Pandemia acelera inovações e novas tecnologias para a área da saúde
Cristiano Englert, da Grow+, participou de Live promovida pela Fasaúde/IAHCSO papel de novas tecnologias na saúde, o crescimento de startups e as novas soluções apresentadas ao setor foram tema trazidos pela Faculdade de Tecnologia em Saúde (Fasaúde/IAHCS) na Live Saúde: Inovação e Empreendedorismo, com o cofundador e diretor de Marketing da aceleradora Grow Plus Ventures/Grow+, Cristiano Englert. A transmissão foi comandada pelo coordenador de pós-graduação da Fasaúde/IAHCS, doutor em epidemiologia, professor Paulo Petry.
Englert é médico anestesiologista e empreendedor em tecnologia, atuando como cofundador da aceleradora Grow e o programa de aceleração HealthPlus, vertical para startups da saúde. De acordo com ele, a pandemia fez com que a demanda por novas tecnologias tenha acelerado o processo de crescimento de soluções como a telemedicina.
“Estamos vendo startups entrando nesse mercado [da saúde], com um crescimento exponencial. Vimos tecnologia à distância, wearables, tecnologias para facilitar os processos, para facilitar o diagnóstico de pacientes com Covid-19, usando Inteligência Artificial, questionários e até mesmo a localização das pessoas para avaliar. Há startups de drones pulverizando ambientes, são vários os exemplos”, destacou.
Inovações em alta por conta da pandemia
O professor Petry questionou o quanto a pandemia está provocando grandes mudanças. “Eu costumo dizer que essa pandemia trouxe à tona muitas coisas que estavam adormecidas. Essa própria Live que estamos fazendo hoje, é algo que não se fazia, ou se fazia pouco. Algumas coisas estavam adormecidas. Achas que a necessidade de distanciamento nos obrigou a ativar coisas, e que essas startups e inovações cresceram também [em decorrência disso]? ”, questionou Petry.
Englert frisou que, assim como muitos setores, várias startups também sofreram com o momento atual pandemia. Mas, por outro lado, destacou que há exemplos de empresas que souberam se reinventar e que conseguiram “pivotar” para outros ambientes, ou seja, identificaram novas demandas e oportunidades e demandas e conseguiram ajustar o foco para mercados novos.
O palestrante apontou que, na área da saúde, a telemedicina traz mudanças profundas. Ele citou o caso de uma plataforma criada por um cardiologista para teleatendimentos gratuitos de pacientes com Covid, que teve 5 mil adesões em um mês. Ainda, foram citados duas startups que estão na Tecnopuc, uma que conecta médicos com pacientes e outra desenvolvida com enfoque na experiência do paciente.
Telemedicina
Seguindo o raciocínio sobre inovações que estavam adormecidas antes da pandemia, Petry apontou que a telemedicina também se encontrava nesse estágio, e passou a ganhar grande relevância nos últimos meses.
Englert salientou que, na verdade, a telemedicina já e uma prática antiga, de décadas, possibilitada principalmente por ligações telefônicas. Porém, o avanço das tecnologias fez a prática ganhar cada vez mais importância, atingindo com muita ênfase o usuário (paciente), que está cada vez mais empoderado.
O confundador da Grow+ citou que a telemedicina pode substituir muitos casos de consultas de pacientes que se deslocam em horas de viagem para procedimentos simples e que levam minutos para a resolução. “O CFM colocou no ano passado uma resolução para autorizar a telemedicina. A telemedicina já era autorizada de médico para médico como uma forma de consultoria de especialidades. A análise de exames também já era autorizada. Mas a consulta direta do médico com o paciente não era autorizada”, explicou.
Para ele, uma grande quantidade de atendimentos ainda será feita presencialmente, mas há muitas situações em que a telemedicina passará a vigorar com grande relevância, pelas vantagens oferecidas (consultas simples que precisam de grande deslocamento, consultas não emergenciais de idosos etc).
Segurança dos dados
Com o avanço das inovações trazidas por novas tecnologias na medicina e a digitalização de muitos processos, ocorre a preocupação com a segurança dos dados, como mencionado por Petry. “É importante, quando falamos sobre telemedicina, abordar a segurança dos dados do paciente”, salientou.
O convidado afirmou que, atualmente, há um nível muito satisfatório de segurança de dados nos processos digitalizados, e que a principal preocupação da área da saúde a respeito do tema seria justamente a falta de dados digitalizados e conectados nos sistemas de saúde.
“Temos que nos preocupar com os dados que não estão na nuvem, com dados que estão fechados, em uma ficha de papel muitas vezes, e não estão ao alcance do paciente. Observamos dados que não interagem entre hospitais distantes 200 metros um do outro. Isso é muito mais perigoso e nocivo aos pacientes do que a preocupação de que os dados poderão ser roubados” disse.
