm). Esta vacina “informa” às células como produzir a proteína de pico do coronavírus. Como o vírus normalmente usa essa proteína como chave para desbloquear e controlar as células pulmonares, a vacina pode treinar um sistema imunológico saudável para produzir anticorpos para combater uma infecção. A tecnologia também tem a vantagem de ser mais rápida e mais estável do que as vacinas tradicionais, que usam cepas de vírus enfraquecidas.

Covid-19: Pfizer e BioNTech iniciam testes de vacina em humanos

 



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