Produtos químicos e raios UV bloqueia a transmissão de superbactérias em hospitais
Desinfetante de amônio quaternário e UV são mais eficazes, diz estudo americanoEstabelecimentos de saúde mantêm constante batalha contra organismos resistentes aos medicamentos, como o Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina (MRSA), que pode permanecer em superfícies mesmo depois dos quartos dos pacientes serem limpos, o que gera risco de novas infecções, às vezes letais.
Um novo estudo da Duke Medicine (foto) evidenciou que o uso de uma combinação de produtos químicos e luz UV para limpar quartos de pacientes, corta a transmissão de quatro grandes superbactérias em cerca de 30%, entre um grupo específico de pacientes – aqueles que passam a noite em um quarto onde antes havia um paciente infectado por uma superbactéria.
Este grupo de pacientes representou cerca de 5% dos mais de 600 mil pacientes em todo os hospitais do estudo. Os pesquisadores da Duke Medicine apresentaram os resultados no ID Week, reunião anual de especialistas em doenças infecciosas de todo o mundo, realizada em San Diego (EUA), em outubro. O estudo randomizado foi realizado em nove hospitais do sudeste norte-americano, entre 2012 e 2014.
O teste estudou como três métodos de limpeza afetaram a transmissão de quatro superbacterias: MRSA, enterococos resistentes à vancomicina (VRE), C. difficile e Acinetobacter. “Alguns são resistentes e podem viver no ambiente o tempo suficiente para que, mesmo após um paciente infectado receber alta e o quarto ser limpo, o próximo paciente possa ficar exposto”, alertou o médico J. Anderson Deverick , especialista em doenças infecciosas da Duke Medicine e investigador principal do estudo. “Vários grupos têm demonstrado que estratégias reforçadas de limpeza, como a utilização de máquinas portáteis de raios UV pode matar esses germes, mas este é o primeiro estudo controlado que mostra como essas técnicas podem fazer diferença significativa na evolução dos pacientes”.
O método padrão de limpeza para sala envolve a utilização de um desinfetante de amônio quaternário, ou “quat”. Os hospitais participantes utilizaram três métodos para matar os germes: irradiar o ambiente com UV depois de usar um quat; substituindo o quat por água sanitária; e substituindo o quat por lixívia e irradiando a sala com luz UV. Os investigadores descobriram que a estratégia mais eficaz foi a prosseguir com a desinfecção padrão com quat, seguida por um ciclo de 30 a 50 minutos com uma máquina de irradiação UV portátil.
“A equipe precisa abrir gavetas, portas do banheiro, passar a máquina no centro da sala”, disse Anderson. “A luz UV funciona graças a propriedades da reflexão, matando organismos mesmo nas sombras, se houver espaço para a luz refletir. A luz interrompe o DNA desses germes e os mata”, explicou o especialista.
No subgrupo específico de pacientes que foram estudados, o método resultou em uma redução de quase ⅓ (um terço) em infecções relacionadas às quatro superbactérias, e também no desenvolvimento de infecções nos três meses seguintes. “Este estudo fornece fortes evidências de que a melhora na limpeza do ambiente pode ajudar a reduzir a transmissão de bactérias perigosas para um grupo específico de pacientes de risco”, considerou o Dr. John A. Jernigan, especialista em infecções associadas aos cuidados de saúde dos Centros de Controle de Doenças e Prevenção (Centers for Disease Control and Prevention – CDC), dos EUA.
“Os resultados representam um passo importante na compreensão do papel do ambiente hospitalar na transmissão de infecção, mas ainda temos muito a aprender sobre o impacto que este tipo específico de intervenção terá para toda a população de pacientes hospitalizados”, concluiu Dr. Jernigan.