Mundo | 5 de novembro de 2015

Organização Mundial de Saúde alerta sobre progressão de herpes

Cerca de dois terços das pessoas com menos de 50 anos tem herpes tipo 1
Organização Mundial de Saúde alerta sobre progressão de herpes

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou no dia 28 de outubro, no jornal científico Plos One, as primeiras estimativas globais sobre infecção pelo vírus do herpes tipo 1. Mais de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos, o equivalente a 67% da população, está infectada com o chamado HSV-1.

O vírus do herpes simples está classificado em dois tipos: HSV-1 e HSV-2. De acordo com a OMS, ambos são altamente infecciosos e incuráveis. O primeiro é transmitido principalmente por contato oral e, na maioria dos casos, causa herpes orolabial ou “feridas” ao redor da boca. O tipo 2 é quase totalmente transmitido sexualmente através do contato com a pele, causando herpes genital. As novas estimativas destacam, no entanto, que o HSV-1 também é uma causa importante de herpes genital.

Cerca de 140 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos estão infectadas com a infecção genital HSV-1, principalmente nas Américas, Europa e região do Pacífico Ocidental. Em janeiro, a OMS calculava que 417 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos estavam infectadas com o vírus HSV-2. As estimativas, juntas, revelam que mais de meio milhão de pessoas nesta faixa etária têm infecção genital causada pelos tipos 1 ou 2 do vírus.

O HSV-1 provoca normalmente feridas na boca em vez de lesões genitais, mas também está se tornando uma causa cada vez mais frequente de infecções genitais, principalmente nos países ricos. Isto se deve pela melhoria da higiene nesses países estar diminuindo as taxas de infecção durante a infância, aumentando os riscos de os jovens, no futuro, contraírem o vírus através de sexo oral.

O cálculo da agência mostra que, na região das Américas, 49% das mulheres e 39% dos homens com até 49 anos, tinham HSV-1 em 2012. Na África o problema é mais grave. No mesmo período de pesquisa, 87% das mulheres e dos homens com menos de 50 anos tinham o vírus. Na Europa, 69% das mulheres com menos de 50 anos de idade têm o vírus e 61% dos homens na mesma faixa etária.

O médico Emerson Lima, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, falou em entrevista à Rádio ONU sobre estimativas para o Brasil. A instituição calcula que a maioria dos brasileiros tem o vírus em estado dormente, quando não apresenta o sintoma clássico – ferimento na boca ou nas partes genitais. “Como o herpes não é uma doença de notificação compulsória, fica difícil ter dados fidedignos sobre a incidência e prevalência no Brasil. Acreditamos, sim, que há uma incidência bem alta, principalmente de contaminação, mesmo que o indivíduo não venha a desenvolver o herpes durante a sua vida, nós acreditamos que mais de 90% da população brasileira têm sim o vírus, que fica lá guardado. Muitas vezes, mesmo que ele venha a desenvolver, ele não é diagnosticado por acreditar que aquilo ali não é herpes”, declarou.

A diretora do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, Dra. Marleen Temmerman, ressaltou que o “acesso à educação e à informação sobre ambos os tipos de herpes e infecções transmitidas sexualmente são fundamentais para proteger a saúde dos jovens antes deles se tornarem sexualmente ativos”.

A OMS está trabalhando para acelerar o desenvolvimento de vacinas contra o HSV e microbicidas tópicos, e também em uma estratégia global para combate a doenças sexualmente transmissíveis, DSTs, incluindo o HSV-1 e o HSV-2. O objetivo é que propostas sejam finalizadas e divulgadas na 69ª Assembleia Mundial da Saúde, em 2016.

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