Englert ressaltou que o risco com um possível roubo de dados nunca vai ser zero, mas são muito pequenos atualmente, ressaltando que há muita segurança na proteção de dados. “A vantagem e o benefício dos dados estarem acessíveis de maneira mais rápida e eficiente é dez vezes maior do que um eventual risco de ter dados roubados”, frisou.
Atenção primária e novas tecnologias
Petry questionou sobre os impactos das inovações tecnológicas na atenção primária. De acordo com o confundador da Grow+, há vários exemplos de atuação de startups. Entre as atividades desenvolvidas, está a digitalização de prontuários, por exemplo. “A digitalização permite levar os processos digitais de modo mais rápido, eficiente, colocando tudo em dados”, disse.
O convidado ressaltou que, apesar de serem extremamente importantes na saúde, os dados não são utilizados e potencializados como poderiam, da atenção primária à terciária. Ele citou a falta de prontuários eletrônicos como exemplo de atraso no processo de digitalização no Brasil – de acordo com ele, no Brasil menos de 40% dos hospitais possuem os dados digitalizados.
“As novas tecnologias e startups são uma rua de terra que precisa ser pavimentada. Mas felizmente esse processo está acelerando. Nós, da Grow+, temos apoiado startups e empreendedores que pensem positivo, porque quem vê muito o problema, não vê a solução e a oportunidade em cima disso”, salientou.
Exemplos de novas tecnologias que estão gerando inovação
Englert apontou que tecnologias transversais estão fazendo a diferença e vão gerar cada vez mais inovações no setor da saúde, como Inteligência Artificial, realidade virtual, blockchain, entre outros exemplos.
Entre exemplos citados desse futuro que já chegou, o cofundador da Grow+ cita um programa para o ensino de Medicina que permite que o aprendizado da anatomia do corpo humano possa ser feito por meio da realidade virtual (e não apenas do tradicional ensino com um cadáver), um óculos desenvolvido pela Microsoft que permite uma visualização inteligente sobre as informações do paciente durante os procedimentos, e a implementação de cirurgia robótica, que já vem mudando a realidade de alguns hospitais há alguns anos.
Ele ressaltou que a Inteligência Artificial e o Machine Learning, que é o aprendizado de máquina, onde se ensina à máquina novas maneiras, são dois exemplos das maiores evoluções tecnológicas que serão observadas. “Há startups que trabalham com o conceito de replicar as perguntas que o médico faz para o paciente para chegar num diagnóstico. Se pensamos que a telemedicina vai ser a grande revolução, atendendo de um para um paciente, a Inteligência Artificial vai permitir que uma máquina atenda mais de mil pacientes”, salientou.
Englert apontou que a Inteligência artificial e a telemedicina vão mudar o mercado [da saúde]. “A radiologia e dermatologia são áreas muito avançadas nisso. É possível conseguir que a máquina identifiquei de modo igual ou melhor que o ser humano. Isso facilita diagnóstico, facilita avanços e permite ao médico fazer o que ele é melhor faz: que é ser humano, conseguindo atender o paciente da melhor forma. Toda a parte automática vai passar para a máquina, e vamos poder atender o paciente de forma muito mais humana”, enfatizou.
A reinvenção como sobrevivência
Englert pontuou que o Fórum Econômico Mundial, há cinco anos, elencou as três grandes capacidades para o futuro: resolver problemas complexos, capacidade de liderar e trabalhar com pessoas e ter criatividade para solucionar problemas e trazer novas soluções.
“Temos que desconfiar de quem é especialista em tudo. É um momento de incerteza em todas as áreas. A certeza é que devemos estar conectados como seres humanos. Temos que confiar na nossa intuição, no nosso lado criativo, isso é o mais importante e não podemos perder. Estar sempre aprendendo e podendo se reinventar, é o que observamos nas startups e que buscamos trazer para a saúde. Isso já não é necessidade, mas uma questão de sobrevivência”, finalizou.
Próxima Live: Desafios para a pesquisa em tempos de Covid
A oitava edição da Fasaúde Ao Vivo terá como convidada a coordenadora do grupo de pesquisa e pós-graduação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, professora Patrícia Prolla, em Live intitulada Desafios para a pesquisa em tempos de Covid. O evento ocorrerá no dia 22 de julho, quarta-feira, às 19h, novamente pelo instagram do professor Paulo Petry: @prof_paulo_petry.
Os debates têm o apoio da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA), Associação dos Hospitais do RS (AHRGS), Instituto de Acreditação Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS Acreditação) e Portal Setor Saúde.
Leia as matérias com a cobertura das lives já realizadas, com a participação de Robson Morales, Milton Berger, Salvador Gullo, Alex Mello, Fernando Torelly, José Carlos Calich e Jorge Bajerski.