Estatísticas e Análises | 18 de agosto de 2017

Poluentes e agrotóxicos aumentam risco de câncer de mama

Adoção de estratégias nutricionais tende a reduzir aparecimento da doença
Poluentes e agrotóxicos aumentam risco de câncer de mama

A relação de poluição, agrotóxicos e produtos industrializados no aumento do risco de câncer de mama foi tema de aula na manhã de terça-feira, 15, no Hospital Moinhos de Vento.

Conforme a mastologista Michela Fauth Marczyk, do Núcleo Mama Moinhos, 12% das mulheres desenvolverão câncer de mama. Dentro dessa parcela, a maior parte (73%) está associado ao estilo de vida e ao ambiente. Assim, alguma medida pode ser adotada para reduzir o aparecimento da doença.

Sistema endócrino

A partir de estudos científicos, acrescenta Michela, comprovou-se que substâncias químicas alteram o sistema endócrino, resultando no aumento da incidência de câncer de mama, por exemplo.

Essas substâncias agem com “desreguladores endócrinos” e podem danificar diretamente um órgão, alterar a função ou interferir na produção, secreção e metabolismo. Tendem ainda a ter uma ação agonista, mimetizando a ação do hormônio, ou o efeito antagonista, não desencadeando nenhuma resposta.

Tipos de poluentes

As substâncias prejudiciais são classificadas como poluentes de curta duração e poluentes persistentes. De curta duração, por exemplo, são filmes plásticos, frequentemente utilizados para embalar alimentos, a resina encontrada na parte interna de latas de conserva e o papel/papelão utilizado em alimentos congelados, como embalagens de lasanhas. Na categoria dos persistentes estão os pesticidas.

“ A presença deles em organismos humanos está muito relacionada ao aumento do câncer de mama e de próstata” afirma a mastologista.

“ O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. Isso dá o equivalente a 5,2 kg de veneno agrícola por habitante por ano. Os agrotóxicos são aplicados com baixo controle e em grande quantidade. Isso é muito grave” acrescenta a médica.

Levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentado na aula mostra que análise feita em alimentos constatou agrotóxico acima do permitido pela legislação brasileira em 67% das amostras.

“ E o limite já é muito alto no Brasil” informa a nutricionista Paloma Tusset.

Alternativa: agroecologia

A produção de alimentos por meio da agroecologia começa a despontar como uma opção de consumo para escapar do contato com agrotóxicos.

“ Consumidores de produtos orgânicos tendem a ter peso corporal mais baixo, independentemente de outros fatores, aponta estudo” relata Paloma.

O excesso de peso está fortemente associado a 13 tipos de câncer.

“ Não vamos conseguir excluir todas as fontes de risco, então precisamos diminuir o consumo das que apresentam potencial” destaca a nutricionista do Núcleo Mama.

Além disso, é preciso aumentar a desintoxicação hepática.

“ Como é muito difícil escapar do contato com agrotóxicos, o que a gente pode fazer para melhorar a saúde? Aumentar o aporte de nutrientes e diminuir as principais fontes. Não precisa comer carne e tomar leite todos os dias, por exemplo. E pode se trocar um pão branco por um pão integral” ensina.

A nutricionista enfatiza que o ciclo de desintoxicação só se completa com a ingestão de água.

Ainda na palestra, Paloma mostrou estimativa apontando que 28% de casos de câncer de mama podem ser evitados por alimentação correta, nutrição, atividade física e peso adequado.

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