Gestão e Qualidade | 12 de janeiro de 2021

Fusão da NotreDame Intermédica e Hapvida e compra de hospital pela Dasa movimentam mercado

Criação de gigante da saúde suplementar pode movimentar até R$ 118 bilhões
Fusão da NotreDame Intermédica e Hapvida e compra de hospital pela Dasa movimentam mercado

O setor da saúde nacional começa 2021 com o forte impacto gerado pela notícia da negociação que pode criar uma gigante na saúde suplementar. Duas das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, a Hapvida e a NotreDame Intermédica, estão avaliando a possibilidade de se unirem. Se a fusão ocorrer de fato, será a maior empresa de plano de saúde do mundo. Além disso, a Dasa anunciou mais uma aquisição: o Innova Hospitais Associados de São Paulo, por valor ainda não informado. Nos últimos sete meses, a Dasa duplicou a quantidade de hospitais em todo o País, passando de seis para doze unidades (veja no final da matéria). O ano promete sedimentar a consolidação da verticalização e a formação das grandes redes de saúde no Brasil.

NotreDame Intermédica e Hapvida: um negócio de R$ 118 bilhões

A companhia combinada tem valor de mercado de R$ 118 bilhões, tornando-se uma das maiores operações de verticalização no mundo, com 13,5 milhões de beneficiários nas duas operadoras. Na segunda-feira (11), conforme o site Info Money, as ações das duas empresas tiveram uma expressiva alta, com os ativos da Hapvida acumulando ganhos de 27,72% e da NotreDame Intermédica saltando ainda mais, 39,45%. Com isso, o ganho de valor de mercado em dois pregões foi de R$ 32,5 bilhões desde o anúncio da potencial transação e o valor de mercado somado chegou a R$ 129,4 bilhões.

A Hapvida, originária do Ceará, afirma que apresentou a proposta não vinculante ao conselho de administração da NotreDame Intermédica, que avaliará as condições propostas. Segundo fontes consultadas em publicação no jornal Valor Econômico, a Intermédica deve tentar negociar algumas melhorias como um aumento do prêmio por ação e maior equilíbrio no número de conselheiros de cada uma das empresas. Na atual proposta, o prêmio é de 10% e o conselho seria formado por nove integrantes, sendo cinco indicados pela Hapvida, dois pela Intermédica e outros dois independentes.

A proposta apresentada pela operadora do Ceará contempla um prêmio de 10% nas ações da Intermédica, considerando a média do preço do papel nos últimos 20 dias. A transação envolve troca de ações, com os acionistas da Hapvida passando a deter 53,1% e os sócios da Intermédica com uma fatia de 46,9%. A família Pinheiro, que controla a Hapvida, reduz sua participação de 70% para 37,6%, mas ainda assim continua como maior acionista do grupo.


A NotreDame informou, em comunicado, que recebeu, no dia 8 de janeiro, questionamento apresentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a possível fusão. “A Companhia [NotreDame] esclarece o seu entendimento de que a manutenção em sigilo da existência da proposta era, na sua avaliação, no interesse social e que esta não deveria ser objeto de divulgação voluntária, em razão de seu caráter não vinculante e, ainda, por estar sujeita à avaliação e, potencialmente, negociação pela administração da Companhia, de forma que a combinação de negócios mencionada na notícia é incerta. A Companhia manterá o mercado e os acionistas informados acerca dos eventuais desdobramentos da referida proposta”, informou a NotreDame em comunicado no dia 9 de janeiro.


A Hapvida lançou um documento sobre o projeto de companhia combinada. De acordo com o documento, a fusão das operadoras possibilitaria rede própria em 18 estados e possibilidade de alcance de 87% dos beneficiários de planos privados no país.

A companhia combinada contemplaria 84 hospitais, 280 clínicas, 257 unidades de diagnóstico e mais de 13 milhões de beneficiários (8,3 milhões de beneficiários de assistência médica e 5,2 milhões de beneficiários odontológicos). A Hapvida também destaca que a posição geográfica de ambas as operadoras no Brasil se complementaria com a fusão.

