Você sabe o que é um sistema de gestão baseado na cocriação? Pois é dessa forma que o Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre (RS), é administrado desde 2009, onde ideias são pensadas e articuladas pelos executivos da organização e apresentadas aos seus públicos de interesse, por meio de workshops, para acompanhar a viabilidade de cada uma. É um trabalho realizado por várias mãos e que tem trazido resultados positivos ao Hospital.

A implantação desse modelo permite ao HMV se antecipar às demandas de atendimento de saúde, tanto aquelas provenientes da área pública quanto da privada. Neste sistema, o Hospital define as estratégias e depois apresenta aos públicos – pacientes e familiares, médicos, operadoras de planos de saúde, empresas, colaboradores e fornecedores – para verificar se as propostas atendem às expectativas de cada um deles. Com  o engajamento destes públicos, as propostas são aperfeiçoadas para cada tipo de target e depois implementadas.

Com o sistema, o HMV alcançou um crescimento de 20% ao ano, desde sua implantação. Além disso, a receita que em 2006 estava em um caixa negativo de R$ 60 milhões, fechou 2011 com um saldo positivo de R$ 313,3 milhões. E, em 2012, só de investimentos, a organização deve encerrar o ano com quase 50 milhões de reais aplicados.

AÇÕES

Entre as ações concretas da gestão de cocriação está a reformulação da Unidade Iguatemi para atender às expectativas e necessidades dos pacientes e demais públicos envolvidos; a construção do Hospital Restinga Extremo Sul, com atendimento inteiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso sem contar na valorização dos colaboradores por meio de programas de comunicação interna, estratégia utilizada para aproximar ainda mais esse público dos objetivos do sistema de gestão.

A nova maternidade do hospital, concluída em 2010, também foi inaugurada depois que o projeto foi apresentado às futuras mamães. Segundo Torelly, o projeto inicial precisou passar por adequações depois dos workshops com os públicos alvos, para que seus anseios e necessidades fossem colocados em prática. “As pacientes relataram que gostariam de um local com a segurança dos médicos e equipamentos de última geração porém mais acolhedor para receberem seus filhos”, relatou.

FUTURO

Para Torelly, a adoção da cocriação pelo segundo ciclo de planejamento estratégico consecutivo é o reflexo que o modelo apresentou resultados positivos para o Hospital.

“Muitos projetos foram definidos e enriquecidos por meio das ideias e sugestões apresentadas durante as discussões e workshops do sistema de cocriação. Se fossem definidos apenas pelos executivos do hospital, talvez não tivessem atingidos os objetivos que conquistaram”, defendeu o superintendente.

Uma das novidades para esta segunda etapa é o desenvolvimento de uma plataforma online para que os médicos possam dar contribuições e ideias durante todo o processo de elaboração do planejamento estratégico. A nova ferramenta permitirá uma maior participação e engajamento dos médicos do hospital e foi baseada em modelos adotadas por empresas como a marca de artigos esportivos Nike e a Starbucks, rede americana de cafeterias com lojas espalhadas por todo o mundo.

Segundo Torelly, essa plataforma eletrônica permitirá que o médico participe do processo de gestão de cocriação ao sugerir uma ideia que será votada pelos outros colaboradores do hospital. “É uma maneira de ter o engajamento também por meio eletrônico”, argumentou.

E a intenção do HMV não é parar por aqui com a cocriação. O próximo passo é transformar o Hospital em uma empresa cocriativa, com a participação cada vez maior dos públicos de interesse, mas também atendendo às expectativas de cada um deles. “Estamos sempre criando estratégias sustentáveis de crescimento e desenvolvimento da organização”, finalizou Torelly.