Estatísticas e Análises, Gestão e Qualidade | 19 de janeiro de 2021

Saúde Suplementar segue tendência de aumento no número de beneficiários, mesmo com desemprego em alta

Efeito “Covid” tem ajudado na recuperação do setor e terá impacto no movimento de fusões e aquisições
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A Saúde Suplementar vem observando aumento no número de beneficiários, mesmo em meio ao recorde de desemprego alcançado em 2020 no Brasil. De acordo com o IBGE, Em novembro houve um aumento de 2% (13,8 milhões) em relação a outubro, chegando a 14 milhões de desempregados, aumento de 2% frente a outubro. Desde maio o país verificou 38,6% de aumento (10 milhões), quando começou a série da pesquisa. Na contramão do desemprego, a  Saúde Suplementar vem apresentando evolução mensal de beneficiários em planos médico-hospitalares, desde de junho de 2020. Já são 47,6 milhões de beneficiários em planos de assistência médica e seis meses seguidos de alta. No início da pandemia, especialistas temiam que o aumento do desemprego afastaria ainda mais as pessoas da saúde suplementar. Porém, esta previsão não se confirmou.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em seu último boletim divulgado no dia 19 de janeiro, o número preliminar de beneficiários em planos de assistência médica registrado em dezembro segue a tendência de crescimento que vinha sendo observada nos meses anteriores e consolidada a partir de julho.


“O setor fechou o ano com 47,6 milhões de beneficiários em planos de assistência médica – um aumento de mais de 560 mil usuários em relação a dezembro de 2019 (1,18%) e de 178,9 mil (0,4%) em relação a novembro de 2020” diz em nota a agência reguladora.

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De março a dezembro, o aumento ocorreu em todas as modalidades de contratação do plano, sendo que o maior percentual foi verificado nos coletivos por adesão (2% a mais em relação a março). A taxa de crescimento do número de beneficiários idosos (acima de 59 anos) se manteve positiva entre os planos coletivos. Já no caso dos beneficiários da faixa etária até 59 anos, foi observada a primeira variação positiva nos planos individuais desde julho.

Desemprego e o efeito “Covid”

O desemprego sempre foi um dos motivos apontados para a diminuição no número de beneficiários de planos de saúde, médicos e odontológicos. Porém, com a pandemia esta “verdade” foi posta à prova. O que explica esta “anomalia”, sem dúvida é o que podemos chamar de efeito “Covid”, que pode ser traduzido pelo medo causado pelo coronavírus na população, principalmente diante de noticiários que demonstram o caos na saúde pública, salvo algumas exceções, é preciso reconhecer. A falta de insumos, pacientes nos corredores, o descaso e a desorganização dos governos criou um entendimento coletivo de que a saúde pública não teria condições de atender a todos. O caso do estado do Amazonas é o exemplo máximo que ajuda a explicar este sentimento.


Ao portal Setor Saúde, Cláudio Allgayer, o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) e da Organização Nacional de Acreditação (ONA), entidade responsável por certificar hospitais públicos e privados que comprovem qualidade de gestão, assistência e segurança do paciente, faz algumas considerações sobre o fenômeno. “No imaginário das pessoas, é preferível ter o máximo de opções neste momento. Se o SUS não tiver vaga, vou no privado. Se o privado não estiver com leitos disponíveis, vou para o SUS ou me desloco para hospitais de cidades próximas que fazem parte da minha rede credenciada”, entende.

Para Allgayer, os hospitais foram forçados a melhorarem a gestão interna e a segurança assistencial virou necessidade número um para os pacientes. “Os hospitais que já faziam bem o seu trabalho, não tiveram grandes problemas e viraram sonhos de consumo. As pessoas começam a entender que saúde de qualidade não se encontra em qualquer esquina. Ter um maior número de opções e saber quais os hospitais estão mais preparados deve fazer parte do planejamento de toda família. Mesmo com o desemprego em alta, as pessoas e as empresas estão fazendo todo o esforço necessário para ter um plano de saúde. E mais do que isto, buscam saber quais hospitais da rede credenciada são acreditados e apresentam níveis elevados de qualidade assistencial e segurança do paciente.”


Um setor em ebulição: fusões e aquisições

A pandemia também tem impactado consideravelmente o movimento de fusões e aquisições na saúde suplementar. Os dados de aumento de beneficiários também ajudam a explicar o interesse de grandes grupos econômicos em hospitais e operadoras, através de fusões e aquisições.


“As fusões e aquisições na saúde darão um grande impulso na economia brasileira em 2021. A busca pelo ganho em escala e controle de custos têm gerado uma série de movimentos neste sentido. Outro fator a ser levado em conta é o valor do dólar. Os ativos estão relativamente baratos para os investidores internacionais. A volta dos beneficiários ao sistema suplementar favorece ainda mais este cenário.”, analisa Allgayer.


O setor da saúde nacional começou 2021 com o forte impacto gerado pela notícia da negociação que pode criar uma gigante na saúde suplementar. Duas das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, a Hapvida e a NotreDame Intermédica, estão avaliando a possibilidade de se unirem. Se a fusão ocorrer de fato, será uma das maiores empresas de plano de saúde do mundo.

Além disso, a Dasa anunciou mais uma aquisição: o Innova Hospitais Associados de São Paulo, por valor ainda não informado. No mês passado, o Grupo Dasa havia anunciado a aquisição da rede de hospitais Leforte, em São Paulo, por R$ 1,77 bilhão. A operação compreende oito ativos, incluindo os hospitais Leforte Morumbi, Leforte Liberdade e Hospital e Maternidade Christovão da Gama, além de clínicas gerais e uma especializada em pediatria. Em dezembro, comprou o Grupo Exame, do Rio Grande do Sul.

Em dezembro, o maior grupo hospitalar do Brasil, a Rede D’Or São Luiz levantou o 3º maior IPO (sigla em inglês para Oferta Pública Inicial) da história no Brasil, em R$ 11,39 bilhões, estreando na bolsa de valores com preço estimado em R$ 115 bilhões, tornando-se a 10ª companhia mais valiosa da Bolsa de Valores. O grupo busca expandir seus negócios em um grande plano de aquisições de hospitais pelo Brasil.



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