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Ainda, a Hapvida salienta que o novo grupo poderia oferecer produtos acessíveis, de alta qualidade e mantendo a lucratividade. A operadora destaca que os tickets médios das duas gigantes são mais baixos que o das concorrentes: mensalidades de R$ 182 da Hapvida e R$ 220 da Notre Dame – o valor médio do convênio na Unimed é R$ 395, na Amil é de R$ 483, na Bradesco atinge R$ 597 e na SulAmérica é de R$ 625. Além disso, com menor sinistralidade do que as concorrentes (60,7% da Hapvida e 72,3% da NotreDame), e com menor índice de reclamações em comparação com as grandes concorrentes (3,21 reclamações por 10 mil beneficiários da Hapvida, e 5,34 reclamações por 10 mil beneficiários da NotreDame).

hapvida notredame

De acordo com a Hapvida, há quatro sinergias que a companhia combinada buscaria:

1 Venda cruzada de planos corporativos em regiões atualmente atendidas por uma das empresas


2  Potencial para reduzir a sinistralidade, aprimorando protocolos com as melhores práticas


3 Alavancar a rede própria com a oferta de serviços a terceiros


4 Eliminação da duplicidade nas despesas gerais e administrativas

O documento completo pode ser conferido neste link.


Hapvida deseja ofertar planos individuais em praças de atuação da NotreDame

A Hapvida pretende ofertar plano de saúde individual nas praças onde a NotreDame Intermédica tem presença. A operadora paulista atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina.

“Temos experiência de mais de 30 anos com plano individual. Temos metodologia, protocolos, adotamos muita tecnologia [para acompanhar a sinistralidade]”, disse Jorge Pinheiro, presidente da Hapvida, que realizou na tarde desta segunda-feira teleconferência para analistas e investidores. “Teremos a oportunidade de oferecer um plano individual com rede própria no país”, complementou.

Questionado se pretende atuar com públicos de maior renda, Pinheiro disse que seu foco continua sendo convênio médico acessível, mas “vai aproveitar a atuação da Intermédica em públicos de maior renda”. Parte dos clientes da NotreDame é atendida com rede credenciada.

O que se prevê é que a fusão facilite a expansão para regiões onde as empresas ainda não possuem uma rede consolidada, como é caso do Rio Grande do Sul. Em 2019, a NotreDame iniciou a abertura deste caminho com a aquisição do grupo LifeDay, por R$ 70 milhões.


Grupo Dasa adquire 100% da Innova Hospitais Associados

O Grupo Dasa (DASA3) comunicou ao mercado que concluiu, por meio de sua controlada Ímpar Serviços Hospitalares, a aquisição da Innova Hospitais Associados, de Diadema (SP). O valor da operação não foi divulgado. Segundo ata da reunião do Conselho, a Dasa concluiu a compra de 100% das quotas representativas do capital total da Innova.

“A Innova está focada na prestação de serviços médicos hospitalares de média e alta complexidade compreendendo internação, UTI, serviços ambulatoriais, cirúrgicos e de diagnóstico por imagem e laboratorial”, informou o comunicado do grupo.

No mês passado, o Grupo Dasa havia anunciado a aquisição da rede de hospitais Leforte, em São Paulo, por R$ 1,77 bilhão. A operação compreende oito ativos, incluindo os hospitais Leforte Morumbi, Leforte Liberdade e Hospital e Maternidade Christovão da Gama, além de clínicas gerais e uma especializada em pediatria. Em dezembro, comprou o Grupo Exame, do Rio Grande do Sul.

Nos últimos sete meses, a Dasa duplicou a quantidade de hospitais em todo o País, passando de seis para doze unidades. Além da aquisição do Leforte, o grupo anunciou a inauguração do Hospital Águas Claras, em Brasília, e o acordo para aquisição do Grupo Carmo, que reúne dois hospitais na cidade do Rio de Janeiro.

Para Pedro Bueno, presidente do grupo, operação faz parte da estratégia de maior engajamento dos pacientes do grupo, e que está relacionado ao foco na prevenção e cuidado da saúde.

A aquisição pela Dasa da rede Leforte ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e por outras entidades regulatórias. A composição acionária do grupo não sofrerá alterações.

Com informações da Hapvida, Notredame Intermédica, InfoMoney, Valor Econômico e Suno Research. Edição do Setor Saúde.



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